Bloomberg Línea — Conhecido pela atuação no ecossistema de inovação e startups, o Distrito está colocando uma nova operação de pé, a AI Factory, um serviço para implementar projetos de agentes de IA para grandes empresas. A nova unidade de negócio, projetam os sócios, deve se tornar a principal fonte de receita a partir do ano que vem.
A empresa colocou cerca de R$ 5 milhões para desenvolver a unidade de negócios, valor que considera investimento em infraestrutura, contratação de profissionais e custo com ferramentas, como LLMs (Large Language Models) e nuvem de companhias como Microsoft, Oracle e AWS.
O plano de negócios prevê ainda projetos desenvolvidos a “quatro mãos”, com uso de recursos humanos tanto do Distrito quanto de big techs.
O modelo do AI Factory começou a ser gestado no início do ano, em projetos para companhias como a montadora Honda, a empresa de viagens Copastur, a Lifetime Investimentos e a farmacêutica Boehringer Ingelheim, entre outras.
“Nós já fizemos mais de 70 projetos para cerca de 30 clientes. No momento, estamos com 11 sendo executados pela Factory”, disse Gustavo Gierun, CEO do Distrito, em entrevista à Bloomberg Línea.
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“Nós temos exemplos de agentes de IA que fazem o trabalho de 30 pessoas em uma operação de back office, como leitura e emissão de contratos e atualização de score de crédito. Os agentes vão revolucionar o back office das empresas e achamos que 2025 vai ser um ano muito forte para isso”, disse Gustavo Araujo, cofundador e CIO de Distrito, na mesma entrevista.
Casos de uso que envolvem agentes de IA para atendimento a consumidores, vendas e processos administrativos e operacionais estão entre as principais demandas que chegam à plataforma.
Além de Gierun e Araujo, o Distrito - em operação há uma década, desde 2014 - tem a Casas Bahia como sócia. A rede adquiriu 16,67% do negócio em 2020, ainda como Via Varejo.
Em um caso de uso com a farmacêutica francesa Sanofi, a aplicação, que integrou o uso de análise de dados e IA na área jurídica, levou a um impacto financeiro de R$ 30 milhões para o cliente.
“O jurídico é também uma das áreas em que temos mais trabalhado. Conseguimos treinar os agentes para aprender como fazer uma minuta de um contrato e como analisar”, disse Araujo.
De acordo com o sócio e CIO, a operação da AI Factory avançou nos últimos meses e tem entregado projetos como multiagentes de IA, o que significa a formação de times organizados e hierarquizados para a realização de tarefas específicas.
“Os projetos deste segundo semestre já começaram a ter uma aceitação de multiagentes mais fortes.”
Em outra frente, a unidade tem a capacidade, de acordo com os sócios, de desenvolver projetos de SLM (Small Language Models), que “rodam” apenas com os dados dos clientes, em operações mais críticas e que demandam atenção maior com a segurança de dados.
Um novo mercado
Após um primeiro momento de boom de LLMs usados em ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI, o Gemini, do Google, e o Llama, da Meta, os agentes são vistos como uma nova onda de transformação.
Bigtechs como Salesforce e Microsoft, além de startups como a brasileira CrewAI, têm apresentado os seus pacotes de serviços e os seus exércitos de agentes para clientes corporativos.
Esse mercado está estimado em chegar a US$ 47 bilhões em 2030, de acordo com cálculos da consultoria Markets & Markets.
Para este ano, a projeção é que os agentes de IA movimentem cerca de US$ 5,1 bilhões. O cenário considera um crescimento anual composto de 45%.
Essa perspectiva é amparada por tais números e pela crescente entrada de clientes no mercado. O Distrito projeta que a AI Factory, em curto espaço de tempo, será o seu principal negócio. “Nós devemos quadruplicar a demanda até a metade do ano que vem”, estimou Araujo.
A nova operação foi criada a partir de experiências do GenAI Lab, o hub de experimentação do Distrito.
“Nós vamos dedicar mais recursos financeiros e atrair mais pessoas, para, justamente, crescer muito nesse mercado”, disse Gierun.
Atualmente, o Distrito conta com cerca de cem funcionários em todas as operações. No novo momento da AI Factory, a unidade passa a contar com times dedicados à operação. “Nós achamos que esse time ainda vai crescer bastante, principalmente nos próximos dois anos.”
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