Briga de titãs: Google acusa Microsoft de abuso de posição dominante em nuvem

Queixa formalizada questiona suposta restrição imposta a clientes para acessar plataformas rivais; Microsoft diz que preocupações semelhantes foram resolvidas amigavelmente

Google e Microsoft travam uma disputa legal sobre o lucrativo mercado de serviços em nuvem
Por Gian Volpicelli - Samuel Stolton
25 de Setembro, 2024 | 12:23 PM

Bloomberg — O Google intensificou uma disputa legal com a Microsoft sobre o lucrativo mercado de nuvem, com a acusação de que a gigante do software abusa de seu domínio de mercado em uma queixa formal ao órgão de fiscalização antitruste da União Europeia (UE).

A unidade da Alphabet alegou que os termos de licenciamento da Microsoft para os serviços de nuvem do Azure restringem o acesso dos clientes a plataformas rivais, incluindo o Google Cloud e o Amazon Web Services (AWS). O Google disse que a conduta da Microsoft equivale a um abuso de posição dominante de acordo com a legislação da UE, de acordo com um resumo da reclamação.

O Google também argumentou que o domínio da Microsoft no setor de nuvem pode expor os cidadãos da UE a riscos de segurança e falhas de TI.

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A big tech com sede em Mountain View destacou o tumulto que se seguiu em julho, quando uma atualização defeituosa feita pela empresa de segurança cibernética CrowdStrike derrubou milhões de computadores que usam o sistema operacional Windows, o que levou à interrupção do funcionamento de aeroportos, bancos, bolsas de valores e empresas em todo o mundo.

A escalada do conflito nesta quarta-feira (25) segue um acordo forjado entre a Microsoft e pequenas empresas europeias de nuvem que permitiu que ela evitasse uma investigação formal da UE.

O Google tentou, sem sucesso, inviabilizar o acordo. As possíveis multas da UE por violações antitruste podem chegar a 10% das vendas anuais de uma empresa.

A Microsoft disse à Bloomberg News que espera que as alegações do Google não sejam aceitas pelos órgãos de fiscalização da União Europeia.

"A Microsoft resolveu amigavelmente preocupações semelhantes levantadas por provedores de nuvem europeus, mesmo depois que o Google esperava que eles continuassem litigando", disse um porta-voz. "Não tendo conseguido persuadir as empresas europeias, esperamos que o Google também não consiga persuadir a Comissão Europeia."

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A comissão com poder executivo, com sede Bruxelas, reconheceu a reclamação e disse que agora a avaliaria de acordo com os procedimentos padrão do órgão regulador.

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O Google Cloud obteve um lucro de US$ 1,17 bilhão no segundo trimestre, superando as estimativas dos analistas de um lucro operacional de US$ 982 milhões.

O Google (GOOG) ainda está atrás da Amazon (AMZN) e da Microsoft (MSFT) no mercado de computação em nuvem, mas no ano passado, a unidade atraiu negócios de startups de inteligência artificial.

As disputas públicas sobre o domínio da nuvem entre o Google e a Microsoft lembram as batalhas de anos atrás sobre abusos ligados ao domínio do Windows no mercado de sistemas operacionais.

Em 2009, a Microsoft, com sede em Redmond, no estado de Washington, concordou em abrir seu sistema operacional para navegadores rivais, a fim de compensar uma crescente ameaça antitruste da UE.

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