Bloomberg — A Comissão Europeia está aumentando a pressão sobre os países membros para que deixem de usar os equipamentos da Huawei Technologies e da ZTE em suas redes móveis mais avançadas, rotulando explicitamente as empresas pela primeira vez como fornecedores de “alto risco”.
Como parte de um esforço para reprimir o uso de equipamentos chineses em infraestruturas críticas, o braço executivo da União Europeia pediu aos países que eliminassem gradualmente os fornecedores de alto risco das redes de telecomunicações em um novo conjunto de diretrizes publicadas na quinta-feira, confirmando um relatório anterior da Bloomberg News. A Comissão também está banindo a Huawei e a ZTE de seus sistemas de comunicação corporativa.
As nações da UE estão enfrentando uma pressão cada vez maior dos EUA para adotar uma postura mais dura em relação à China, à medida que aumentam os conflitos sobre Taiwan e as batalhas pelo domínio de tecnologias que vão desde a inteligência artificial (IA) até os chips e a computação quântica.
As tensões levantaram preocupações sobre a suspeita de a nação asiática usar equipamentos da Huawei e da ZTE nas principais redes de telecomunicações para espionar ou sabotar sistemas.
A mais recente orientação da UE também ocorre no momento em que países como Alemanha e Espanha continuam a usar fabricantes de equipamentos chineses em suas redes em níveis que a UE considera inaceitáveis, disseram pessoas familiarizadas com a situação, pedindo para não serem identificadas porque as informações não são públicas.
O comissário europeu Thierry Breton disse em uma coletiva de imprensa na quinta-feira que apenas dez dos 27 países-membros do bloco restringiram ou excluíram fornecedores de alto risco desde que a comissão emitiu orientações sobre 5G há três anos, incentivando-os a fazer isso. “Isso é muito lento e impõe um grande risco de segurança e expõe a segurança da conectividade da união, pois cria uma grande dependência para a UE e vulnerabilidades graves”, disse Breton.
Alguns países também pressionaram por uma postura mais agressiva em toda a UE, expressando preocupação em se manifestar publicamente contra as empresas chinesas individualmente, disseram as pessoas a par do assunto.
A Comissão Europeia não forneceu provas de que a Huawei, a ZTE e outras empresas chinesas representam um risco à segurança, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, nesta sexta-feira, em uma coletiva de imprensa regular em Pequim, chamando isso de “uma típica presunção de culpa”.
“Pedimos com veemência que a UE cumpra as regras do comércio internacional, evite estender demais o conceito de segurança e politizar esses conceitos, e não reprima as empresas estrangeiras.”
Autoridade limitada
A UE tem autoridade limitada para forçar os membros a implementar proibições em nome da segurança nacional, uma vez que os governos estaduais têm soberania. Comissários como Margrethe Vestager e Breton já haviam levantado preocupações sobre a proeminência das empresas na infraestrutura da UE.oua que certos países continuaram a confiar na tecnologia chinesa anos depois que países aliados, incluindo EUA, Reino Unido, Canadá e Austrália, baniram a Huawei das redes 5G. Mas, em última análise, deixa as decisões políticas sobre a segurança do 5G nas mãos de cada país, como antes.
A orientação atualizada da Comissão Europeia vem antes do próximo relatório de avaliação econômica do grupo, que analisará as cadeias de suprimentos, a tecnologia, a infraestrutura crítica e os riscos comerciais da UE.
Na conferência de imprensa de quinta-feira, Breton incentivou os países a substituírem os fornecedores de alto risco e pediu às operadoras de telecomunicações que “se ocupem com essa questão”. A comissão planeja reduzir sua própria exposição à Huawei e à ZTE, deixando de adquirir serviços usados pelas duas empresas e eliminando gradualmente os já existentes.
A UE foi capaz de reduzir rapidamente outras dependências, observou Breton, citando a rapidez com que a Europa encontrou outros fornecedores de gás natural depois que a Rússia invadiu a Ucrânia. “A situação com o 5G não deve ser diferente”, disse ele. “Não podemos nos dar ao luxo de manter dependências críticas que podem se tornar uma arma contra nossos interesses.”
-- Com a colaboração de Agatha Cantrill, Alberto Nardelli e Philip Glamann
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