Bloomberg — A Itália aprovou um decreto na segunda-feira (28) que lhe dá poderes para assumir uma participação nos negócios de rede da Telecom Italia, controladora da TIM Brasil, como parte de um esforço do governo da primeira-ministra Giorgia Meloni para ampliar o controle sobre ativos considerados estratégicos.
O decreto dá o apoio do gabinete a um acordo com a empresa de private equity norte-americana KKR & Co. para controlar conjuntamente a rede da Telecom Italia. De acordo com o acerto, que vem sendo trabalhado há meses, a Itália tem o direito de assumir até 20% do negócio, o mais valioso do portfólio do antigo monopólio.
“Nossa visão é aquela que a centro-direita sempre apoiou: assumir o controle estratégico da rede de telecomunicações e proteger os empregos”, disse Meloni durante a reunião do gabinete, de acordo com uma declaração distribuída por seu gabinete.
“O que estamos fazendo hoje é um primeiro passo, que será seguido por decisões mais orientadas para o mercado”, acrescentou.
A KKR assinou um acordo preliminar este mês para incluir o governo em sua oferta de 23 bilhões de euros (US$ 25 bilhões) pela rede, que a Telecom Italia está se desfazendo em um esforço para reduzir a dívida bruta de mais de 30 bilhões de euros.
O governo está pronto para gastar até 2,2 bilhões de euros no acordo, disse o ministro da Economia, Giancarlo Giorgetti, em uma coletiva de imprensa em Roma. Ainda é possível que o credor estatal Cassa Depositi e Prestiti desempenhe um papel “compatível com os limites antitruste”, acrescentou.
Como e por quanto vender o ativo tem sido, há anos, uma questão controversa com o maior acionista da empresa, a Vivendi da França, que anteriormente se opôs ao acordo.
Embora a empresa seja de propriedade privada, o negócio de telecomunicações está sob a supervisão do governo, que tem o direito de vetar negócios que envolvam o que considera ativos estratégicos.
O motivo da decisão do governo de assumir uma participação é “ter uma palavra a dizer sobre questões de segurança e infraestrutura que são vitais para o futuro do país”, disse Giorgetti.
A coalizão de Meloni, que herdou do governo do ex-premiê Mario Draghi, em 2022, o problema não resolvido sobre o que fazer com o negócio de rede, prometeu proteger os 40.000 funcionários da Telecom Italia, mas durante meses discordou sobre a melhor maneira de proceder.
A decisão de se envolver diretamente na propriedade da empresa reflete a estratégia intervencionista de Meloni e seu interesse em manter um controle direto sobre os negócios.
O antigo monopólio de telecomunicações vem enfrentando uma complexa combinação de altos custos trabalhistas e a necessidade de investimentos cada vez maiores para modernizar a infraestrutura.
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