Bloomberg Línea — O uso de ferramentas de inteligência artificial por funcionários é um assunto delicado em algumas companhias. Gigantes como a Apple (AAPL), Goldman Sachs (GS) e o Citigroup (C) proibiram o uso de sistemas de IA generativa como o ChatGPT, por exemplo. Em outras empresas, a política não é clara, mas há indicação da gestão para evitar o uso.
No Brasil, 35% das empresas ainda não possuem uma política definida sobre o uso da tecnologia, mas estão em processo de criação, sendo o setor bancário e de finanças os líderes na busca pela implantação dessas regras, seguidos pelas consultorias.
Além disso, 49% das empresas permitem o uso de chatbots com pouca ou nenhuma restrição, enquanto 23% proíbem o uso. Os setores bancário, finanças e energia são os mais restritivos. Os dados fazem parte de uma pesquisa da Charles River Associates (CRAI), feita com 305 executivos de mais de 13 setores empresariais.
Segundo Cynthia Catlett, VP responsável pela operação da Charles River Associates no Brasil, apesar de a maioria dos respondentes acreditar que o impacto da IA é positivo, ainda existem algumas ressalvas.
“Cerca de 25% dos respondentes não se sentem seguros para utilizar a IA com informações confidenciais, especialmente entre aqueles na faixa etária de 46 a 55 anos. Além disso, 22% não consideram a IA uma fonte confiável de informações, com predominância no setor de consultoria”, afirma.
A pesquisa indica que, dentre os respondentes, os homens se sentem mais confortáveis em usar chatbots no mercado de trabalho, com 65% deles tendo uma percepção positiva sobre o impacto que os chatbots de inteligência artificial podem causar no ambiente de trabalho, enquanto 48% das mulheres compartilham essa visão.
Mesmo usando a IA, 35% dos respondentes ainda têm dúvidas quanto ao impacto que os chatbots de inteligência artificial podem causar no ambiente de trabalho. Entre os que ainda possuem dúvidas, 60% são mulheres, enquanto 40% são homens.
Independentemente de gênero, as faixas etárias de 36 a 55 anos apresentam a maior proporção de dúvidas quanto ao benefício ou maleficio da ferramenta, lideradas pelos setores de consultoria, saúde e tecnologia.
“As principais áreas de impacto mencionadas são a melhoria da qualidade de vida e o impacto financeiro. Um dos respondentes, informou que a empresa em que trabalha realizou automação de tarefas de algumas atividades repetitivas, que resultou na substituição de empregos por sistemas de IA e robôs. Outro respondente entende que a IA pode ajudar os funcionários a realizar tarefas de maneira mais eficaz, liberando tempo para atividades mais estratégicas e produtivas. Isso pode aumentar a produtividade geral da equipe”, diz Catlett.
Aqueles que enxergam malefícios nas ferramentas de inteligência artificial citam pontos como a falta de confiança que elas oferecem. Para 22% dos executivos, a IA não é uma ferramenta confiável, de acordo com o estudo.
“Alguns respondentes mencionaram que já se utilizaram de dados obtidos nos chatbots que apresentavam percentuais e resultados inexistentes/falsos, que foram fornecidos pela ferramenta somente a título de exemplificação e essa menção não estava clara”, afirma.
Um quarto (25%) também diz que não se sente seguro para utilizar a IA com informações confidenciais, especialmente aqueles entre 46 a 55 anos. Para Catlett, isso também “envolve preocupações com a confidencialidade de informações sensíveis”.
“As pessoas temem que esses sistemas, ao processar informações fornecidas em conversas, possam inadvertidamente expor ou compartilhar dados confidenciais, o que poderia ter implicações de segurança e privacidade. A preocupação com a proteção de informações sensíveis é compreensível, e é importante que os desenvolvedores e usuários dessas tecnologias estejam cientes dessas preocupações e adotem medidas rigorosas de segurança, criptografia e gerenciamento de dados para mitigar esses riscos e garantir a proteção das informações confidenciais”, diz.
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