Petrobras nega decisão sobre vale-gás a famílias vulneráveis

Após Bolsonaro dizer que estatal tem R$ 3 bi para benefício, estatal envia à CVM esclarecimento dizendo estar “sensível” ao impacto social do GLP

Aumento dos preços do botijão de gás, um dos vilões da inflação no Brasil e foco de desgaste político para o governo federal, enseja debate sobre adoção de subsídios
01 de Agosto, 2021 | 01:46 PM

São Paulo — A Petrobras informou que está “sensível” ao impacto social do gás de cozinha (GLP), cujo preço do botijão de 13 kg chega ao consumidor na casa de R$ 100 em algumas das regiões mais pobres do país, mas informou que “não há definição” quanto à implementação de eventuais programas voltados às famílias vulneráveis, como sugeriu o presidente Jair Bolsonaro, na última semana.

O chefe do Executivo Federal disse que o governo estuda lançar um programa voltado para a compra de gás pela população mais carente e que a Petrobras tem R$ 3 bilhões para bancar o benefício.

“O novo presidente da Petrobras, o [Joaquim] Silva e Luna, está com uma reserva de aproximadamente R$ 3 bilhões para atender realmente esses mais necessitados. Seria um vale-gás, seria o equivalente -no que está sendo estudado até agora- a um bujão de graça a cada dois meses”, disse o presidente, em entrevista ao Programa do Ratinho, do SBT, gravado na tarde de quinta-feira (29), segundo relato do jornal Folha de S.Paulo.

Dividendos

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Na noite de ontem, a estatal enviou um comunicado de esclarecimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em que, sem citar a fala da presidente, comenta “notícias veiculadas na mídia”.

“Como resultado de sua estratégia e seu compromisso de geração de valor, já distribuiu, no ano de 2021, R$ 10,3 bilhões em dividendos, sendo desses, R$ 3 bilhões destinados ao seu acionista controlador. Além disso, de janeiro a junho de 2021, sua contribuição à sociedade brasileira, na forma de tributos pagos pela Companhia e retidos de terceiros, foi de R$ 76,7 bilhões, montante R$ 14,1 bilhões superior ao mesmo período de 2020”, cita a Petrobras.

No comunicado, a estatal relaciona ainda suas ações voltadas à área de responsabilidade social, destacando cinco pontos: ações de promoção do desenvolvimento da primeira infância; fomento ao empreendedorismo, à economia,à qualificação profissional, contribuindo para a geração de emprego e renda; conservação de espécies e ecossistemas costeiros; conservação e recuperação de florestas, proteção da biodiversidade e adaptação às mudanças climáticas,com benefícios sociais e ambientais e (e) incentivo a educação ambiental, priorizando a primeira infância”.

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“A Petrobras segue adotando a prática de preços de venda em equilíbrio com os mercados competidores. Sensível ao impacto social do gás de cozinha (GLP), a Petrobras contribui ativamente nas discussões no âmbito do Ministério de Minas e Energia quanto a eventuais programas voltados às famílias vulneráveis. Não há definição quanto à implementação e o montante de participação em eventuais programas. Qualquer decisão estará sujeita à governança de aprovação e em conformidade com as políticas internas da companhia”, conclui a estatal.

Ações em queda

Na sexta, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 3,45%, cotadadas a R$ 26,85, acumulando perdas de 7,98% no mês, embora ainda apresente uma valorizaçao de 15,88% em 12 meses, quando tocou máxima de R$ 31,76 e mínima de R$ 17,74.

Com o início da pandemia da Covid-19, em março do ano passado, os papéis do setor de petróleo e gás despencaram com os alertas de redução drástica de demanda devido às ordens de confinamento pelo mundo e à consequente redução da atividade econômica global com a série de “lockdown” como medida sanitária para evitar infecções pelo novo coronavírus.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.