Por que a Microsoft decidiu investir US$ 13 bi na OpenAI, segundo provas judiciais

Troca de e-mails entre executivos da empresa, anexada em um caso antitruste contra o Google nos EUA, aponta motivação para o investimento bilionário na startup

Satya Nadella, right, speaks on stage with Sam Altman during the OpenAI DevDay event on Nov. 6.
Por Leah Nylen - Shirin Ghaffary
01 de Maio, 2024 | 12:45 PM

Bloomberg — A motivação da Microsoft (MSFT) para investir na OpenAI e firmar parceria com a empresa veio de um sentimento de que a companhia estava ficando muito atrás do Google, de acordo com um e-mail interno divulgado na terça-feira (30) como parte de uma ação antitruste do Departamento de Justiça contra o gigante das buscas.

O diretor de tecnologia da fabricante de software Windows, Kevin Scott, estava “muito, muito preocupado” quando analisou a lacuna na capacidade de treinamento de modelos de IA entre os esforços da Alphabet (GOOGL) e os da Microsoft, escreveu ele em uma mensagem de 2019 para o CEO Satya Nadella e o cofundador Bill Gates.

A troca de mensagens mostra como os principais executivos da empresa reconheceram em particular que eles careciam da infraestrutura e da velocidade de desenvolvimento para alcançar empresas como a OpenAI e o DeepMind, do Google.

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O e-mail foi divulgado na terça-feira após organizações de mídia, incluindo o New York Times e a Bloomberg News, entrarem com pedidos por maior acesso público aos detalhes do processo antitruste.

O Departamento de Justiça dos EUA argumentou que as inovações da OpenAI, como o ChatGPT, poderiam ter sido lançadas anos atrás se o Google não tivesse monopolizado o mercado de buscas.

Scott, que também atua como vice-presidente executivo de inteligência artificial na Microsoft, observou que o produto de busca do Google havia melhorado em métricas competitivas devido aos avanços em IA da Alphabet.

O executivo da Microsoft escreveu que cometeu um erro ao ignorar alguns dos esforços anteriores de IA de seus concorrentes.

“Estamos vários anos atrás da concorrência em escala de aprendizado de máquina”, disse Scott no e-mail.

Partes significativas da mensagem, intitulada ‘Pensamentos sobre a OpenAI’, permanecem censuradas.

Nadella endossou o e-mail de Scott, encaminhando-o para a diretora financeira Amy Hood e afirmando que isso explica “por que eu quero que façamos isso”.

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Microsoft e OpenAI se recusaram a comentar. Um porta-voz do Google não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Microsoft investiu mais de US$ 13 bilhões em sua parceria e no apoio à OpenAI, utilizando a tecnologia de IA generativa da startup para aprimorar seu serviço de busca Bing, navegador de internet Edge e, principalmente, integrar um serviço de IA Copilot no Windows.

Nadella fez da corrida pela IA uma prioridade na empresa, também recrutando o cofundador do DeepMind, Mustafa Suleyman, para liderar o negócio de IA do consumidor.

Nadella respondeu perguntas sobre o e-mail quando testemunhou no julgamento no ano passado. O “investimento da empresa na OpenAI não foi feito com o foco estreito apenas na busca”, disse ele na época.

Microsoft e Google se recusaram a disponibilizar o e-mail quando solicitado por repórteres no ano passado sob o argumento de que revelaria informações comerciais sensíveis.

Os veículos de mídia pressionaram por sua divulgação, e o juiz Amit Mehta ordenou na semana passada que as empresas fornecessem uma versão censurada, pois o conteúdo “lança luz sobre a defesa do Google em relação aos investimentos relativos do Google e da Microsoft na busca”.

O Google e o Departamento de Justiça farão argumentos finais no caso na quinta e sexta-feira. O juiz Mehta deve emitir sua decisão ainda este ano.

O caso é EUA contra Google, 20-cv-3010, Tribunal Distrital dos EUA, Distrito de Columbia.

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