Após sucesso da Arm, SoftBank faz nova aposta em startup de chips para IA

Grupo de Masayoshi Son adquiriu a empresa britânica Graphcore, que já foi apontada como rival futura da Nvidia, mas enfrenta dificuldades financeiras, por valor não divulgado

SoftBank Group President Masayoshi Son Keynote Address at The JCI World Congress
Por Mark Bergen
12 de Julho, 2024 | 11:25 AM

Bloomberg — O SoftBank adquiriu a startup britânica de semicondutores Graphcore. As empresas anunciaram o acordo nesta sexta-feira (12) sem divulgar os termos financeiros.

A Graphcore, sediada em Bristol, operará como uma subsidiária da SoftBank e manterá sua equipe de gestão, disse Nigel Toon, CEO da Graphcore, a jornalistas em uma reunião.

É a segunda empresa britânica de semicondutores que o SoftBank adquire, depois da compra, em 2016, da Arm Holdings (ARM) - a empresa com sede em Cambridge faz o design de chips e sua tecnologia é encontrada em quase todos os smartphones do mundo.

O IPO da Arm em setembro passado foi o maior do ano, levantando US$ 4,87 bilhões, com um valuation de US$ 54,5 bilhões.

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A Graphcore já foi apontada como campeã do setor de tecnologia do Reino Unido - participou da cúpula inaugural de segurança de IA do país no ano passado. Mas Toon tem criticado abertamente o que considera uma falta de apoio do governo ao setor.

A Graphcore desenvolveu um novo tipo de chip, chamado de IPU (Intelligence Processing Unit), destinado a viabilizar aplicativos de IA.

O financiamento de investidores famosos de venture capital, incluindo a Sequoia Capital, deu à empresa um valuation de US$ 2,8 bilhões em 2020, na esperança de que ela rivalizasse com a Nvidia (NVDA). Mas a novata britânico teve dificuldades para conquistar clientes, mesmo com o frenesi em torno da IA.

A Graphcore gerou US$ 2,7 milhões em vendas com US$ 204,6 milhões em perdas em 2022, de acordo com seus registros mais recentes.

A empresa divulgou que precisava de mais dinheiro para sobreviver. No ano passado, a Graphcore deixou a China, um mercado que Toon havia citado como promissor.

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Um veterano em semicondutores, o executivo citou os custos incontroláveis de competir com a Nvidia e outras empresas que desenvolvem chips de IA personalizados.

“A escala aqui é simplesmente enorme”, disse ele. “O resultado certo para a empresa é trabalhar em estreita colaboração com um parceiro que esteja disposto a fazer esses níveis de investimento para ter sucesso.”

Ele disse que o plano da SoftBank era “investir e aumentar” sua base de funcionários no Reino Unido.

“A aquisição é um fim bem-vindo para a incerteza que a Graphcore enfrentou”, disse o secretário de Ciência do Reino Unido, Peter Kyle, em um comunicado na sexta-feira. “No entanto, ela deve servir como um lembrete do importante trabalho que precisa ser feito.”

Vikas Parekh, managing partner do fundo de investimentos da SoftBank, disse em um comunicado que a SoftBank estava “satisfeita em colaborar” com a Graphcore na direção da AGI, um termo do setor para uma máquina que supera os humanos em uma série de tarefas. A empresa não fez mais comentários.

A Bloomberg News informou sobre as conversas entre as empresas em maio.

Estratégia de Son

Masayoshi Son, fundador da SoftBank, mudou sua estratégia para negócios de risco para focar em investimentos estratégicos em IA e semicondutores, na esteira do sucesso da listagem da Arm.

Toon disse que a Graphcore trabalhará “em toda a família SoftBank”, sem especificar como ela colaboraria com a Arm.

Antes de o acordo ser anunciado, a Graphcore enviou cartas a ex-funcionários indicando que as ações da empresa não tinham valor, de acordo com um relatório da Sifted e documentos vistos pela Bloomberg News.

A carta explicava que o preço da oferta era menor do que o valor que a empresa havia levantado em capital de investimento.

Toon confirmou que os ex-funcionários não lucrariam com a venda, mas se recusou a comentar os termos financeiros. Ele disse que a Graphcore havia levantado "cerca de US$ 700 milhões" antes de ser adquirida.

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