Bloomberg Línea — A popularidade de redes sociais como o TikTok entre a Geração Z e o surgimento de plataformas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, da OpenAI, têm levantado dúvidas entre analistas nos últimos anos sobre a capacidade do Google de manter a sua posição dominante na internet.
Para Fábio Coelho, presidente do Google no Brasil, essas preocupações não refletem a realidade dos números da empresa e de como a audiência dos serviços da companhia tem se comportado.
Um exemplo disso é a quantidade de buscas feitas anualmente na plataforma. Em 2024, os usuários fizeram mais de 5 trilhões de pesquisas no buscador, segundo Coelho, em entrevista à Bloomberg Línea. É a primeira vez que o Google divulga o dado.
“O Google Search continua crescendo. E uma coisa incrível é que 15% das buscas que são feitas todos os dias jamais foram feitas antes”, afirma Coelho, que lidera a operação brasileira há 14 anos dos 20 anos em que o Google está presente no país.
O Google não abriu os números de 2023, para uma análise comparativa nem os dados da operação local.
Os dados, antecipados à Bloomberg Línea, serão apresentados nesta terça-feira, (25), no Think with Google, em São Paulo, evento em que a gigante de tecnologia recebe anunciantes e agências de publicidade para mostrar como os seus produtos podem contribuir para os negócios.
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A divulgação ocorre em um momento em que algumas pesquisas sinalizam que a plataforma líder em motor de buscas tem perdido espaço entre os usuários da Geração Z.
Um levantamento global da Adobe, divulgado no ano passado, mostrou que 64% dos centennials, pessoas nascidas entre 1995 e 2010, têm optado pelo TikTok no momento de procurar informações.
Em 2022, em evento da Fortune, um executivo do próprio Google revelou que 40% dos jovens faziam uso do TikTok como ferramenta de busca.
Nos últimos anos, as ferramentas de GenAI (inteligência artificial generativa) também passaram a ser apontadas como potenciais concorrentes.
O CEO do Google Brasil negou que a divulgação dos dados seja uma resposta a uma eventual pressão do mercado.
“Estamos fazendo isso porque é um momento novo. Nós temos que ter a narrativa correta. Não podemos lutar contra a realidade. O Google não está perdendo buscas. Num momento novo, com mais informação no mercado, com mais empresas contando as suas histórias, nós temos que recorrer às fontes oficiais, aos institutos de pesquisa, para poder mostrar o dado”, diz Coelho.
“Essas plataformas são muito interessantes e são boas para você poder analisar determinadas categorias. Mas quando você pensa na massa de dados como um todo, o que acontece é que, no momento da tomada de decisões que são mais intencionais, com informações mais completas, as pessoas acabam vindo para o Google, inclusive da Geração Z”, afirma.
Uso pela Geração Z
De acordo com dados internos do Google, a Geração Z é uma grande usuária do buscador globalmente e supera as pesquisas feitas pelas demais faixas etárias.
No Brasil, a ferramenta é usada por 83% desse perfil de público para compras, seja para procurar e ter ideias seja como último passo para efetivar a transação.
O YouTube, também de propriedade da Alphabet, a holding que controla o Google, é a principal plataforma digital em alcance de pessoas de 18 a 24 anos no Brasil, segundo a pesquisa TGI, sobre hábitos e atitudes do consumidor, realizada pela Kantar Ibope Media no Brasil.
A plataforma de vídeos alcançou mais de 75 milhões de pessoas no Brasil com 18 anos ou mais na TV conectada. Globalmente, o Shorts, lançado para competir com o TikTok, tem acumulado 70 bilhões de visualizações diárias em todo o mundo.
IA generativa
Além de acentuar a relevância dos seus serviços, o Google tem buscado acelerar a integração com a IA generativa, aproveitando o recente lançamento do Gemini 2.0, no mercado desde dezembro.
A visão do Google é de que isso pode ser uma das estratégias para o crescimento financeiro das empresas que utilizam os serviços da empresa.
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“A primeira mensagem que vamos mostrar é uma narrativa que integra AI junto às nossas plataformas e que isso libera a criatividade em escala para eles (publicitários), para permitir crescimento de receita. Eu acho que é o que está todo mundo correndo atrás nesse momento”, afirma Coelho.
“Um estudo global do BCG (Boston Consulting Group) aponta que marqueteiros que integram IA de forma cerca relatam um crescimento de receita 60% maior do que aqueles que não o fazem”, diz o exevutivo.
Segundo um levantamento do próprio Google com o BCG, o estágio de maturidade digital em IA generativa das empresas está concentrada nos níveis mais básicos. Trinta e sete por cento deles estão no primeiro estágio, 33% estão no segundo, e outros 30%, no terceiro. Apenas 1% estão no quarto estágio, mais avançado. O estudo usou uma base de 196 empresas.
O objetivo com a IA generativa, segundo Coelho, é dar mais um passo no projeto que o Google lançou no passado para elevar o nível de maturidade digital das empresas brasileiras.
“A integração das ferramentas de inteligência artificial de uma maneira estruturada vai fazer com que tenhamos melhor capacidade de criação e produção, de mensuração e otimização tanto dos criativos quanto das estratégias de mídia. E as campanhas de mídia conseguirão automaticamente identificar os clientes certos, aumentando a relevância desses anúncios”, disse ele.
Globalmente, mais de 380.000 pequenas e médias empresa usam ferramentas de IA generativa no Google Ads para criar peças para as suas campanhas, segundo o Google.
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