Netflix encerra plano básico sem anúncio no Canadá e sinaliza nova estratégia

Assinatura era uma opção intermediária entre o plano com anúncio e a assinatura padrão, sem publicidade e mais cara; mudança ocorre enquanto empresa busca formas de elevar receitas

Tela do aplicativo da Netflix
26 de Junho, 2023 | 04:07 PM

Bloomberg Línea — A Netflix (NFLX) deixou de oferecer no Canadá o plano básico assinatura mensal de 9,99 dólares canadenses (cerca de R$ 36), que permitia assistir ao conteúdo do streaming sem anúncios, em um sinal de que a empresa continua em busca de novas maneiras de elevar as receitas com os usuários pagantes.

O pacote não está mais disponível no site da Netflix no país, o que chamou a atenção de usuários nas redes sociais. A Bloomberg Línea confirmou que o plano não é mais oferecido na plataforma da empresa.

Procurada, a Netflix informou que a assinatura básica não está mais disponível para o Canadá e disse que a mudança se aplica apenas ao país. A empresa não explicou a razão para a mudança, nem respondeu se há a intenção de deixar de oferecer a modalidade da assinatura em outros países, incluindo o Brasil.

Na página da empresa, a Netflix afirma que a assinatura básica sem anúncios não é mais oferecida. “O plano Básico não está mais disponível para novos assinantes ou reingressos [mudança de plano]. Se você estiver no plano Básico, poderá permanecer neste plano até mudar de plano ou cancelar sua conta”, informa a companhia.

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No Brasil, o plano básico sem anúncios continua disponível para assinantes, com o custo de R$ 25,90 por mês. A modalidade é uma opção intermediária entre a versão com anúncios, que custa R$ 18,90, e a “standard”, com valor de R$ 33,90. A opção também segue à disposição de usuários nos Estados Unidos.

Novas fontes de receita

A decisão de encerrar a oferta do plano básico sem anúncio ocorre no momento em que a Netflix busca novas formas de elevar as receitas depois que o crescimento do número de assinantes perdeu força. No ano passado, a empresa passou a oferecer um plano mais barato com publicidade como uma forma de atrair novos usuários.

Recentemente, a Netflix também passou a cobrar uma taxa extra dos usuários que queiram compartilhar sua conta com familiares e amigos que acessam o conteúdo em a partir de outros endereços. No Brasil, a taxa tem valor de R$ 12,90 por mês.

O número global de assinantes da Netflix subiu de 182,86 milhões no primeiro trimestre de 2020 para 222,2 milhões no quatro trimestre de 2021, mas, desde então, tem crescido de forma mais lenta. A empresa informou que tinha 232,5 milhões de assinantes no primeiro trimestre deste ano.

O rápido crescimento entre 2020 e 2021 coincidiu com os dois primeiros anos da pandemia, quando boa parte da população mundial evitava frequentar locais de aglomeração para se proteger do contágio por covid-19. Com o avanço da vacinação e a redução do número de casos, as pessoas voltaram a ir a encontros sociais e o número de novos assinantes da Netflix desacelerou.

O faturamento da Netflix também perdeu força. No primeiro trimestre a empresa teve receitas de US$ 8,16 bilhões, um aumento de 3,74% sobre o mesmo período de 2022.

No ano passado, o Canadá foi um dos primeiros países a passar a oferecer o plano com anúncios. A empresa disse recentemente que seu novo plano de assinatura com anúncios atraiu 5 milhões de usuários ativos mensais.

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O plano básico era a alternativa mais acessível para usuários do país assistirem aos filmes e séries da plataforma da Netflix sem a exibição de anúncios no Canadá.

No momento, os clientes que desejarem contratar o serviço da empresa têm a opção de assinar a versão mais barata com anúncios, por 5,99 dólares canadenses (R$ 21,75) por mês, ou optar pelo plano padrão, sem publicidade e com a opção de download de episódios de séries e filmes, que custa 16,49 dólares canadenses (R$ 59,87). Há ainda a possibilidade de comprar o plano Premium (com vídeos em qualidade Ultra HD), por 20,99 dólares canadenses (R$ 76,23) por mês.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.