Netflix começa a cobrar para usuário compartilhar senhas no Brasil

Assinantes de 102 países agora também terão que pagar uma tarifa extra se quiserem dividir a sua conta com outras pessoas que não moram na mesma casa

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Bloomberg Línea — A Netflix (NFLX) iniciou nesta terça-feira (23) a cobrança por compartilhamento de senhas no Brasil e em outros 102 países no mundo. A partir de hoje, a conta Netflix só poderá ser usada pelos moradores de uma mesma residência.

“Todas as pessoas que moram nesta mesma residência podem usar a Netflix onde quiserem, seja em casa, na rua ou enquanto viajam”, disse a empresa em comunicado.

Para os usuários que desejarem compartilhar a conta com outras residências, a Netflix permitirá o compartilhamento por R$ 12,90 por mês por assinante extra no Brasil, quase 1/3 do valor cheio de uma conta padrão, que é de R$ 39,90. Nos EUA, a cobrança será de US$ 8 por mês.

No Brasil, o recurso de “assinante extra” atualmente não está disponível para assinantes que são faturados por empresas parceiras.

A plataforma de streaming disse ainda que qualquer pessoa que tenha um perfil na conta da Netflix poderá transferi-lo para uma nova assinatura, que será paga por ela própria.

Segundo a empresa, os assinantes vão conseguir utilizar a plataforma mesmo em outros aparelhos, quando estiverem viajando em hotéis ou casas de temporada.

As ações da empresa caíam 2% na tarde desta terça-feira.

Nova fonte de receitas

A Netflix começou a testar o serviço de compartilhamento de senhas no ano passado depois que a empresa viu uma desaceleração do crescimento do número dos usuários e das receitas.

O serviço foi testado inicialmente no Chile, no Peru e na Costa Rica e estreou em fevereiro no Canadá, em Portugal, na Espanha e na Nova Zelândia.

Agora, 103 países entre Estados Unidos, Europa, América Latina e Ásia recebem o novo recurso. A Netflix estima que cerca de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo (pouco menos da metade do total de assinantes) usem senhas compartilhadas.

No Brasil, a Netflix espera que a cobrança seja mais uma forma de monetização para a plataforma de streaming, que vem lutando com a queda do número de assinantes. A Netflix perdeu 450 mil assinantes no primeiro trimestre de 2023 na América Latina, de acordo com os últimos resultados trimestrais da companhia.

Foi a primeira queda de assinantes na região desde o trimestre encerrado em março de 2022, quando a empresa havia perdido 351 mil assinantes. Ao todo, a Netflix adicionou 1,75 milhão de assinantes no primeiro trimestre, número que ficou abaixo das expectativas de analistas do mercado financeiro, que estimavam crescimento de 2,41 milhões, de acordo com a Bloomberg.

A empresa, que aposta que o pagamento pelo compartilhamento de contas aumentaria sua receita, disse que está satisfeita com o resultado do lançamento do serviço, apesar de uma reação inicial de cancelamento do serviço por parte dos usuários.

Na Espanha, a empresa diz ter perdido mais de um milhão de usuários na Espanha nos primeiros três meses de 2023, de acordo com o grupo de pesquisa de mercado Kantar, em meio à implementação da taxa por compartilhamento de senha no país no início de fevereiro.

“Assim como na América Latina, vimos uma reação de cancelamento em cada mercado quando anunciamos a novidade, o que impacta o crescimento de membros no curto prazo”, disse a empresa, em documento aos acionistas no primeiro trimestre.

Contudo, a gigante do streaming acredita que à medida que os “emprestadores de senhas” comecem a ativar suas próprias contas e os assinantes existentes adicionem contas de “membros extras”, a empresa verá um aumento na aquisição de usuários e na receita.

“No Canadá, que acreditamos ser um espelho confiável para os EUA, nossa base de membros pagantes agora é maior do que antes do lançamento do compartilhamento pago e o crescimento da receita acelerou e agora está crescendo mais rápido do que nos Estados Unidos”, disse a empresa durante divulgação dos últimos resultados trimestrais.

Potenciais novos assinantes

A Netflix disse ainda que à medida que adota o compartilhamento de senhas pago, alguns “emprestadores de senhas” podem deixar de acessar o serviço e a audiência de curto prazo, medida por empresas como a Nielsen, “provavelmente diminuirá modestamente”.

“No entanto, acreditamos que o padrão será semelhante ao que vimos na América Latina, com o crescimento do engajamento sendo retomado ao longo do tempo à medida que continuamos a melhorar nossa programação e os emprestadores de senha se inscrevem em suas próprias contas”, diz o comunicado da Netflix.

A Netflix teve uma receita de pouco mais de US$ 1 bilhão na América Latina no primeiro trimestre de 2023, um crescimento de 7% em relação ao mesmo período no ano passado, quando a empresa teve uma receita de US$ 998 milhões.

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