BofA eleva projeções para o setor de proteína animal e elege JBS como ‘top pick’

Analistas do banco americano veem cenário favorável de curto prazo com demanda sustentada e custos sob controle para aves; Marfrig também tem recomendação de compra

Una carnicería en los Estados Unidos
Por Bloomberg Línea
20 de Novembro, 2024 | 12:07 PM

Bloomberg Línea — A indústria de proteína animal deve estender o seu momentum positivo de crescimento e resultados positivos para o próximo ano, segundo analistas de equity research do Bank of America.

Em relatório nesta segunda-feira (18), as analistas Isabella Simonato, Julia Zaniolo e Fernando Olvera elevaram as estimativas e os preços-alvo para algumas ações de empresas brasileiras do setor depois dos resultados do terceiro trimestre.

PUBLICIDADE

“O terceiro trimestre destacou uma perspectiva positiva para as proteínas brasileiras no curto prazo, com expectativas de continuidade dessa tendência em 2025″, escreveram.

“Durante suas teleconferências, as empresas enfatizaram uma forte demanda por carne bovina, de frango e suína em todos os principais mercados.”

A JBS (JBSS3) foi recomendada como a top pick do setor, com a melhor relação entre crescimento/valor da ação (growth/equity), segundo os analistas. O preço-alvo passou de R$ 45,00 para R$ 50,00, o que implica um upside da ordem de 44% em relação ao fechamento de terça-feira (19), de R$ 34,85.

PUBLICIDADE

A ação da Marfrig (MRFG3) também recebeu recomendação de compra com preço-alvo quase intacto de R$ 21,00 - versus fechamento de R$ 17,06 na terça, com upside de 23%.

O papel da BRF (BRFS3), por sua vez, foi classificado como recomendação “neutra”. O seu preço-alvo passou de R$ 26,50 para R$ 28,00 - um upside de quase 15% ante o fechamento de R$ 24,41.

Os analistas apontaram que a citada demanda por proteínas deve sustentar os preços, ao mesmo tempo em que os baixos custos de alimentação continuam sendo um fator favorável para produtores de frango.

PUBLICIDADE

Leia mais: Marcos Molina recupera a BRF e doma o mercado de frango após anos de tentativas

No quadro favorável, tais companhias puderam retornar um volume considerado significativo de caixa aos acionistas neste trimestre.

A JBS, por exemplo, anunciou a aprovação do pagamento de R$ 2,2 bilhões em dividendos a serem pagos em 15 de janeiro de 2025, correspondentes a R$ 1,00 por ação.

PUBLICIDADE

“Aumentamos nossas estimativas de Ebitda [para a JBS] para 2024-2025 em 13% e 7%, respectivamente, e esperamos R$ 9,5 bilhões no 4T24, em comparação com a faixa de R$ 8,8 bilhões a R$ 9,9 bilhões implícita no guidance”, escreveram as analistas do BofA.

Há fatores que podem impulsionar as ações da JBS, como uma recuperação das margens do negócio de carne bovina no mercado americano acima das médias históricas ou uma melhora acima da esperado do ambiente para o consumo doméstico e as exportações no Brasil, segundo os analistas.

Por outro lado, uma melhora na oferta de frango no mercado global de frango ou uma recuperação dos preços de grãos são citados como alguns dos fatores de risco.

No caso da Marfrig, os analistas disseram que os dividendos de R$ 2,5 bilhões recém-anunciados não se refletem ainda no preço da ação, em sua avaliação. Eles ajustaram o preço-alvo de R$ 21,00 para R$ 21,50.

“Também observamos uma redução gradual da alavancagem, sustentada pelo caixa gerado pelas operações e distribuído pela BRF.”

Segundo os analistas do BofA, a BRF tem espaço para devolver mais caixa, mas eles disseram esperar uma “volatilidade relativamente maior”.

“Sobre a Marfrig, vemos os dividendos anunciados de R$ 2,5 bilhões como um ‘evento pontual’ relacionado a um possível ganho de capital com a venda de ativos para a Minerva no quarto trimestre. Assumimos que o excesso de caixa será utilizado adicionalmente para reduzir a alavancagem da holding.”

Leia também

Pilgrim’s e Seara dão impulso extra à JBS, que lucra R$ 3,8 bilhões no 3º tri

Na JBS, ação no ‘all-time high’ é reconhecimento da diversificação, segundo CFO