Fim do Skype: Microsoft vai encerrar serviço de chamadas online para focar no Teams

Criado em 2003 por empreendedores da Suécia e da Dinamarca, Skype foi sinônimo durante décadas de ligações pela internet; Microsoft comprou o serviço em 2011 por US$ 8,5 bi

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Bloomberg — A Microsoft (MSFT) decidiu encerrar a operação do Skype, o icônico serviço de videochamadas e bate-papo pela internet comprado há quase 14 anos pela companhia.

Outrora sinônimo de ligações online que evitavam tarifas de longa distância, o Skype foi superado nos últimos anos pelos aplicativos de comunicação nativos para smartphones e pelas videochamadas do Zoom (ZM).

Quando a Microsoft tentou estender o uso do Skype para o local de trabalho, ela perdeu a briga para a Slack Technologies.

A resposta da Microsoft foi começar do zero e criar o Teams, um serviço de comunicação por chat, voz e vídeo para o local de trabalho, que ganhou espaço como parte de seu pacote de software.

A empresa sediada em Redmond, no estado de Washington, oferecerá aos usuários do Skype a opção de migrar para o Teams, que agora é seu maior rival do Slack, de propriedade da Salesforce (CRM), antes de ser encerrado em maio.

“Estou na Microsoft há mais de 30 anos, e há muitos softwares que desenvolvemos que foram incrivelmente valiosos em sua época, e então veio a próxima era e eles foram a fundação, disse Jeff Teper, presidente da Microsoft que supervisiona as ferramentas de comunicação e colaboração.

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A Microsoft disse que havia mais de 300 milhões de usuários mensais do Skype em 2016, mas que o número de usuários diários havia diminuído para 36 milhões em 2023. O Teams, em comparação, aumentou para 320 milhões de usuários mensais.

Fundada em 2003 por empreendedores da Suécia e da Dinamarca, a Skype chegou a pertencer ao eBay e estava nas mãos de um consórcio de capital privado quando Steve Ballmer bateu à porta.

O então CEO da Microsoft fez uma aposta inusitada no líder do mercado de chamadas on-line, pagando US$ 8,5 bilhões, um prêmio de 40% sobre o valuation interno da Skype. O acordo de maio de 2011 foi a maior aquisição da Microsoft na época, e o Skype se tornou uma peça-chave de sua estratégia para era móvel.

O resultado não foi o esperado por Ballmer. Empresas emergentes como Telegram, Snapchat, WeChat e WhatsApp resolveram problemas que o Skype não resolveu.

O centro de gravidade da Microsoft em software corporativo acabou deixando o Skype de lado, que se viu na divisão Office e sob ordens de criar ferramentas voltadas para o público do local de trabalho, bem como para o público consumidor.

Quando o Slack entrou em cena, os usuários do Skype reclamavam que os elementos da experiência principal haviam começado a falhar. Eles citaram chamadas perdidas ou fantasmas e falhas na sincronização de informações em diferentes dispositivos.

A empresa trabalhou para melhorar a confiabilidade do serviço, mas alguns usuários fiéis ficaram desanimados com as frequentes reformulações, incluindo um esforço de curta duração para moldar o Skype nos moldes do Snapchat.

A Microsoft, que também viu sua aquisição do negócio de telefonia móvel da Nokia fracassar, está longe de ser a única a enfrentar a rejeição de um mercado consumidor inconstante.

O Google, da Alphabet, passou por várias mudanças em suas ferramentas de comunicação on-line, que hoje são conhecidas como Chat e Meet. E, neste mês, a Amazon disse que encerraria o Chime, o serviço de chamadas de voz e vídeo que tentou, com pouco sucesso, vender para clientes corporativos.

A fabricante do Windows fechará o Skype para se concentrar no desenvolvimento de novos recursos para o Teams, incluindo ferramentas de inteligência artificial, disse Teper.

A empresa trabalha para inserir a IA em seu conjunto de produtos, ao mesmo tempo em que mantém um controle sobre os gastos que não fazem parte desse esforço. A empresa vai realocar funcionários que trabalhavam no Skype para outras áreas da empresa e não demitirá ninguém, acrescentou Teper.

Em um determinado momento, o Skype foi palco de uma das maiores demonstrações de IA da Microsoft: um tradutor em tempo real. O CEO Satya Nadella havia incentivado os pesquisadores a lançar o produto no mercado o mais rápido possível e o considerou “mágico” em uma demonstração de 2014, no início de seu mandato.

O Teams está "indo bem e este é um passo para dobrá-lo", disse Teper, acrescentando que a Microsoft queria manter o Skype funcionando até que estivesse confiante de que a versão do Teams para usuários individuais estivesse totalmente pronta. "É, de longe, o produto de maior sucesso em sua categoria", disse ele.

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