Stefanini dobra aposta e prevê R$ 2 bi para M&As em empresas com uso de IA

Empresa de tecnologia planeja comprar negócios em áreas como marketing, cibersegurança, varejo e produtos financeiros com uso da tecnologia até 2027, diz o CEO, Marco Stefanini, em evento

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Bloomberg Línea — A Stefanini decidiu reforçar a aposta na estratégia de investimentos que combina M&As e IA. A empresa de tecnologia anunciou que investirá R$ 2 bilhões para encontrar oportunidades nessa área até 2027. Anteriormente, o valor era de R$ 1 bilhão, que seria usado entre 2023 e 2026.

O time de M&A (fusões e aquisições) não procura por empresas de IA em si, e, sim, aquelas que possam ser “turbinadas” pelo uso da tecnologia, como negócios nas áreas de marketing, cibersegurança, varejo e produtos financeiros.

A estratégia de crescimento inorgânico tem sido um dos pilares de expansão da empresa com presença internacional, que atua em áreas como tecnologia financeira e de pagamentos, indústria 4.0, marketing e Inteligência Artificial (IA).

“Nós aumentamos o valor porque enxergamos uma grande oportunidade de crescimento ainda maior para a Stefanini”, afirmou Marco Stefanini, fundador e CEO global da companhia, em evento nesta quinta-feira (28).

Neste ano, a companhia deve faturar R$ 8 bilhões - expansão de 14% em relação a 2023.

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O CEO global fez questão de esclarecer que o interesse em IA não surgiu “do nada” ou que a empresa apenas “surfa” a onda da IA generativa, com a emergência do ChatGPT, da OpenIA, e congêneres.

Stefanini lembrou que fez a primeira aquisição de uma empresa de IA há quatorze anos, a Woopi, e acumula mais de 250 casos de uso de aplicação da tecnologia, generativa ou não.

Com quase 40 anos de atuação no mercado, a Stefanini tem um longo histórico de aquisições. No período entre 2020 e 2024, por exemplo, a empresa acumulou quatorze transações.

A última transação anunciada foi a aquisição de 60% da Info Solutions, que atua com software de gerenciamento de riscos, pela Topaz, empresa do grupo voltada para soluções financeiras e que está na fila para potencial abertura de capital. Neste ano, foi o único M&A da Stefanini.

“O crescimento inorgânico, às vezes, é uma via inglória. Nós, por exemplo, ficamos frustrados recentemente porque tínhamos fechado um valor para comprar uma empresa dos Estados Unidos, mas eles pararam o processo porque perderam o seu principal cliente e o valuation seria menor”, contou.

“E, na minha avaliação, foi melhor assim do que três meses depois, pois seria pior para mim.”

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Segundo o CEO global da Stefanini, o próximo ano deve ser marcado por um ritmo mais acelerado nas atividades. “Nós já temos boas condições de iniciar 2025, já no primeiro trimestre, com alguns anúncios. Temos alguns acordos bem encaminhados”, afirmou.

No radar estão tanto negócios no Brasil como em outros mercados - como EUA, Europa e outros países da América Latina. A Stefanini atua hoje em mais de 40 países, e as operações internacionais respondem por cerca de 60% do seu faturamento.

Com as eventuais novas transações, a Stefanini espera marcar posição nesses territórios para ampliar a sua participação de mercado.

“Nós estamos em uma posição que considero favorável, com estruturas grandes e que conseguem atender qualquer tipo de cliente. Mas a minha participação de mercado não é grande. Isso significa que nós temos bastantes oportunidades para crescer”, afirmou.

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