Mais cerveja e menos destilado: consumo e tarifas derrubam ações de bebidas premium

Remy e Campari estão todas incluídas em uma cesta de ações sensíveis a tarifas de Trump e geram entre 28% e 45% de sua receita na América do Norte

A ameaça de tarifas dos EUA sobre o México e o Canadá poderia “muito bem impactar” o impulso da Diageo, disse a CEO Debra Crew na terça-feira.
Por Michael Msika
09 de Fevereiro, 2025 | 09:38 AM

Bloomberg — Foi mais uma semana difícil para os destiladores europeus em baixa. Depois que a Diageo, fabricante do uísque Johnnie Walker, descartou uma meta de vendas mantida há muito tempo, a Pernod Ricard, proprietária da vodca Absolut, reduziu a sua projeção de vendas. Ambas as empresas enfrentam um crescimento lento e riscos tarifários.

Mesmo depois de uma recuperação na quinta-feira, com os analistas da Jefferies sugerindo que o corte de orientação da Pernod pode ser um “evento de compensação”, as ações permanecem firmemente em baixa na semana e pairam perto das mínimas de vários anos, assim como a Remy Cointreau e a Davide Campari-Milano, fabricante do Aperol.

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"O mercado de bebidas destiladas premium está enfrentando dificuldades devido aos gastos cautelosos dos consumidores e à incerteza econômica", disse Susana Cruz, estrategista da Panmure Liberum.

As tarifas são outro desafio. Pernod Ricard, Diageo, Remy e Campari estão todas incluídas em uma cesta de ações sensíveis a tarifas e geram entre 28% e 45% de sua receita na América do Norte.

A ameaça de tarifas dos EUA sobre o México e o Canadá poderia “muito bem impactar” o impulso da Diageo, disse a CEO Debra Crew na terça-feira. Na Pernod, a demanda pelo Martell Cognac da empresa foi atingida pelas tarifas comerciais de Pequim sobre o brandy europeu, bem como pela desaceleração econômica da China.

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O diretor financeiro disse que a empresa enfrenta um prejuízo de 200 milhões de euros (US$ 207 milhões) devido às tarifas da China e dos EUA. A maior parte proveniente do país asiático.

(Fonte: Bloomberg)

Tudo isso fez com que as avaliações do preço das ações atingissem o valor mais baixo de todos os tempos em relação ao índice MSCI Europe. Após uma queda de quase 17% em 2024, o MSCI European Beverage Index já caiu 5,5% desde o início do ano.

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A fraqueza ajudou a estimular algum otimismo de que o setor pode estar perto do fundo do poço. As ações da Pernod Ricard subiram até 3,3% na quinta-feira, com o analista da Jefferies, Edward Mundy, apontando para o que ele chamou de orientação “realista”.

A ação tem sido a favorita dos vendedores a descoberto, com cerca de 5% de seu free float emprestado, de acordo com dados da S&P Global. Quase 22% do free float da Campari está emprestado.

(Fonte: Bloomberg)

As coisas estão melhorando para o segmento mais barato do mercado de bebidas. A produtora dinamarquesa de cerveja Carlsberg apresentou na quinta-feira, (6), um guia acima das expectativas dos analistas para o ano. A companhia apontou para a recuperação da demanda e um ambiente de consumo estabilizado nos principais mercados, o que fez com que as suas ações subissem até 6,4%.

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A perspectiva é um bom presságio para suas congêneres Heineken e Anheuser-Busch InBev, que divulgam os lucros no final deste mês.

As cervejarias "estão mais bem posicionadas devido à menor elasticidade de renda da demanda por cerveja", disse Cruz.

--Com a ajuda de Neil Campling e Sabah Meddings.

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