De agentes de IA à ‘creator economy’: líderes em LatAm apontam tendências em 2025

Relatório The Next Big Thing LatAm destaca a visão de fundadores, investidores e executivos da indústria tech na região, contam os organizadores, Julia De Luca e Lucas Abreu, à Bloomberg Línea

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Bloomberg Línea — A indústria de tecnologia da América Latina verá em 2025 movimentos que vão da disseminação dos agentes de IA em diferentes segmentos à evolução da creator economy.

Essas são duas das tendências que devem sobressair na visão de líderes da área, segundo a nova edição do The Next Big Thing LatAm, relatório com insights de fundadores de startups, investidores de venture capital e executivos de empresas de tecnologia, divulgado em primeira mão pela Bloomberg Línea.

O relatório anual, organizado por Julia De Luca, VP de tecnologia no Investment Banking do Itaú BBA e fundadora da LatAm Tech Weekly, e Lucas Abreu, fundador do Sunday Drops e investidor de venture capital, se tornou uma espécie de tradição para o mercado de capital de risco da América Latina como fonte de insights para o ano que começa.

“Com o final do ano, surgem muitas previsões. Para mim, a melhor forma de prever o futuro sempre foi perguntar às pessoas que são líderes em suas áreas de atuação. Não é garantia de acerto, mas, sem dúvida, elas chegam mais perto - e, de quebra, nos oferecem ótimos insights para refletirmos”, disse Julia De Luca à Bloomberg Línea.

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Segundo ela, o The Next Big Thing LatAm coloca o setor de tecnologia da América Latina no centro das discussões e oferece protagonismo e visibilidade aos maiores pensadores da região globalmente.

“A edição deste ano foi especial: a inteligência artificial permeia praticamente todas as previsões. Isso não apenas porque é o tema do momento mas também porque promete transformar profundamente inúmeros setores”, disse De Luca, que se tornou uma das vozes de referência no segmento tech da região pelas análises e pelo envolvimento em eventos e discussões.

A edição divulgada nesta quarta-feira (18) também aborda tendências como os rumos do mercado de venture capital sob a perspectiva de fundos, a liderança feminina, para fintechs, edtechs e startups dedicadas ao clima e sobre as mudanças no poder computacional, entre outros.

Para Lucas Abreu, também à Bloomberg Línea, “duas macrotendências se destacam: o ciclo acelerado de adoção da inteligência artificial, como apontado por Guilherme Pacheco - o momento de a IA finalmente sair do PowerPoint e mostrar seu valor - e as reações a ela, como a busca por autenticidade mencionada por Guta Tolmasquim, essencial para criadores na era da IA”.

O investidor disse que o relatório destaca “fortes conexões com a realidade local: o papel da América Latina no cenário global, evidenciado em temas como tokenização, transição energética e o protagonismo do WhatsApp. São três setores que o Brasil está na vanguarda”.

Neste ano, o ganho de proeminência dos agentes de IA se tornou mais evidente, dado o seu desenvolvimento por uma gama de empresas, de novas startups como a CrewAI, do brasileiro João Moura, que atraiu como parceiros a IBM e o Alt Capital, fundo de venture capital da família de Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI; até big techs como a Microsoft e a Salesforce.

E sua relevância foi ressaltada por Diego Barreto, CEO do iFood e um dos principais líderes da indústria de tecnologia da região - e apontado como uma das 100 Pessoas Inovadoras da América Latina em 2024 pela Bloomberg Línea.

“A próxima grande tendência é que o empreendedor brasileiro precisa olhar o tema ‘agentes’. Assim como os apps mudaram a lógica de relacionamento dos consumidores 15 anos atrás, os agentes farão isso novamente. Apps existirão em cinco anos? A maioria, não”, escreveu Barreto ao The Next Big Thing LatAm.

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O fundador e CEO do Pipefy, Alessio Alionço, também apontou como grande tendência o que descreveu como “a transformação operacional por agentes de AI”.

“Enquanto a primeira onda enfrentou stacks tecnológicas complexas e baixa adoção, a nova fase combina AI generativa e plataformas no-code com fluxos de trabalho ‘prontos para AI’ e dados seguros. Equipes de negócios criarão agentes inteligentes usando linguagem natural, acelerando a adoção e liberando as equipes de TI para projetos estratégicos”, disse o empreendedor.

Em outra frente, mas igualmente sob impacto crescente do uso de IA, Guta Tolmasquim, fundadora e CEO da Purple Metrics, avaliou que “a próxima grande tendência para criadores de conteúdo é combinar autenticidade com uma abordagem orientada a resultados”.

“Com o aumento de conteúdos gerados por IA, um tom de voz autêntico é mais valioso do que nunca”, escreveu para o relatório.

Para Arthur Ribas, cofundador e CEO do Kiwify, a próxima tendência na economia dos criadores “é a diversificação nas formas de monetizar o lifestyle dos creators. Todos os elementos, estilo, crenças, desejos, se tornam produto de uma marca que passa ser o próprio creator”.

Outra tendência apontada é de aumento das oportunidades de “special sits”, de acordo com um especialista do mercado de capital de risco sob a ótica do investidor.

“Veremos mais fundadores, colaboradores e investidores em busca de liquidez nos mercados secundários. Além disso, muitas startups que não atingiram o status de unicórnio, mas que resolvem problemas reais e têm mercado, precisarão de financiamento”, escreveu Ricardo Kanitz, sócio fundador da Spectra Investments.

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