Bloomberg — A Nvidia (NVDA) amarga forte queda em suas ações com os rumores de que os Estados Unidos poderiam ampliar as restrições à venda para a China de poderosos chips usados para treinar inteligência artificial, potencialmente prejudicando as vendas no maior mercado de semicondutores do mundo.
Washington avalia a possibilidade de tomar medidas já no próximo mês para expandir as restrições e incluir semicondutores de menor potência, informou o Wall Street Journal, citando fontes anônimas. Este ano, a Nvidia já tinha projetado chips com menor capacidade que se enquadram nos limites que exigem uma licença do Departamento de Comércio antes de serem exportados para a China ou para outros países considerados pelos EUA uma ameaça à sua segurança nacional.
Essa medida ressalta a determinação do governo Biden de conter a ascensão tecnológica da China e pode aumentar as tensões entre os dois países. Os EUA estão cada vez mais preocupados com as ambições tecnológicas de Pequim, incluindo o uso de IA em avanços militares e científicos que podem inclinar o equilíbrio geopolítico.
As ações da Nvidia, que obtém cerca de um quinto de sua receita da China, recuavam perto de 5% nas operações que precedem a abertura das bolsas de valores, cotadas a US$ 398,96 (-4,87%) às 4h21 de Nova York. Ontem, depois do fechamento das bolsas, chegou a cair 3,2%. Sua rival Advanced Micro Devices (AMD) retrocedeu ontem cerca de 3%.
Ambas lideram o mercado de chips vitais para o desenvolvimento de modelos de IA generativa, como o ChatGPT. Na China, os traders se desfizeram de uma série de ações relacionadas à IA, fazendo com que a Inspur Electronic Information Industry e a Unisplendour - ambas importantes fornecedoras de hardware - caíssem 10%.
Embora estas restrições governamentais provavelmente prejudiquem os negócios da Nvidia e da AMD com a segunda maior economia do mundo, as duas fabricantes de chips permanecem na vanguarda de um aumento no desenvolvimento de IA que está levando os investimentos dos EUA para a Europa e a China. Da Microsoft (MSFT) à Baidu e à OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, empresas de todo o mundo estão comprando seus produtos para treinar a próxima geração de serviços de inteligência artificial.
As autoridades dos EUA também estão avaliando a possibilidade de restringir o aluguel de serviços em nuvem para empresas chinesas de IA, que empregaram essas plataformas no treinamento de seus modelos, informou o Journal, citando pessoas familiarizadas com as discussões. A Amazon (AMZN) e a Microsoft estão entre os maiores provedores de serviços em nuvem do mundo. A Nvidia não quis comentar a reportagem do Journal.
“As empresas chinesas de IA também poderão obter chips de IA dedicados de outros países. Portanto, acho que será difícil para os EUA imporem as regulamentações”, disse Robert Lea, analista da Bloomberg Intelligence. “Embora novas restrições possam atrasar os desenvolvimentos de IA por parte das empresas chinesas, não vejo um grande impacto de longo prazo, já que as empresas chinesas adotam uma abordagem cada vez mais inovadora para contornar a situação.”
A Nvidia, fabricante de chips mais valiosa do mundo, tem uma participação de mais de 80% no mercado dos chamados chips aceleradores de data center e vinha operando de acordo com regras que exigiam aprovação para remessas à China de suas peças A100 e H100. Conseguiu aliviar parcialmente o impacto sobre suas finanças vendendo uma versão modificada do A100 que é mais lenta no acesso a dados e, portanto, não acionou a restrição.
Um acelerador de IA é um processador gráfico, ou GPU, feito sob medida para treinar modelos de IA, alimentando-os com toneladas de dados. Ele é mais adequado para essas tarefas do que uma CPU de uso geral porque sua arquitetura pode realizar trabalhos paralelos em grandes volumes. A Nvidia foi a primeira a criar uma linguagem para que as GPUs realizassem tarefas de IA, o que lhe deu uma grande vantagem sobre rivais como a AMD e a Intel (INTC).
A AMD também estava sujeita às regras iniciais anunciadas em agosto passado. Embora a rival muito menor da Nvidia tenha saído praticamente ilesa da repressão, a Nvidia disse em setembro que as restrições lhe custariam US$ 400 milhões naquele trimestre.
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