Este brasileiro fundou um unicórnio. Agora busca a próxima empresa de IA de US$ 1 tri

Victor Lazarte, cofundador e ex-CEO da Wildlife, hoje é general partner do Benchmark, uma das principais gestoras de VC dos EUA, e conversou com a Bloomberg Línea no evento Brazil at Silicon Valley

Victor Lazarte, cofundador e ex-CEO da Wildlife e atualmente general partner do Benchmark, fundo de VC no Vale do Silício, durante painel na conferência Brazil at Silicon Valley (Foto: Divulgação)
10 de Abril, 2024 | 04:45 AM

Palo Alto — Victor Lazarte, cofundador e ex-CEO do unicórnio brasileiro Wildlife, agora vive no Vale do Silício, onde atua como general partner do Benchmark. Trata-se de um dos mais tradicionais fundos de venture capital da região, conhecido por ter sido um dos primeiros investidores de eBay, Uber e WeWork, entre outros casos de startups bem-sucedidas que chegaram à listagem em bolsa.

Lazarte conversou com a Bloomberg Línea nesta terça-feira (9) sobre as razões para ter decidido trocar a carreira como empreendedor para a de investidor durante o Brazil at Silicon Valley, evento organizado por alunos brasileiros das universidades Stanford e Berkeley.

E disse disse que o mundo “está entrando em um momento muito interessante em que várias empresas muito grandes vão ser criadas”.

“Nos próximos dois anos, teremos uma empresa de trilhão de dólares de IA [Inteligência Artificial] e eu acho que é o momento de entender tudo que o está acontecendo e tentar achar essa empresa”, disse o empreendedor brasileiro em referência a uma empresa nativa em IA.

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A Nvidia, empresa de chips fundada em 1993, atingiu o market cap de US$ 2 trilhões há pouco mais de um mês, posicionada como uma das principais beneficiárias da demanda por IA.

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Lazarte, que foi anunciado pelo Benchmark em julho de 2023, disse que já assinou um cheque para uma empresa, mas não divulgou o nome. Durante o evento, disse que está interessado em companhias brasileiras, mas não apenas do país, dado que possui um olhar global.

O empreendedor brasileiro vive há alguns anos na região, desde os tempos em que ainda estava à frente da Wildlife. “Acesso ao talento, independentemente de onde estejam, é uma das principais razões pelas quais o Vale do Silício se tornou o que é”, disse anteriormente à Bloomberg Línea.

Ele abordou esse tema do aprendizado com talentos globais durante painel que teve moderação de Henrique Dubugras, empreendedor também brasileiro que cofundou com Pedro Franceschi a Brex no Vale do Silício. A fintech foi avaliada em sua última rodada em US$ 12,3 bilhões.

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“Estou muito animado com o ecossistema brasileiro. Acredito que o Brasil tenha muitas excelentes escolas de engenharia. Mas o problema é que muitas vezes é necessário conversar com pessoas que já fizeram coisas antes, que já viram coisas antes, sabe?”

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“Estamos no Vale do Silício e o que sempre me intrigou é: como é que a maioria das empresas mais interessantes do mundo são iniciadas dentro de um raio de 50 milhas de onde estamos agora?”

Victor, que fundou a Wildlife com o seu irmão Arthur em 2011, além do chileno Michael Mac-Vicar, deixou o comando da startup - que se tornou uma das maiores desenvolvedoras de games para mobile do mundo - em junho de 2023. Naquele momento, passou a presidente do conselho.

Ele explicou o processo de investimento que pode levar ao próximo grande caso de crescimento e sucesso de empresa de IA.

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“No Benchmark, somos cinco sócios [general partner]. A ideia é que cada sócio faça um investimento por ano. E, quando esse investimento é feito, você entra no conselho daquela empresa e fica em uma média de dez anos”, disse o brasileiro.

Segundo ele, embora métricas e o setor de atuação sejam importantes, há um componente que é mais observado em encontros com fundadores de startups que podem receber aporte.

“Mais importante ainda, olhamos para a pessoa. E uma coisa que é tão importante para nós é: qual é a motivação que esse empreendedor tem? Nós gostamos de pensar sobre quais são as coisas que motivam as pessoas [...] Algumas têm um motivador genético, como um desejo de ver algo existir no mundo. E outras têm um fator competitivo, que é como pensar ‘eu preciso vencer’”, disse.

Na conferência, Lazarte não foi o único caso de ex-CEO que mudou para o lado de venture capital.

Dan Schulman, ex-CEO do PayPal, que atuava como investidor via CVC (Corporate Venture Capital) e é membro do conselho da Verizon, da Cisco, da Lazard e da Cleveland Clinic, foi anunciado nos últimos dias como managing partner do Valor Capital Group.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups