Novos planos de Netflix e Disney testam o quanto o consumidor está disposto a pagar

Pesquisa da Kantar Ibope Media mostra que a receptividade a novos planos com anúncios varia conforme o país; para CEO da consultoria, 2024 vai ser o ano de as plataformas testarem novos preços

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Bloomberg Línea — Os últimos dois anos causaram mudanças para o setor de streaming, com nomes do setor como Netflix (NFLX) e Disney (DIS) passando a oferecer planos mais baratos com anúncios para os clientes a fim de evitar o cancelamento de assinaturas no pós-pandemia e aumentar os resultados financeiros.

Ao mesmo tempo, as empresas aumentaram os preços dos planos sem anúncio neste ano. A Netflix, por exemplo, cobra R$ 55,90 na versão premium sem anúncios. Para 2024, segundo dados da Kantar Ibope Media, a tendência é de que o valor das mensalidades continue a subir.

“No final das contas, as plataformas precisam entender os padrões de consumo dos indivíduos, porque assim elas podem entender qual é a elasticidade do preço que eles podem pagar. 2024 vai ser o ano de testar novos preços e entender até onde o consumidor está disposto a chegar”, diz Melissa Vogel, CEO da Kantar Ibope Media.

A estratégia de um plano mais barato e apoiado por anúncios também não se aplica da mesma forma em todos os mercados mundiais, segundo a pesquisa da consultoria.

Em países como Dinamarca, Noruega, Suécia, Espanha e Reino Unido, os consumidores são mais propensos a optar por serviços de vídeo pagos e sem propaganda, enquanto clientes em Taiwan, Egito, Japão, Hong Kong e Tailândia preferem assistir a comerciais, mas sem pagar mais pelo conteúdo a que assistem.

A diferença, segundo a análise da Kantar, pode indicar comportamentos e atitudes diferentes dos consumidores em relação aos modelos de pagamento nas regiões.

“As plataformas precisam entender qual é o melhor modelo para o consumidor e como atender essa demanda. Eles precisam entender qual é a melhor opção na hora de fazer parcerias com as marcas. Nos mercados europeus, por exemplo, as pessoas preferem pagar mais caro e não verem anúncios, enquanto em países em desenvolvimento, eles preferem pagar mais barato e consumir propagandas. E esse olhar faz diferença. O Brasil fica no meio do caminho. Aqui, 56% dos consumidores dizem que tudo bem pagar menos com ofertas apoiadas por anúncios”, afirma Vogel.

Ainda de acordo com o estudo da empresa sobre as tendências e previsões para o mercado de mídia em 2024, a quantidade de consumidores que cancelam as assinaturas também deve crescer em algumas partes do mundo, como no Reino Unido. No terceiro trimestre de 2023, a porcentagem das pessoas que planejam interromper o serviço no próximo ano chegava a 14,2% dos entrevistados, ante 9,9% no segundo trimestre de 2022.

Globalmente, as assinaturas de plataformas de streaming também parecem ter deixado de ser uma prioridade. Em tempos de crise econômica, 38% dos pesquisados escolheram priorizar suas economias e investimentos.

Atividades de lazer, como passeios, hobbies e jantar fora, foram preferidas por 22%, seguidas por férias e pequenas pausas com 11%. Compras de serviços e produtos de tecnologia e roupas ambas têm a preferência de 8%. Em contraste, os serviços de assinatura online, que englobam empresas como Amazon Prime (AMZN) e Netflix, são os preferidos por 4%, o que, segundo a pesquisa, sugere que “as assinaturas de mídia podem ser consideradas entre os primeiros luxos a serem reavaliados durante pressões inflacionárias”.

Mesmo assim, ainda há espaço para crescer. No Reino Unido, no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo, os consumidores estão mais propensos a priorizar gastos com assinaturas online, enquanto na China, Taiwan e Indonésia os consumidores costumam cancelar os planos em plataformas de streaming.

Isso, segundo o estudo, enfatiza a necessidade de as empresas levarem em conta as particularidades de cada mercado na hora de pensar em estratégias para os negócios, ainda mais com o temor de uma recessão na Europa e nos Estados Unidos ainda pairando no ar.

A produção de conteúdos locais também pode ajudar a cativar o público de um determinado país, ainda mais levando em consideração situações como a greve dos roteiristas em Hollywood.

“Em essência, o sucesso global no domínio do streaming exige uma estratégia localizada. As empresas precisam moldar suas ofertas — desde a curadoria de conteúdo até os preços e táticas promocionais — para se adequarem às características distintas do cenário de cada região. Somente assim podem esperar conquistar uma audiência global diversificada e multifacetada”, diz o estudo.

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