Bloomberg — O Google (GOOGL) está considerando cobrar por novos recursos “premium” executados por inteligência artificial, segundo o jornal Financial Times, marcando a primeira vez que a empresa colocaria algum de seus produtos principais atrás de um paywall.
O gigante da tecnologia está avaliando opções como adicionar determinados recursos de busca de IA aos seus serviços de assinatura premium, relatou o FT, citando três pessoas não identificadas familiarizadas com os planos.
Os engenheiros estão desenvolvendo a tecnologia para lançar o serviço, mas os executivos ainda não decidiram se ou quando lançá-lo, segundo a reportagem. O mecanismo de busca onipresente do Google continuaria sendo gratuito e os anúncios apareceriam junto com os resultados da pesquisa, mesmo para assinantes, disse o FT.
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“Continuamos a melhorar rapidamente o produto para atender às novas necessidades dos usuários”, disse um porta-voz. “Não estamos trabalhando ou considerando uma experiência de busca sem anúncios. Como fizemos muitas vezes antes, continuaremos a desenvolver novas capacidades e serviços premium para aprimorar nossas ofertas de assinatura em toda o Google.”
A possível movimentação sugere que a unidade da Alphabet ainda não descobriu como incorporar a nova tecnologia, de rápido crescimento, sem ameaçar seu negócio essencial de publicidade. As ações caíram menos de 1% após o fechamento dos negócios na quarta-feira (3), após a notícia ser divulgada.
Desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final de 2022, o Google se viu na defensiva diante do chatbot extremamente popular.
A habilidade do ChatGPT de fornecer respostas a consultas em uma voz narrativa forçou o Google a repensar sua lista tradicional de links azuis para sites e os lucrativos anúncios que aparecem ao lado deles. Enquanto isso, nos últimos anos, uma nova safra de startups de busca surgiu.
Algumas tentaram persuadir os usuários a se inscreverem em assinaturas pagas para acessar recursos de busca de IA generativa ou para obter melhores proteções de privacidade.
IA e rentabilidade
No ano passado, o Google começou a testar seu próprio serviço de busca alimentado por IA que combina a narrativa personalizada e detalhada, além de links para sites e publicidade. Mas tem sido lento para incorporar recursos de sua “experiência de busca generativa” experimental ao mecanismo de busca principal.
Em fevereiro, o Google adicionou um novo nível pago ao seu serviço de assinatura para consumidores que dá às pessoas acesso ao seu modelo de IA mais recente, o Gemini.
Usuários que pagam por essa assinatura, chamada Google One AI Premium, podem usar seu chatbot avançado Gemini e acessar o modelo de IA generativa em serviços populares como Gmail e Google Docs.
Usar a tecnologia de IA generativa para alimentar consultas de busca é “extremamente caro”, disse um ex-funcionário do Google que trabalhou nos produtos de busca da empresa.
As equipes regularmente realizavam testes de referência em consultas aleatórias internamente para medir o quão rapidamente o mecanismo de busca do Google podia entregar resultados — mas eles não realizavam os mesmos testes para o produto de busca alimentado por IA do Google em parte porque era muito caro, disse o ex-funcionário.
Após o surgimento do ChatGPT, o Google reorientou suas equipes para implantar mais pessoas para trabalhar na experiência alimentada por IA, de acordo com outro ex-funcionário do Google. Embora o feedback inicial fosse positivo, o alto custo provavelmente influenciou na decisão de não lançá-lo mais amplamente, disse a pessoa.
Para o Google, cobrar por determinados recursos de busca de IA poderia ajudar a empresa a obter alguma receita adicional, sem canibalizar seu principal negócio de publicidade de busca, segundo Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence.
“Dado que a OpenAI atingiu uma taxa de execução de assinaturas de US$ 2 bilhões com consumidores, acreditamos que a Alphabet poderia ver um impulso semelhante para suas vendas de assinaturas de US$ 15 bilhões”, escreveu o analista em um e-mail.
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