Bloomberg — O governo da China deu sinal verde para a EHang Holdings iniciar operações de teste do chamado táxi aéreo elétrico ainda neste ano, um passo em direção ao objetivo da empresa de lançar o primeiro serviço comercial do mundo usando a futurista aeronave alimentada por bateria.
Os recibos de ações da EHang, negociados nos Estados Unidos, tiveram o maior aumento intradiário do ano nesta sexta-feira (13), com alta de até 51%, depois que a empresa anunciou que seu modelo EH216-S autônomo, com capacidade para dois passageiros, obteve o primeiro certificado necessário da China que atesta a “aeronavegabilidade” junto às autoridades regulatórias.
Isso permitirá que a empresa com sede em Guangzho trabalhe com parceiros locais e realize passeios aéreos em locais cênicos, como o Lago Tianchi na província de Xinjiang e a Baía de OH em Shenzhen.
O EH216-S, com preço estimado em 2,16 milhões de yuans (US$ 300 mil), possui oito braços que se projetam a partir de seu centro equipados com 16 hélices, cada uma com seu próprio motor elétrico. Ele pode viajar a cerca de 100 km/h por 25 minutos, de acordo com a EHang, que não informou quanto poderia custar um passeio de táxi aéreo.
A decisão tomada na sexta pela Administração de Aviação Civil da China dá à EHang uma vantagem potencial sobre um pré-mercado lotado de concorrentes nos Estados Unidos e na Europa, que correm para cumprir diretrizes rigorosas de certificação. Um deles é o modelo da Eve, da Embraer (EMBR3).
Os táxis aéreos em desenvolvimento usam várias novas tecnologias, incluindo baterias para alimentar as aeronaves e tipos inovadores de materiais, o que torna mais complexa a avaliação por parte dos reguladores.
“Obter um certificado de tipo significa ter um bilhete para ser lucrativo”, disse o fundador e CEO da EHang, Hu Huazhi. “Também nos confere vantagens como pioneiros em comparação com os EUA.”
Os recibos de depósito americano (ADRs) da EHang subiram até 51% em relação ao último fechamento em 6 de outubro, registrando seu maior ganho intradiário desde dezembro de 2022. Até as 10h26 em Nova York, estavam em alta de 25%, com um valor de mercado de cerca de US$ 1,3 bilhão.
Os desenvolvedores dos chamados eVTOLs, ou veículos elétricos de decolagem e pouso vertical, enfrentaram contratempos periódicos que destacam os desafios de segurança envolvidos no design, na fabricação e na operação de táxis aéreos. A Vertical Aerospace do Reino Unido culpou um problema de colagem por um acidente em agosto.
Outras empresas que buscam certificação a curto prazo incluem a Joby Aviation e a Archer Aviation nos EUA, e a Volocopter da Alemanha, que planeja operar um serviço durante a Olimpíada de Paris no próximo ano.
Os modelos iniciais de cada uma dessas empresas exigem um piloto, ao contrário do EH216-S. A Archer trabalha com a subsidiária Wisk da Boeing em tecnologia futura de voo autônomo.
Cada empresa perde dinheiro enquanto busca levar aeronaves ao mercado. No entanto os reguladores estão adotando uma abordagem cautelosa. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA afirmou em julho que não esperava ver táxis aéreos sobre as cidades dos EUA em grande quantidade antes de 2028.
Enquanto isso, o CEO da Archer disse ao Financial Times em junho que as diretrizes da Agência Europeia de Segurança da Aviação tornarão “extremamente difícil” levar os veículos ao mercado.
Algumas startups, incluindo o projeto Kittyhawk do co-fundador do Google Larry Page foram forçadas a encerrar as atividades.
A China tornou o desenvolvimento de eVTOLs uma prioridade.
Se seus testes atenderem aos padrões regulatórios do país, a EHang ganharia receita e teria a oportunidade de construir um histórico enquanto busca certificações em outros mercados. A empresa também trabalha em direção à aprovação da FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA).
Nesta semana, autoridades chinesas, incluindo o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação e a CAAC (Administração de Aviação Civil da China), enfatizaram a importância dos eVTOLs em seu plano de desenvolver o setor aeroespacial ecologicamente sustentável do país até 2035.
A EHang disse que recebeu pré-encomendas de 100 aeronaves EH216-S no mercado interno e pré-encomendas de mais de 1.200 veículos desse modelo em mercados internacionais, incluindo Japão, Malásia e Indonésia.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Na Eve, de carros voadores, parceria com a Porsche e uma startup que foge à regra
Carros autônomos e táxis robô ganham inimigos ao circularem por São Francisco