Fintech argentina Ualá capta US$ 300 mi para a tese da bancarização em LatAm

‘Queremos ser o maior banco da Argentina’, diz o fundador e CEO, Pierpaolo Barbieri, à Bloomberg News; startup é avaliada em US$ 2,75 bi e atrai investidores como Bill Ackman e a Allianz

Pierpaolo Barbieri, founder and chief executive officer of Bancar Tecnologia SA (Uala), during the Bloomberg New Economy at the B20 in Sao Paulo, Brazil, on Wednesday, Oct. 23, 2024. Amid growing tension over trade barriers, environmental upheaval and global security, this special event will complement the annual Business 20 (B20) gathering by convening New Economy's exceptional community of leaders from the public and private sectors to tackle the most urgent challenges. Photographer: Tuane Fernandes/Bloomberg
Por Katie Roof - Carolina Millan
11 de Novembro, 2024 | 08:37 PM

Bloomberg — A fintech argentina Ualá levantou US$ 300 milhões de investidores com um valuation de US$ 2,75 bilhões, o que a torna uma das startups mais valiosas da América Latina.

A rodada Série E foi liderada pelo Allianz X, o braço de capital de risco da gigante alemã de seguros Allianz, que não havia investido na América Latina anteriormente.

Outros novos investidores incluem o Stone Ridge Group, a Pershing Square de Bill Ackman, o bilionário Alan Howard, o family office mexicano Rodina e o Claure Group, de Marcelo Claure.

Investidores existentes, como o Soros Fund Management de George Soros, o Goldman Sachs, o SoftBank e a chinesa Tencent Holdings também participaram da rodada.

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“Vamos usar os recursos para expandir [a startup] na Argentina, onde meu objetivo é ser o maior banco do país, não apenas por usuários, mas pelo tamanho da carteira”, disse o fundador e CEO Pierpaolo Barbieri em uma entrevista à Bloomberg News.

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À medida que se expande, a Ualá “não descarta” o crescimento em outros mercados e está aberta a aquisições, disse o CEO. Os novos fundos também serão usados “para a expansão das unidades de negócios tanto no México quanto na Colômbia”.

A empresa havia sido avaliada pela última vez em US$ 2,45 bilhões após uma rodada de financiamento de US$ 350 milhões em 2021.

Barbieri disse que o aumento do valuation “mostra confiança” dos investidores no potencial da Ualá. E acrescentou: “estamos muito orgulhosos de poder mostrar liderança na região”.

A empresa buscará ser lucrativa em todos os mercados antes de vislumbrar uma oferta pública inicial nos EUA, disse ele.

A rodada de financiamento ocorre em um ambiente ainda desafiador para as startups latino-americanas, com investidores globais que permanecem à margem da região, dado que as taxas de juros nos EUA, apesar do início do relaxamento monetário, continuam altas em relação aos últimos anos.

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A região registrou um volume menor de aportes de capital de risco no terceiro trimestre e relativamente poucas aquisições recentes, de acordo com dados do PitchBook.

Alcance regional

A Ualá, a maior startup da Argentina, tem 8 milhões de usuários.

Cerca de 6 milhões deles estão localizados em seu país de origem, com uma base de usuários que representa mais de 17% da população adulta da Argentina.

Lançada em 2017 com um cartão de débito, a empresa agora oferece uma série de produtos, incluindo pagamentos, crédito, adquirência e investimentos.

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Mais recentemente, a demanda tem sido “louca” por contas denominadas em dólares, disse Barbieri, com 100 mil aberturas de contas nos primeiros cinco dias da oferta, embora apenas meio milhão de usuários tenha recebido essa opção.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participou de evento na recém-inaugurada sede da empresa no bairro rico de Palermo, em Buenos Aires. Dos 1.500 funcionários da Ualá, cerca de 1.000 estão localizados na Argentina.

A empresa analisa o plano de incentivo a investimentos da Milei, e Barbieri disse que espera que a empresa se qualifique para recebê-los, mas não quis dar detalhes.

Barbieri também destacou o potencial do mercado mexicano, onde a empresa opera com uma licença bancária desde que recebeu a aprovação do órgão regulador em 2023, e onde espera eventualmente fazer mais negócios do que na Argentina.

Barbieri disse que a Ualá continuará a oferecer um alto rendimento em contas de poupança, uma ferramenta que se tornou uma forma popular de as fintechs atraírem poupadores no México.

“O que tem sido difícil é conceder empréstimos no México para pessoas que não têm um histórico de crédito”, disse ele.

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“No nosso caso, somos a primeira empresa de débito [de muitas pessoas] e usamos essas informações, além de dados de celular, de pagamento de contas, de remessas e de adquirência para criarmos nosso próprio score e então concedemos crédito”, explicou sobre a estratégia.

A empresa também buscará expandir suas ofertas na Colômbia, onde tem cerca de 700 mil usuários, mas ainda está na fase de inclusão de serviços. “A taxa de crescimento lá tem sido menor porque o conjunto de produtos ainda não está completo”, disse Barbieri.

A parceria com a Allianz também abrirá espaço para a Ualá explorar oportunidades em insurtech, ou seja, seguros com uso de tecnologia, de acordo com um comunicado à imprensa.

"Nosso investimento na Ualá oferece oportunidades de parceria financeira e estratégica, o que pode nos permitir, em conjunto, penetrar em novos segmentos de clientes, capitalizar oportunidades de crescimento e melhorar a experiência do cliente", disse o CEO da Allianz X, Nazim Cetin.

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