Fintech Rapyd compra PayU por US$ 610 milhões para crescer na América Latina

Rapyd, que no ano passado disse que procurava uma aquisição no Brasil, optou por comprar a empresa, que fazia parte do grupo Prosus, para se estabelecer na região

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Bloomberg Línea — Uma das empresas de tecnologia de mais rápido crescimento de Israel, a Rapyd fechou um acordo para a compra da PayU GPO, com sede na Holanda, por US$ 610 milhões. A transação foi feita totalmente em dinheiro.

A PayU é uma fornecedora de soluções de pagamento para grandes e pequenas e médias empresas em mercados emergentes, com forte atuação na América Latina. Segundo a Rapyd, a aquisição da PayU dá continuidade à expansão da empresa nos mercados emergentes da Europa Central e Oriental e América Latina.

O CEO da Rapyd, Arik Shtilman, disse em comunicado que a empresa já planejava expandir na América Latina e Europa e “dadas as condições atuais do mercado fazia mais sentido comprar em vez de construir organicamente”.

De acordo com o Chief Strategy Officer (CSO) da Rapyd, Eric Rosenthal, os clientes da Rapyd vão ter acesso às principais funcionalidades da PayU na América Latina.

“Essa aquisição vai ajudar o mercado latino-americano a se tornar uma das regiões mais relevantes da operação da Rapyd, representando cerca de 25% dos negócios globais”, disse, em comunicado à imprensa.

A Rapyd é a startup mais valiosa de Israel e tem um dos maiores valuations para empresas de capital fechado no mundo: US$ 15 bilhões. Entre os investidores na startup estão empresa como a BlackRock e a gigante americana de investimentos Fidelity, além de General Catalyst, Target Global e Spark Capital.

Com a consolidação dos negócios na região, a Rapyd vai concorrer com a fintech brasileira Ebanx, investida da Advent, em um mercado em que não apenas players globais como a Stripe estão olhando, mas também locais, como o unicórnio uruguaio dLocal. A conclusão da transação está sujeita à obtenção de aprovações regulatórias em diversos países.

Prosus

A aquisição exclui as operações da PayU na Índia, Turquia e Sudeste Asiático, que ainda pertencem à Prosus, empresa de investimentos do grupo sul-africano Naspers. Com a venda que rende US$ 610 milhões, a Prosus vai se concentrar na Índia, onde a PayU tem um negócio lucrativo e atende a mais de 450.000 comerciantes e mais de 2 milhões de clientes de crédito.

Em maio, a Bloomberg News informou que a Prosus explorava a possibilidade de vender parte da PayU e trabalhava com o Bank of America para avaliar o interesse no negócio da PayU fora da Índia.

Segundo resultados financeiros da Prosus para o ano terminado em 31 de março de 2023, a PayU teve um desempenho geral sólido, com o negócio de Serviços de Pagamentos (PSP) da Índia lucrativo e um crescimento significativo no negócio de crédito na Índia - onde a Prosus é dona do negócio da PayU.

Mas, para a organização global de pagamentos - parte que foi adquirida pela Rapyd -, a Prosus fez uma provisão única de US$ 23 milhões, o que contribuiu para as perdas comerciais consolidadas de US$ 83 milhões.

A Prosus busca reduzir custos e se concentrar em esforços para se tornar lucrativa até o primeiro semestre de 2025. O CIO (Chief Investment Officer) da Prosus, Ervin Tu, disse em uma entrevista no à Bloomberg News no final do ano passado que a empresa estava trabalhando em fusões e vendas, buscando aumentar o retorno aos acionistas.

Planos para IPO

A Rapyd se prepara para um IPO (oferta pública inicial) nos Estados Unidos. A aquisição é uma jogada estratégica que dá continuidade à expansão da empresa nos mercados emergentes. Com a PayU, a Rapyd terá uma carteira de clientes que inclui empresas como Adidas, Google, Ikea, Meta, Netflix, Rappi e Uber.

No ano passado, a Rapyd pretendia fazer uma aquisição nos Estados Unidos como uma forma de atrair investidores para sua estreia das ações nas bolsas americanas e evitar um “viés doméstico”, de acordo com o que o CEO Arik Shtilman disse à Bloomberg News em fevereiro de 2022.

“Não quero explicar a um fundo de pensão que pretende investir no meu IPO o que estou fazendo no Brasil”, disse Shtilman na época. “Só explicar aos americanos onde o Brasil está no mapa já é complicado demais.”

Com a janela de IPO distante no ano passado, o provedor de pagamentos internacionais olhou para o Brasil como uma “maior prioridade”, como Ximena Azcuy, diretora de parcerias de rede e desenvolvimento de negócios nas Américas da Rapyd, disse à Bloomberg Línea no ano passado. “A aquisição é nossa maior prioridade no Brasil, que está entre os três principais mercados na cabeça da liderança sênior”, disse.

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