Biden determina limite de investimento em algumas empresas chinesas de tecnologia

A medida regularia os investimentos dos EUA em algumas empresas chinesas de semicondutores, computação quântica e inteligência artificial

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Bloomberg — O presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva limitando o investimento dos Estados Unidos em algumas empresas chinesas, parte de um esforço para restringir a capacidade do país asiático de desenvolver tecnologias militares e de vigilância de última geração que poderiam colocar em risco a segurança nacional dos EUA.

A medida, anunciada na quarta-feira, regularia os investimentos dos EUA em algumas empresas chinesas de semicondutores, computação quântica e inteligência artificial. Foi assinada após quase dois anos de deliberações em que alguns argumentaram por uma ação mais rápida e rigorosa, enquanto outros, incluindo o Departamento do Tesouro, pressionaram por medidas mais específicas que levariam mais tempo para entrar em vigor. Embora os detalhes ainda precisem ser elaborados, tudo indica que ganharam estes últimos, os defensores de uma abordagem mais cautelosa.

As autoridades do governo Biden disseram que a decisão tem como alvo os americanos que buscam adquirir participações acionárias em empresas chinesas restritas por meio de fusões e private equity, bem como por meio de joint ventures e acordos de financiamento. As empresas terão 45 dias para comentar a proposta.

A ordem, que não entrará em vigor até o próximo ano, não será retroativa e exclui setores como o de biotecnologia. Ela pode acabar isentando investimentos passivos, bem como aqueles em títulos negociados publicamente, fundos de índice e outros ativos.

Os EUA já restringem as exportações de algumas tecnologias sensíveis para a China. As restrições são as mais recentes de uma série de ações dos EUA que complicaram as relações tensas do governo Biden com a China, incluindo controles de exportação de tecnologia de semicondutores anunciados no ano passado e esforços do Congresso para pressionar a Casa Branca a adotar uma linha mais rígida, incluindo a defesa de Taiwan.

A embaixada chinesa em Washington não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O anúncio ressalta a cautela da Casa Branca em aumentar as tensões com a China. Em vez de anunciá-lo na presença da mídia e fazer declarações públicas sobre o assunto, como geralmente acontece com as ordens executivas, Biden optou por assiná-lo fora da cidade e fora das câmeras. O presidente estava em uma viagem ao Novo México para promover sua agenda “Bidenomics” e não se referiu à ordem.

Os EUA continuam comprometidos com um ambiente de investimento aberto e têm como alvo apenas um subsetor muito pequeno de capital e conhecimento, disseram autoridades sênior do governo a repórteres em uma ligação antes da ordem. As autoridades disseram que a medida foi tomada por motivos de segurança nacional e não para competir com a China.

Em maio, Biden previu um “degelo” iminente nas relações entre os EUA e a China, que no ano passado se deterioraram ao seu pior nível em décadas. O presidente também disse várias vezes que planeja falar e se reunir com seu colega chinês, o presidente Xi Jinping, em um futuro próximo. Espera-se que os dois líderes se encontrem em novembro, quando Biden sediará a cúpula da APEC em São Francisco, no entanto, nenhum dos lados confirmou os planos.

‘Muito decepcionada’

A China está “muito decepcionada” com a decisão dos EUA de prosseguir com as restrições e salvaguardará seus próprios interesses, disse o porta-voz da embaixada, Liu Pengyu, em um comunicado.

“A China se opõe ao uso excessivo da segurança nacional pelos EUA para politizar e transformar em arma questões comerciais, científicas e tecnológicas e deliberadamente criar obstáculos aos intercâmbios econômicos e comerciais normais e à cooperação tecnológica”, disse Liu.

Mais tarde, o Ministério do Comércio de Pequim pediu a Washington que respeitasse os princípios do mercado e o jogo limpo em vez de obstruir a recuperação econômica global.

As restrições são as mais recentes de uma série de ações dos EUA que complicaram o esforço do governo Biden para melhorar as relações com a China, após uma sucessão de conflitos sobre Taiwan, abusos de direitos em Xinjiang, ameaças à propriedade intelectual e um suposto balão espião chinês que foi abatido em fevereiro.

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