Bloomberg — Os avanços da inteligência artificial (IA) alimentam um frenesi de financiamento para data centers na Ásia, o que gera uma série de empréstimos recordes e enchem o pipeline com ainda mais negócios em potencial.
No período de uma semana, duas grandes operadoras de data centers asiáticos garantiram seus maiores empréstimos de todos os tempos, em parte destinados à expansão de suas operações na Malásia, que se tornou um centro para essas instalações.
Os acordos ressaltam o apelo do setor em atrair uma série de investidores – de bancos a players imobiliários – à medida que o avanço da IA impulsiona a demanda.
Eles também mostram o quanto a Ásia se tornou um hotspot de data centers, com uma demanda que deve se expandir em cerca de 32% ao ano até 2028, de acordo com dados da empresa de serviços imobiliários Cushman & Wakefield, superando o crescimento esperado de 18% dos Estados Unidos.
No entanto, a política tarifária dos EUA pode ser um fator de risco para o setor.
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“O aumento da demanda por capacidade de data center despertou o interesse de um grupo cada vez mais diversificado de investidores e provedores de capital em toda a Ásia-Pacífico”, disse Yemi Tepe, sócio do escritório de advocacia Morrison Foerster, que trabalhou em transações financeiras relacionadas à tecnologia.
Historicamente, os bancos têm sido a principal fonte de financiamento para projetos de grande escala, mas o surgimento de crédito privado e fundos de infraestrutura ampliou as possibilidades de financiamento, disse Tepe.
Entre os financiamentos recentes, a Bridge Data Centers, de propriedade da Bain Capital, obteve uma linha de crédito de US$ 2,8 bilhões para suas operações na Malásia, enquanto a DayOne, anteriormente conhecida como GDS International, lançou no mercado um empréstimo equivalente a US$ 3,4 bilhões.

Há mais negócios potenciais na Ásia-Pacífico no horizonte.
Uma entidade operacional de Cingapura da australiana Firmus Technologies busca um empréstimo privado de US$ 120 milhões, enquanto a Yotta Data Services da Índia está em negociações com fundos de crédito privado para levantar cerca de US$ 500 milhões para seus parques de data centers.
Além disso, com a escalada das tensões entre Pequim e Washington, as multinacionais de tecnologia se diversificaram para além da China. Centenas de bilhões de dólares de investimentos estão sendo despejados em cidades do Sudeste Asiático e remodelando as economias locais.
O estado de Johor, no sul da Malásia, que faz fronteira com Cingapura, tem sido um dos principais beneficiários do fluxo de financiamento.
O estado tem cerca de 30 projetos de data center concluídos ou em construção, além de outros 20 que aguardam aprovação. Em outros lugares, a Tailândia aprovou pedidos de investimento no valor de US$ 5,9 bilhões na semana passada, incluindo três projetos voltados para o setor.
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Ainda assim, o setor enfrenta incertezas à medida que os EUA preparam mais tarifas e aumenta o risco de uma guerra comercial mais ampla.
Os alvos prováveis incluem países que abastecem o setor de data centers – em grande parte na Ásia – bem como alguns dos principais componentes dos quais ele depende, como semicondutores.
Os projetos também podem sofrer atrasos se as cadeias de suprimentos forem interrompidas.
“Esses riscos geopolíticos podem levar a custos de financiamento mais altos, menor confiança do investidor e maior risco de crédito para os financiadores”, disse Tepe.
“Consequentemente, os investidores podem exigir prêmios de risco mais altos ou optar por se desfazer de projetos vinculados a entidades chinesas, potencialmente paralisando o crescimento do mercado de data centers do sudeste asiático.”
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