C6 Bank avança em crédito com garantia e mira lucro de R$ 2 bi no ano, diz CFO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Philippe Katz diz que o crédito consignado e o de veículos alavancam o resultado de maneira orgânica, com redução das provisões para perdas

Sede do C6 Bank na avenida Nove de Julho, no bairro dos Jardins, em São Paulo (Foto: Divulgação)
09 de Setembro, 2024 | 05:05 AM

Bloomberg Línea — O C6 Bank, que tem o JPMorgan Chase como sócio, projeta fechar o ano de 2024 com um lucro de R$ 2 bilhões, o primeiro em seus cinco anos de história, segundo o CFO do banco digital, Philippe Katz. De janeiro a junho, a instituição financeira já reportou R$ 969 milhões, o seu primeiro lucro semestral.

Em entrevista à Bloomberg Línea, Katz apontou como alavancas de crescimento duas modalidades de crédito com garantias, o financiamento de veículos e os empréstimos consignados, além de outras soluções digitais para pessoas jurídicas. Também destacou a receita com produtos para clientes de alta renda, como conta global e cartões com direito a benefícios como sala VIP em aeroporto e cashback.

“No ano passado, tivemos um prejuízo de R$ 670 milhões. Vamos conseguir uma boa reversão com a expectativa de terminar o ano de 2024 com um lucro em torno de R$ 2 bilhões”, afirmou o executivo, que está no C6 desde o início das operações em 2019.

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A carteira de crédito do C6 fechou o primeiro semestre com volume de R$ 47,95 bilhões, o que representou uma expansão de 25% na comparaçnao anual.

Katz explicou que o financiamento de veículos respondeu por 23% da carteira. É a segunda maior parcela do volume total, atrás apenas da concessão de empréstimos consignados (48%).

“Estamos crescendo de maneira orgânica na carteira auto. Contamos com a distribuição de terceiros”, disse o CFO.

Além do consignado e do financiamento de veículos, a carteira do C6 é composta ainda de crédito para pessoas físicas (20%), jurídicas (8%) e home equity (1%). Nessa última modalidade de empréstimo, o imóvel serve como garantia da operação, que permite ao cliente crédito em condições melhores.

“Não fazemos o crédito imobiliário tradicional mas o home equity. Esse mix de portfólio permitiu um crescimento natural de áreas com garantias atreladas. Hoje 78% de nossa carteira é com garantia, ante 73% em junho do ano passado”, afirmou Katz sobre a qualidade do portfólio.

A expectativa é que a carteira de crédito cresça para R$ 60 bilhões ao fim deste segundo semestre. O banco reporta uma base de cerca de 30 milhões de clientes.

Philippe Katz, CFO do C6 Bank

Inadimplência em queda e alavancagem operacional

Além da concessão de crédito, o C6 se beneficia da redução das despesas com PDD (provisões para devedores duvidosos) após um controle mais apurado dos modelos de risco para evitar uma escalada dos atrasos, um desafio que desafiou tanto os grandes bancos tradicionais do país como os digitais.

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Desde o fim de 2022, o C6 tem reportado uma queda da inadimplência, com o percentual de empréstimos com atraso de 90 dias ou mais passando de 5,3% para 3,1%. Na comparação anual, esse indicador teve uma redução de 1,2 ponto percentual no primeiro semestre.

“A ‘digestão’ da PDD está feita. O balanço está limpo. Estamos prontos para crescer”, disse o CFO.

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O executivo apontou ainda os esforços de controle de custos e melhora da eficiência como motores para a expansão da alavancagem operacional do banco e captação de mais clientes. A base de depósitos do C6 Bank cresceu 54% em 12 meses, de R$ 37 bilhões para R$ 57 bilhões.

Os frutos do trabalho para inibir a inadimplência começaram a ser colhidos no início do ano, quando o banco divulgou seu primeiro lucro trimestral da história, de R$ 460,9 milhões, entre janeiro e março. No segundo trimestre, o lucro líquido foi de R$ 508 milhões, alta de 10% em três meses.

“Em cinco anos, construímos um banco de varejo completo com receitas diversificadas e baixo custo que nos permite expandir exponencialmente nossa alavancagem operacional. O resultado de agora é a consequência natural disso”, resume o executivo.

A busca pela principalidade, ou seja, tornar-se o banco mais presente na jornada financeira do cliente, e pelo aumento do share of wallet (uma participação maior dos recursos dos clientes) são apontados pelo CFO como fatores que são um norte para a estratégia do C6.

“Trabalhamos para que o cliente use mais nossos produtos e serviços. Conforme vai aumentando a principalidade, é natural que se veja a receita crescendo”, disse Katz, que citou a venda de seguros como produto potencial para uma maior penetração do banco na carteira dos clientes.

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Hoje o C6 disponibiliza um portfólio de mais de 90 produtos, serviços e funcionalidades. Além de conta corrente, cartão, transferências e programa de pontos, o banco oferece uma conta global com saldo em dólar e euro e uma plataforma que permite investir em ativos no Brasil e no exterior.

O banco atua em oito áreas de negócio: pessoa física, pessoa jurídica, atacado, câmbio, veículos, home equity, consignado e corretora.

“Mesmo não cobrando tarifas, conseguimos aumentar a receita de serviços de R$ 572 milhões para R$ 847 milhões em 12 meses”, afirmou o CFO.

Quanto à tendência para os custos, ele apontou o dissídio dos bancários em setembro como a principal pressão. O banco não divulga o indicador de custo de servir. O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) foi de 58% no primeiro trimestre e de 56% no segundo.

“De maneira geral, os custos no banco estão sob controle e vão permanecer estáveis. Nosso grande foco é a alavancagem operacional. O dissídio em setembro mexe com o resultado, mas é marginal no todo”, avaliou.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.