Bloomberg — Os atuais administradores da exchange de criptomoedas FTX, que está em processo de recuperação judicial, processaram os pais do cofundador e ex-CEO Sam Bankman-Fried para “recuperar milhões de dólares transferidos fraudulentamente e desviados.”
A empresa acusa Allan Joseph Bankman e Barbara Fried de supostamente explorar seu acesso e influência dentro da FTX para “enriquecerem a si mesmos, direta e indiretamente, em milhões de dólares,” à custa dos devedores e credores, afirmou a FTX em uma petição judicial na segunda-feira. Os dois negam as acusações.
O império FTX de Bankman-Fried desmoronou em novembro passado em um caso que os promotores dizem ser um dos maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos. A FTX devia aproximadamente US$ 8,7 bilhões aos clientes quando entrou com o pedido de recuperação judicial e cerca de US$ 7 bilhões em ativos líquidos foram recuperados até agora.
Como ex-funcionário de uma entidade da FTX, Bankman deveria estar bem equipado, dada a sua experiência jurídica, para identificar irregularidades na empresa muito antes de sua rápida desintegração, alega o documento. E, em várias ocasiões, parece que ele optou por ignorar sinais claros de alerta.
Allan Bankman e Barbara Fried são renomados estudiosos do direito e lecionaram na Faculdade de Direito de Stanford. Bankman é especializado em impostos, enquanto a especialidade de Fried é ética.
“Esta é uma tentativa perigosa de intimidar Joe e Barbara e minar o processo de julgamento apenas dias antes do início do julgamento de seu filho”, afirmaram os advogados que representam Bankman e Fried em um comunicado. “Essas alegações são completamente falsas.”
Apesar de “saberem ou ignorar flagrantemente” que a FTX estava insolvente ou à beira da insolvência, Bankman e Fried discutiram com Bankman-Fried a transferência para eles de um presente em dinheiro de US$ 10 milhões e uma propriedade de luxo de US$ 16,4 milhões nas Bahamas, de acordo com o documento. O casal também “pressionou por dezenas de milhões de dólares em contribuições políticas e filantrópicas.”
A acusação diz que Bankman parecia estar muito ciente do risco de falência da empresa, de acordo com o documento. Ele iniciou conversas sobre como garantir que os ativos, incluindo residências principais, estivessem protegidos da falência um ano antes da FTX entrar em processo de recuperação judicial.
Embora Bankman-Fried tenha afirmado que seus pais “não estavam envolvidos em nenhuma das partes relevantes” do negócio, o Grupo FTX se descreveu ao longo dos anos como um “negócio de família”, de acordo com o documento. E nos meses que antecederam a insolvência da empresa, o papel de Bankman pareceu se tornar ainda mais envolvido.
O documento inclui detalhes sobre gastos extravagantes, principalmente por parte de Bankman, que foi empregado pela FTX Philanthropy a partir de 2021, de acordo com os documentos judiciais. Em uma ocasião, ele deu a um ex-aluno de direito uma “viagem gratuita à França”, que incluiu ingressos para o Grande Prêmio de Fórmula 1, custando vários milhares de dólares.
Embora Fried não tenha sido formalmente empregada pela exchange de criptomoedas, ela também tinha influência sobre as finanças da empresa. O processo descreve-a como a “assessora mais influente” sobre seu filho e as contribuições políticas da FTX. Como prova disso, ela fez com que Bankman-Fried doasse milhões para um grupo de ação política que ela co-fundou, conforme mostram os documentos judiciais.
A ação é denominada Alameda Research LLC, et al. contra Allan Joseph Bankman e Barbara Fried, 22-110678, Tribunal de Falências dos EUA para o Distrito de Delaware.
-- Com colaboração de Jonathan Randles e Jeremy Hill.
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