Os planos da startup brasileira Blip após a compra de concorrente mexicana

Com a aquisição da GUS, a startup amplia a atuação no México e na Europa; Blip desenvolve uma plataforma de IA para mensagens entre empresas e clientes

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18 de Dezembro, 2023 | 05:44 PM

Bloomberg Línea — A startup brasileira Blip planeja ampliar as suas operações internacionais na América Latina, de olho em um mercado digital em expansão na região e no mundo para fornecer a empresas tecnologias de troca de mensagens baseadas em inteligência artificial (IA). Fundada em Minas Gerais, a startup informou nesta quinta-feira (18) a aquisição de 100% do capital da concorrente mexicana GUS. O valor do negócio não foi informado.

A Blip (antes chamada de Take Blip) desenvolve uma plataforma de IA para a troca de mensagens entre empresas e clientes, uma área que tem atraído a atenção de diversas startups e empresas de tecnologia, entre elas a Ada, Aivo, GupShup, Quiq, Twilio, Yalochat (que conta com investimentos de brasileiro e cofundador do Facebook, Eduardo Saverin), entre outras.

Segundo Marcelo Hein, CSO (Chief Strategy Officer) da Blip, a estratégia da startup envolve não apenas a expansão internacional, mas também uma combinação de crescimento orgânico e inorgânico em diversas regiões. A aquisição tem como propósito escalar as operações da companhia brasileira no México e dar início a negócios na Europa, uma vez que a GUS conta com escritório na Espanha.

“Temos um pipeline bastante rico de aquisição, seja para a expansão geográfica, com a compra empresas que se propõem a atuar no mesmo mercado que a gente ou em outras regiões, seja para fazer aquisições de produto, olhando para soluções de inteligência artificial, soluções de pagamento”, disse Hein, em entrevista à Bloomberg Línea.

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A GUS atende mais de 100 clientes, entre eles, Cinépolis, Carrefour, Nestlé e Ikea. Fundada em 2015 por Jaime Navarro, Daniel Zenteno e Pablo Estévez, a empresa tem 60 funcionários divididos entre México e Espanha, e conta com uma tecnologia de NLP (processamento de linguagem natural) em espanhol.

Navarro disse em entrevista à Bloomberg Línea que o desafio agora é internacionalizar as contas que a GUS tem no México para outros países, como o Brasil. “Também é uma oportunidade muito grande pela Europa de atrair novos clientes”, disse.

A GUS e a Blip foram apresentadas por meio do fundo de private equity Warburg Pincus, que investiu mais de US$ 170 milhões nas Séries A e B da Blip.

Além da expansão geográfica, a Blip está focada em ampliar sua oferta de produtos e serviços. Em janeiro de 2022, a Blip comprou a STILINGUE, plataforma de inteligência artificial brasileira com foco em monitoramento de conversas nas redes sociais.

Hein destacou essa aquisição, que, segundo ele, “fortaleceu a presença da empresa em monitoramento de redes sociais e desenvolvimento de soluções inovadoras”.

Agora, o time de M&As da Blip mira mais aquisições focando na expansão global para os EUA e Europa.

Da esquerda para direita: Daniel Costa, co-fundador e Head de Pessoas na Blip; Jaime Navarro, CEO da GUS e Roberto Oliveira, co-fundador e CEO na Blip.
Crédito: Acervo Blip

Hein destacou a importância de identificar mercados com grande potencial e mostrar a força da solução da Blip nesses locais. Tanto o México quanto a Europa foram citados como regiões dinâmicas com grandes mercados e forte adoção de ferramentas sociais, como o WhatsApp.

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Uma das motivações para a escolha desses mercados foi a declaração do líder do WhatsApp, Will Cathcart, durante sua visita ao Brasil. Cathcart afirmou que veio ao país para entender como o resto do mundo usaria o WhatsApp no futuro, ressaltando o dinamismo dos brasileiros na plataforma.

A estratégia da Blip envolve a formação de equipes locais e a integração de talentos para enfrentar os desafios do mercado. A empresa já iniciou esse processo no México, montando uma estrutura própria e adicionando talentos e recursos ao longo do tempo.

Questionado sobre os desafios para 2024, Hein e sua equipe destacaram a importância da integração das equipes e a necessidade de estar à frente do mercado, trazendo novas funções e desenvolvimentos. A internacionalização das contas e a atração de novos clientes em mercados estratégicos também foram mencionadas como metas fundamentais.

Sobre possíveis redundâncias de pessoal devido à aquisição, ele expressou confiança de que a integração seria bem-sucedida, e a equipe da empresa recém-adquirida seria uma adição valiosa para alcançar os objetivos da Blip. A GUS será integrada à marca Blip.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de uma nova rodada de investimento, Hein revelou que a empresa mantém diálogos ativos com fundos de investimento interessados em sua visão de futuro digital. Embora não haja planos imediatos para uma nova rodada, o executivo enfatizou a importância de encontrar os parceiros certos quando a decisão for tomada.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups