Ele fundou a maior edtech do mundo e ficou bilionário. Agora perdeu o controle

Byju Raveendran será substituído por profissional designado por tribunal indiano que declarou a insolvência da empresa que leva o seu nome e que chegou a valer US$ 22 bilhões no auge

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Bloomberg — O famoso fundador da Byju’s acaba de perder o controle de sua empresa depois que um tribunal indiano declarou sua insolvência, em uma decisão histórica que pode selar o destino de uma startup que já simbolizou as ambições tecnológicas da Índia e que já ostentou o status de edtech mais valiosa do planeta.

O empresário e agora ex-bilionário Byju Raveendran tem poucas opções para tentar salvar uma empresa que, em seu auge, estava entre as startups mais valiosas do mundo - de todos os setores, avaliada em US$ 22 bilhões.

Na última terça-feira (16), o National Company Law Tribunal da Índia permitiu o início de um processo de falência contra a empresa e instalou um profissional de resolução interino para substituir o fundador e comandar as operações, após a petição de um de seus credores, o poderoso órgão governamental que comanda o críquete do país - a modalidade esportiva mais popular.

O tribunal também convidou outros credores, funcionários e fornecedores da Byju a apresentarem reclamações.

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A decisão é o maior passo dado até o momento em direção ao fim da curta, porém de grande visibilidade, existência da empresa provedora de educação online.

Fundada em 2015, a Byju’s rapidamente conquistou fãs com seu método de ensino e viu seus negócios crescerem especialmente durante a pandemia de covid, o que levou Raveendran a expandir os negócios para o exterior - incluindo o Brasil - e tornar-se bilionário no processo.

Mas, quando a pandemia perdeu força e as salas de aula foram retomadas, os recursos de alunos diminuíram e a empresa enfrentou problemas legais nos EUA e no seu mercado doméstico.

“O destino da Byju’s é uma grande lição para a economia de startups da Índia”, disse Vidhyashankar Sathyamurthi, pesquisador de política tecnológica do think tank The Pacific Forum e ex-diretor executivo da Grant Thornton India. “É também um conto de advertência sobre a ganância dos investidores e as ambições de um fundador.”

A empresa de Raveendran, que já foi um garoto-propaganda do florescente setor de startups da Índia, é uma das várias empresas de tecnologia que já foram leiloadas e que, desde então, foram atingidas por problemas financeiros ou legais.

A Paytm, empresa que popularizou as finanças online em toda a Índia, luta para lidar com as consequências de uma suspensão abrupta de uma divisão importante pelo banco central do país asiático.

O pleito apresentado pelo Conselho de Controle de Críquete da Índia (BCCI, na sigla em inglês) - a Byju’s costumava patrocinar a equipe nacional - é um dos vários casos de pedido de falência que a Byju’s enfrenta na Índia e no exterior.

A “existência de uma dívida e de uma inadimplência no pagamento da dívida está claramente estabelecida”, disse o tribunal de empresas em sua decisão, acrescentando que não encontrou motivos para negar a petição apresentada pelo órgão que comanda o esporte no país. O conselho de críquete disse que tem uma dívida de 1,59 bilhão de rúpias (US$ 19 milhões) a receber da Byju’s.

“Isso significa, na prática, que os fundadores e o atual conselho de administração perdem o controle da Byju’s”, disse Satwinder Singh, managing partner da Aekom Legal.

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"O profissional de resolução agora será responsável por realizar as operações da empresa e mantê-la em funcionamento até que o processo de insolvência seja concluído."

A Byju's tem a opção de recorrer da decisão e pode interromper o processo de insolvência se obtiver a chamada ordem de suspensão. Mas, por enquanto, os profissionais de insolvência descreveram o provável caminho a seguir: o administrador nomeado entrará em contato com os fornecedores e credores da Byju's e formará um comitê de credores para determinar um curso de ação futuro.

O comitê poderia incluir os detentores de um empréstimo a prazo de US$ 1,2 bilhão, que uma unidade americana da Byju’s deixou de pagar em uma ação que desencadeou um complicado processo jurídico que resultou na falência da operação americana da startup.

A Byju’s disse na terça que ainda espera chegar a um acordo com o órgão de críquete e que está confiante de que poderá fazê-lo. “Nesse meio tempo, nossos advogados estão analisando a ordem e tomarão as medidas necessárias para proteger os interesses da empresa”, disse um porta-voz da Byju’s em um comunicado.

Caso a Byju’s consiga quitar suas dívidas ou chegar a um acordo, a BCCI pode retirar seu pedido. Ou a Byju’s pode apresentar um pedido de liquidação de todas as suas dívidas, que o comitê de credores precisa aprovar com um voto mínimo de 90%, de acordo com Sumit Binani, um profissional independente de insolvência que não está envolvido nos procedimentos da companhia.

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A possibilidade de um acordo é uma questão em aberto, uma vez que Raveendran vem lutando contra uma crise de caixa. A Byju’s é essencialmente um serviço online e, portanto, seus ativos podem não ter muito valor tangível para venda, embora sua marca possa atrair compradores, disse Binani.

Raveendran, cuja ascensão de tutor a líder de uma grande empresa cativou uma nação então apaixonada por empreendedores carismáticos da área de tecnologia, tomou medidas cada vez mais desesperadas nos últimos meses para manter a empresa em funcionamento.

Alguns membros da diretoria se demitiram e Raveendran penhorou sua casa e as de seus familiares para arrecadar dinheiro para os salários dos funcionários.

A empresa também vendeu novas ações com um desconto de mais de 90% em relação à sua rodada de financiamento anterior para levantar capital. No entanto um tribunal indiano a impediu de usar esse dinheiro.

No mês passado, a Prosus, principal investidora na Byju’s, divulgou que havia reduzido a zero o valor de sua participação de 9,6% na startup.

A Prosus, agora comandada pelo brasileiro Fabricio Bloisi, ex-CEO do iFood no Brasil, esteve entre os investidores atraídos pela promessa de um novo modelo de educação que conquistava usuários no país de 1,4 bilhão de pessoas e também no exterior, juntamente com a Chan-Zuckerberg Initiative, de Mark Zuckerberg, a Tiger Global Management e a Silver Lake Management, gigante de private equity.

- Com a colaboração de Advait Palepu e Anto Antony.

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