Como a falta de trabalhadores qualificados ameaça o setor de chips dos EUA

Setor de semicondutores deve passar de US$ 550 bilhões a mais de US$ 1 trilhão em 2030, mas não haverá candidatos qualificados suficientes para preencher as vagas nas empresas

Em 2030, o setor precisará de cerca de 460.000 trabalhadores, mas provavelmente ficará muito aquém desse número (Foto: Jim Wilson/AFP/Getty Images)
Por Ian King
29 de Julho, 2023 | 07:11 PM

Bloomberg — O setor de semicondutores alertou que não haverá engenheiros, cientistas da computação e técnicos em número suficiente nos Estados Unidos para suprir uma rápida expansão nesta década, ameaçando os esforços para impulsionar a economia doméstica de chips.

Os fabricantes de chips devem acrescentar cerca de 115.000 empregos até 2030, disse a Associação da Indústria de Semicondutores (SIA), citando uma pesquisa encomendada pelo órgão. No entanto, com base em um estudo sobre as taxas atuais de conclusão de curso, cerca de 58% dos cargos previstos poderão ficar vazios.

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As empresas de chips há muito citam a dificuldade de encontrar funcionários qualificados nos EUA. Na semana passada, a Taiwan Semiconductor Manufacturing informou que a produção em uma instalação planejada no Arizona será adiada do final de 2024 para 2025 devido à escassez de trabalhadores qualificados. A medida afetou os esforços do governo Biden, que conta com incentivos federais para revitalizar a fabricação de semicondutores no país.

“Devemos passar de um setor de US$ 550 bilhões para um setor de trilhões de dólares em 2030, e isso exigirá mais talentos”, disse John Neuffer, CEO da SIA. “Se não conseguirmos lidar com isso, nosso setor em geral fraquejará”.

A TSMC é uma das várias grandes empresas de chips – um grupo que inclui a Intel (INTC) e a Samsung – que anunciaram planos para construir instalações de produção nos EUA. Elas estão tentando tirar proveito dos bilhões de dólares reservados pela Lei de Chips e Ciência dos EUA para reforçar o setor.

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A receita total do setor chegará a US$ 1 trilhão até 2030, quase o dobro do que era em 2020, segundo a SIA. Nesse momento, o setor precisará de cerca de 460.000 trabalhadores, de acordo com o estudo realizado pela Oxford Economics. Com base nas tendências atuais, as empresas não conseguirão preencher 67.000 novos cargos.

Fonte: Bloomberg via Associação da Indústria de Semicondutores (SIA)

Não há americanos suficientes nas áreas de ciências, engenharia, matemática e relacionadas à tecnologia, de acordo com a SIA. E as pessoas de outros países que estão adquirindo essas habilidades estão indo embora, disse o grupo.

Nas faculdades e universidades dos EUA, mais de 50% dos graduados em engenharia com mestrado e 60% dos graduados com doutorado em engenharia são cidadãos de outros países. Cerca de 80% desses mestres e 25% dos doutores saem dos EUA – seja por opção ou porque a política de imigração não permite que eles fiquem.

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O CEO da SIA disse que, no curto prazo, a solução deve vir de uma reforma imigratória que permita aos EUA reter mais dos talentos que estão sendo criados em suas universidades líderes mundiais. Além disso, os EUA precisam atrair mais estudantes para o caminho educacional relevante, e o setor de chips precisa melhorar para atrair aqueles que têm as habilidades necessárias.

Neuffer disse estar otimista com o fato de que os legisladores em Washington estão prontos para ajudar a resolver a escassez de habilidades. As dificuldades da cadeia de suprimentos durante a pandemia podem, na verdade, ter ajudado, pois elevaram o perfil do setor de chips, disse ele.

“Ninguém vai esquecer a escassez de chips que tivemos e que os chips são extremamente importantes”, disse Neuffer. “Um ponto positivo da pandemia é que há muitas pessoas que se importam com os chips”.

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