Netflix vai eliminar plano básico no Brasil para reforçar versão com anúncios

Líder em streaming supera estimativas do mercado e ganha 8,76 milhões de clientes no mundo no terceiro trimestre; ações sobem até 11% no after hours

América Latina teve crescimento de 3% em receitas no terceiro trimestre de 2023
18 de Outubro, 2023 | 07:07 PM

Bloomberg Línea — A Netflix (NFLX) disse nesta quarta-feira (18) em carta aos acionistas que vai eliminar o plano básico de assinatura para novos clientes no Brasil e no México a partir da semana que vem.

Hoje o plano básico no Brasil custa R$ 25,90 por mês para um streaming com resolução de 720 pixels, sem anúncios e com direito a uma tela. O plano com anúncio custa R$ 18,90 e direito a duas telas simultâneas. Já o plano premium sem anúncios, que permite até quatro telas simultâneas, custa R$ 55,90.

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A medida da líder em streaming se aplica também a clientes que desejem reativar suas assinaturas.

As ações da gigante do streaming subiram até 11% - para US$ 382,90 - nas negociações do after hours após o anúncio dos resultados do terceiro trimestre, à medida que a empresa revelou ter adicionado 8,76 milhões de clientes no período, superando as previsões dos analistas e elevando sua base total de assinantes para 247,2 milhões.

A eliminação do plano básico sem anúncios da Netflix na próxima semana também será feita na Alemanha, na Espanha, no Japão e na Austrália. O movimento tem como objetivo impulsionar a adoção dos planos com anúncios, que ainda não geram receitas significativas para a empresa.

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Há menos de um ano a Netflix lançou seu recurso de publicidade na plataforma. Segundo os executivos da pioneira do mercado de streaming, “leva tempo para construir um novo negócio do zero, razão pela qual dissemos que a receita de anúncios não seria significativa para o nosso negócio em 2023″, disse a Netflix na carta aos acionistas.

A empresa liderada pelo CEO Ted Sarandos disse que a prioridade é construir uma base de membros com anúncios para que a Netflix se torne uma compra essencial para os anunciantes, o que é fundamental para que a publicidade se torne parte significativa para o negócio.

No terceiro trimestre de 2023, a base de membros com anúncios da Netflix aumentou quase 70% em relação ao período anterior. Representou cerca de 30% de todas as novas assinaturas nos 12 países com a funcionalidade de anúncios.

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Segundo a Netflix, esse crescimento foi impulsionado por melhorias na oferta e pela eliminação do plano básico para novos membros - e os que estão retornando - nos EUA, no Reino Unido, na Itália e no Canadá.

“Essa mudança impulsionou a adoção dos planos de anúncios e padrões, e faremos a mesma alteração na Alemanha, na Espanha, no Japão, no México, na Austrália e no Brasil na próxima semana”, disse a empresa, acrescentando que, “no futuro, continuaremos a melhorar o conjunto de recursos”.

Segundo Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, a Netflix está obrigando a maior parte das pessoas a ter propaganda. “Se você não quiser [a propaganda], a assinatura ficará ainda mais cara”, resumiu.

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“O dilema que a Netflix enfrenta é que eles não conseguem vender tanto inventário de propaganda. Estão aumentando os preços para obrigar as pessoas a usarem a versão com propaganda para terem escala para vender”, explicou.

Receita na América Latina

A América Latina foi a região com o maior crescimento de receita no trimestre terminado em setembro de 2023 para a Netflix, com avanço de 3%. A região que engloba Europa, Oriente Médio e África cresceu 2%. Em contraste, Estados Unidos e Canadá permaneceram estáveis, enquanto a região da Ásia e Pacífico teve uma queda de 9%.

A receita da Netflix na América Latina para o trimestre encerrado em setembro de 2023 foi de US$ 1,14 bilhão, contra US$ 1,08 bilhão do trimestre anterior. Houve expansão maior em relação ao mesmo período do ano anterior, quando registrou US$ 915 milhões em receita.

A região que abrange EUA e Canadá continua sendo a maior operação da Netflix em termos de receita, seguido por EMEA (Europa, Oriente Médio e África), América Latina e Ásia e Pacífico.

Nos três meses terminados em setembro, a Netflix contava com 43,6 milhões de membros pagos na América Latina. Isso representa um aumento de 1,18 milhão em relação ao trimestre anterior e uma expansão de 4,66 milhões em comparação ao mesmo período de 2021.

No que diz respeito às novas adições líquidas de assinantes, a região de Europa, Oriente Médio e África teve a maior expansão com quase 4 milhões de novos membros, seguida por Estados Unidos e Canadá e Ásia e Pacífico.

América Latina e Ásia e Pacífico estiveram próximas em termos de novas adições, apesar da diferença significativa em receitas. A receita média por membro na América Latina no último trimestre foi de US$ 8,85, uma ligeira elevação em comparação com os US$ 8,58 do trimestre anterior.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups