Empresa chinesa avança com táxi voador que pode rivalizar com Eve, da Embraer

Governo da segunda maior economia do mundo autoriza início de testes ainda neste ano do modelo EH216-S autônomo; ADRs da companhia disparam até 51% em Nova York

An EHang Inc. 216 autonomous aerial vehicle (AAV) prepares to land during an Urban Air Mobility Seoul Demo event in Seoul, South Korea, on Wednesday, Nov. 11, 2020. The event, near Seoul’s Han River, offered a glimpse into the future and what flying vehicles might look like in a densely populated city. Photographer: SeongJoon Cho/Bloomberg
Por Jane Zhang
13 de Outubro, 2023 | 02:06 PM

Bloomberg — O governo da China deu sinal verde para a EHang Holdings iniciar operações de teste do chamado táxi aéreo elétrico ainda neste ano, um passo em direção ao objetivo da empresa de lançar o primeiro serviço comercial do mundo usando a futurista aeronave alimentada por bateria.

Os recibos de ações da EHang, negociados nos Estados Unidos, tiveram o maior aumento intradiário do ano nesta sexta-feira (13), com alta de até 51%, depois que a empresa anunciou que seu modelo EH216-S autônomo, com capacidade para dois passageiros, obteve o primeiro certificado necessário da China que atesta a “aeronavegabilidade” junto às autoridades regulatórias.

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Isso permitirá que a empresa com sede em Guangzho trabalhe com parceiros locais e realize passeios aéreos em locais cênicos, como o Lago Tianchi na província de Xinjiang e a Baía de OH em Shenzhen.

O EH216-S, com preço estimado em 2,16 milhões de yuans (US$ 300 mil), possui oito braços que se projetam a partir de seu centro equipados com 16 hélices, cada uma com seu próprio motor elétrico. Ele pode viajar a cerca de 100 km/h por 25 minutos, de acordo com a EHang, que não informou quanto poderia custar um passeio de táxi aéreo.

A decisão tomada na sexta pela Administração de Aviação Civil da China dá à EHang uma vantagem potencial sobre um pré-mercado lotado de concorrentes nos Estados Unidos e na Europa, que correm para cumprir diretrizes rigorosas de certificação. Um deles é o modelo da Eve, da Embraer (EMBR3).

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Os táxis aéreos em desenvolvimento usam várias novas tecnologias, incluindo baterias para alimentar as aeronaves e tipos inovadores de materiais, o que torna mais complexa a avaliação por parte dos reguladores.

“Obter um certificado de tipo significa ter um bilhete para ser lucrativo”, disse o fundador e CEO da EHang, Hu Huazhi. “Também nos confere vantagens como pioneiros em comparação com os EUA.”

Os recibos de depósito americano (ADRs) da EHang subiram até 51% em relação ao último fechamento em 6 de outubro, registrando seu maior ganho intradiário desde dezembro de 2022. Até as 10h26 em Nova York, estavam em alta de 25%, com um valor de mercado de cerca de US$ 1,3 bilhão.

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Os desenvolvedores dos chamados eVTOLs, ou veículos elétricos de decolagem e pouso vertical, enfrentaram contratempos periódicos que destacam os desafios de segurança envolvidos no design, na fabricação e na operação de táxis aéreos. A Vertical Aerospace do Reino Unido culpou um problema de colagem por um acidente em agosto.

Outras empresas que buscam certificação a curto prazo incluem a Joby Aviation e a Archer Aviation nos EUA, e a Volocopter da Alemanha, que planeja operar um serviço durante a Olimpíada de Paris no próximo ano.

Os modelos iniciais de cada uma dessas empresas exigem um piloto, ao contrário do EH216-S. A Archer trabalha com a subsidiária Wisk da Boeing em tecnologia futura de voo autônomo.

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Cada empresa perde dinheiro enquanto busca levar aeronaves ao mercado. No entanto os reguladores estão adotando uma abordagem cautelosa. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA afirmou em julho que não esperava ver táxis aéreos sobre as cidades dos EUA em grande quantidade antes de 2028.

Enquanto isso, o CEO da Archer disse ao Financial Times em junho que as diretrizes da Agência Europeia de Segurança da Aviação tornarão “extremamente difícil” levar os veículos ao mercado.

Algumas startups, incluindo o projeto Kittyhawk do co-fundador do Google Larry Page foram forçadas a encerrar as atividades.

A China tornou o desenvolvimento de eVTOLs uma prioridade.

Se seus testes atenderem aos padrões regulatórios do país, a EHang ganharia receita e teria a oportunidade de construir um histórico enquanto busca certificações em outros mercados. A empresa também trabalha em direção à aprovação da FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA).

Nesta semana, autoridades chinesas, incluindo o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação e a CAAC (Administração de Aviação Civil da China), enfatizaram a importância dos eVTOLs em seu plano de desenvolver o setor aeroespacial ecologicamente sustentável do país até 2035.

A EHang disse que recebeu pré-encomendas de 100 aeronaves EH216-S no mercado interno e pré-encomendas de mais de 1.200 veículos desse modelo em mercados internacionais, incluindo Japão, Malásia e Indonésia.

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