Bloomberg Línea — Depois de disponibilizar um serviço de pagamentos a pequenas e médias empresas no Brasil, o WhatsApp se prepara para expandir a ferramenta para atender grandes empresas, afirmou Guilherme Horn, head do WhatsApp para Mercados Estratégicos, em entrevista à Bloomberg Línea.
Segundo Horn, que não abriu a data exata do início da ampliação do serviço, o objetivo é atender desde profissionais autônomos até grandes empresas por meio do WhatsApp Pay, que concorre também com outros meios de pagamentos digitais usados no Brasil, incluindo o Pix.
“Em julho o WhatsApp Pay chegou finalmente a 100% do mercado. Portanto isso é muito recente. Essa jornada de comprar pelo WhatsApp já existe. O objetivo agora é oferecer aos usuários a conveniência de realizar transações dentro do próprio aplicativo, eliminando a necessidade de alternar entre diferentes plataformas”, disse. “Até agora, o comportamento está sendo como esperávamos.”
O executivo destacou que o Brasil desempenha um papel vital na estratégia do WhatsApp, sendo um país referência em termos de uso da plataforma para comunicação e comércio.
Em abril, o WhatsApp começou a permitir que empresas recebam pagamentos de clientes por meio do aplicativo no Brasil. O serviço é integrado com bandeiras emissoras de cartões e adquirentes, mas não aceita Pix. É possível pagar por bens e serviços usando cartões de débito, crédito e pré-pagos da Mastercard (MA) e da Visa (V).
Pequenas empresas que utilizam o aplicativo WhatsApp Business podem vincular um parceiro de pagamento compatível, como Cielo (CIEL3), Mercado Pago, a fintech do Mercado Livre (MELI) ou Rede, do Itaú (ITUB4), e criar um pedido dentro do aplicativo para aceitar pagamentos de clientes.
Além dos pagamentos, a solução para negócios da Meta (META) engloba tanto as mensagens pagas, enviadas a partir da API do WhatsApp, como os anúncios “Clique-para-Mensagem”, formato que leva o consumidor do Instagram e do Facebook para o WhatsApp, o Messenger ou o Instagram Direct para uma conversa com a marca.
Segundo Horn, mais de 40% dos anunciantes no Brasil usam o click-to-message e a receita diária de anúncios dessa funcionalidade cresceu mais de 80% em relação ao ano anterior. Ele afirmou que o WhatsApp já está gerando receitas significativas por meio de anúncios clicáveis e mensagens pagas. A Meta afirma que a receita do recurso “Clique-para-Mensagem”’ é de US$ 10 bilhões (annual run rate).
Além do serviço de pagamentos, o WhatsApp tem investido em outras ferramentas em um esforço estratégico para atender clientes corporativos. Uma delas é a integração com a inteligência artificial generativa para melhorar a experiência de comunicação com as empresas.
No Brasil, o Magazine Luiza (MGLU3) testa uma integração entre o catálogo do WhatsApp e os sistemas corporativos, permitindo atualizações instantâneas de preços e estoques no catálogo do aplicativo. Segundo Horn, essa funcionalidade foi lançada na Índia no ano passado.
Comunicação com empresas
O executivo do WhatsApp afirmou que o aplicativo é a plataforma de comunicação central para milhões de pessoas na América Latina e compartilhou dados sobre o crescente uso da ferramenta pelas empresas para se conectarem com clientes.
“Existe uma realidade hoje no Brasil que é o fato de que a grande maioria das pessoas está falando diariamente com as empresas por meio do WhatsApp”, disse Horn.
No primeiro semestre, a Meta encomendou uma pesquisa à Kantar, que foi realizada em 13 países (Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Índia, México, Brasil, Indonésia, Tailândia, Vietnã, Malásia e Filipinas), para entender o comportamento dos usuários em relação a mensagens instantâneas de e-commerce. Segundo a empresa, o Brasil lidera no uso entre esses países.
De acordo com dados apresentados pela Meta, 76% dos brasileiros enviam mensagens para empresas uma vez por semana, e 80% dos brasileiros preferem se comunicar com elas por meio de mensagens.
“Uma surpresa do estudo foi que não esperávamos que 79% dos consumidores se sentem frustrados quando uma empresa não oferece mensagem como opção”, disse. “É uma reação negativa dos consumidores quando não encontram o ícone do WhatsApp. É uma sinalização.”
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