Usuários do Facebook verão menos conteúdo político nas eleições, diz Zuckerberg

Em entrevista ao ‘The Circuit with Emily Chang’, da Bloomberg, o CEO da Meta elogia Trump, mas não declara voto; e diz que as pessoas querem ver menos conteúdo político nas redes

Meta CEO Mark Zuckerberg Interview On The Circuit
Por Emily Chang - Kurt Wagner
23 de Julho, 2024 | 04:45 AM

Bloomberg — Mark Zuckerberg disse que a reação imediata do ex-presidente Donald Trump depois de ser baleado foi “durona” e “inspiradora” e isso ajuda a explicar seu apelo junto aos eleitores.

“Ver Donald Trump se levantar depois de levar um tiro no rosto e erguer o punho no ar com a bandeira americana [ao fundo] é uma das coisas mais duronas [tradução livre para “badass”] que já vi na minha vida”, disse o CEO da Meta Platforms na última quinta-feira (18), durante uma entrevista a Emily Chang, da Bloomberg, na sede da big tech em Menlo Park, na Califórnia.

“De certa forma, como americano, é difícil não se emocionar com esse espírito e essa luta, e acho que é por isso que muitas pessoas gostam dele”, disse em referência a Trump.

Zuckerberg, 40 anos, recusou-se no entanto a endossar Trump ou seu suposto oponente naquele momento, o presidente Joe Biden - ele renunciou à candidatura dias depois, no domingo (21). E acrescentou que “não planeja” se envolver na eleição de forma alguma.

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Ainda assim, seus comentários se somam a um coro cada vez maior de líderes do Vale do Silício, que inclui o bilionário da Tesla, Elon Musk, e os investidores de venture capital Marc Andreessen e Ben Horowitz, que se aproximam do ex-presidente, alguns com promessa de doações para sua campanha.

Zuckerberg fez os comentários durante uma ampla discussão sobre o futuro da IA (Inteligência Artificial), mídia social e muito mais para o “The Circuit with Emily Chang”, da Bloomberg. O episódio completo está programado para ir ao ar nesta terça-feira (23).

Zuckerberg disse que a Meta (META) tem promovido mudanças que, segundo ele, farão com que o Facebook não seja mais um ponto de conflito nas eleições.

“A principal coisa que ouço das pessoas é que elas querem ver menos conteúdo político em nossos serviços, porque elas vêm aos nossos serviços para se conectar com as pessoas.”

A Meta já recomenda menos conteúdo político aos seus usuários, acrescentou. “Penso que vocês verão nossos serviços desempenharem um papel menos importante nesta eleição do que tiveram no passado.”

Mark Zuckerberg durante a entrevista ao programa "The Circuit with Emily Chang", da Bloomberg, gravado na última quinta-feira (18) e que será transmitido nesta terça (23)

O relacionamento de Zuckerberg com Trump tem sido complicado pelo fato de o ex-presidente usar as plataformas da Meta para alcançar seus milhões de seguidores.

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Os posts do ex-presidente contêm de forma recorrente informações errôneas ou que desafiam as regras de moderação da Meta. A empresa suspendeu Trump do Facebook e do Instagram por dois anos após os tumultos violentos de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, sede do Legislativo americano.

Na época, Zuckerberg postou que Trump estava usando sua conta para prejudicar a transição pacífica e legal do poder para seu sucessor eleito (Joe Biden).

Embora as contas tenham sido restabelecidas desde então, Trump indicou que não perdoou a Meta ou Zuckerberg e recentemente sugeriu que planeja uma retaliação se voltar à Casa Branca.

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O republicano chamou o Facebook de “inimigo do povo” em março. No início deste mês, Trump também pareceu advertir Zuckerberg.

“Tudo o que posso dizer é que, se eu for eleito presidente, perseguiremos os fraudadores eleitorais em níveis nunca vistos antes, e eles serão mandados para a prisão por longos períodos de tempo”, escreveu Trump na plataforma que lançou, a Truth Social.

“Já sabemos quem são os senhores. NÃO FAÇA ISSO! ZUCKERBUCKS, tome cuidado!”

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Trump reverteu algumas de suas posições políticas em nome de uma punição da Meta. Enquanto era presidente, Trump pressionou pela proibição do TikTok, aplicativo de vídeo de propriedade da chinesa Byte Dance. Desde então, Trump mudou sua posição, sob o argumento de que a proibição seria muito benéfica para os negócios da Meta.

Zuckerberg disse que a concorrência é bem-vinda. “É bom”, disse ele. “Acho que estamos nos saindo muito bem aqui. Estamos ganhando participação no mercado. Então, eu não sei. Eles farão o que precisam fazer, mas acho que ficaremos bem e continuaremos nos saindo bem nesse espaço de qualquer maneira.”

Questionado sobre se ele achava que o TikTok deveria ser banido, Zuckerberg se esquivou. “Isso está acima do meu salário”, disse ele.

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