Microsoft e Apple desistem de ter observadores no conselho da OpenAI

Gigantes de tecnologia voltaram atrás nos planos de assumir funções no conselho da startup, criadora do ChatGPT; decisões ocorrem diante do aumento da pressão de reguladores

The Open AI logo on a laptop arranged in Crockett, California, US, on Friday, Dec. 29, 2023. Microsoft has invested some $13 billion in OpenAI and integrated its products into its core businesses, quickly becoming the undisputed leader of AI among big tech firms.
Por Dina Bass
10 de Julho, 2024 | 03:27 PM

Bloomberg — A Microsoft (MSFT) e a Apple (AAPL) desistiram de seus planos de assumir cargos no conselho da OpenAI, em uma decisão que ressalta o crescente escrutínio regulatório da influência das big techs sobre a inteligência artificial.

A Microsoft, que investiu US$ 13 bilhões na empresa criadora do ChatGPT, se retirará do conselho, disse a empresa em uma carta à OpenAI, que foi vista pela Bloomberg News. A Apple deveria ter assumido um cargo semelhante, mas um porta-voz da OpenAI disse que a startup não terá observadores no conselho após a saída da Microsoft.

Os órgãos reguladores da Europa e dos Estados Unidos expressaram preocupação com o domínio da Microsoft sobre a OpenAI, pressionando uma das empresas mais valiosas do mundo a demonstrar que mantém uma relação de independência.

A Microsoft integrou os serviços da OpenAI em suas plataformas Windows e Copilot AI e, como outras grandes empresas do setor, aposta na nova tecnologia para ajudar a impulsionar o crescimento.

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“Nos últimos oito meses, testemunhamos um avanço significativo do conselho recém-formado e estamos confiantes na direção da empresa”, escreveu a Microsoft na carta. “Não acreditamos mais que nosso papel limitado como observador seja necessário.”

Leia também: Como a Apple chegou a um acordo antes improvável com a OpenAI para abraçar a IA

A Microsoft enfrenta um escrutínio sobre seu suposto domínio da inteligência artificial. Em janeiro, a Comissão Federal de Comércio dos EUA disse que estava investigando o investimento da Microsoft na OpenAI como parte de um inquérito mais ampla sobre as big techs e suas parcerias com startups de IA.

Em outra ação, os EUA iniciaram investigações sobre o suposto domínio da empresa no campo da IA e se a companhia notificou adequadamente as agências antitruste sobre seu acordo com uma rival da OpenAI, a Inflection AI, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News.

Os órgãos reguladores europeus também disseram que iriam questionar rivais da Microsoft sobre o uso exclusivo de sua tecnologia pela OpenAI, e o órgão regulador da concorrência do Reino Unido avalia uma investigação mais profunda sobre o acordo.

A Microsoft não está isolada. O Reino Unido também investiga a colaboração de US$ 4 bilhões da Amazon (AMZN) com a empresa de IA Anthropic, expressando preocupação de que grandes empresas de tecnologia estejam usando parcerias para “se proteger da concorrência”. Os EUA investigam o domínio da Nvidia (NVDA) sobre os chips de IA.

A saída da Microsoft do conselho foi noticiada mais cedo pelo Financial Times.

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As maiores companhias de tecnologia dos EUA, incluindo a Microsoft, bem como a Nvidia, a Alphabet (GOOGL), e a Amazon, investiram dezenas de bilhões de dólares em empresas de IA.

Embora esses investimentos e parcerias sejam uma tábua de salvação para as startups, os órgãos reguladores expressaram preocupação com o fato de que eles ameaçam concentrar o acesso aos modelos de IA mais inovadores entre as empresas de tecnologia que já dominam outras plataformas.

Os gigantes da tecnologia também firmaram acordos não financeiros. Isso inclui a parceria da Apple com a OpenAI para trazer o ChatGPT para o iPhone e a decisão da Microsoft no início deste ano de contratar Mustafa Suleyman, ex-Inflection AI, e a maior parte de sua equipe da rival OpenAI.

A Microsoft assumiu um assento de observadora, sem direito a voto, no conselho da OpenAI no ano passado, semanas depois que os conselheiros da startup demitiram o CEO Sam Altman em um golpe sobre a direção da empresa. Altman foi rapidamente reintegrado após uma reação negativa dos funcionários e o conselho foi reformulado.

“Somos gratos à Microsoft por expressar confiança no conselho e na direção da empresa, e esperamos continuar nossa parceria bem-sucedida”, disse a OpenAI em uma declaração à Bloomberg News, sem comentar diretamente sobre as decisões da Apple ou da Microsoft.

A OpenAI disse que, daqui para frente, a empresa realizará reuniões regulares com parceiros e investidores, incluindo a Thrive Capital e a Khosla Ventures, “para compartilhar o progresso de nossa missão e garantir uma colaboração mais forte em segurança e proteção”.

A OpenAI começou em 2015 como uma organização de pesquisa sem fins lucrativos, mas depois mudou sua estrutura para incluir uma startup com fins lucrativos que solicitou investimentos e fechou parcerias comerciais.

-- Com a colaboração de Rachel Metz, Katharine Gemmell, Samuel Stolton e Mark Bergen.

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