Bloomberg — Os embarques de iPhones, da Apple (AAPL), caíram quase 10% no trimestre encerrado em março, uma queda mais acentuada do que o previsto, refletindo vendas em queda na China apesar de uma recuperação mais ampla da indústria de smartphones.
A empresa enviou 50,1 milhões de iPhones nos primeiros três meses do ano, de acordo com a consultoria especializada IDC, que rastreia os dados do mercado, ficando aquém da estimativa média de 51,7 milhões de analistas compilada pela Bloomberg.
A queda de 9,6% em relação ao ano anterior é a mais acentuada para a Apple desde que os lockdowns da covid-19 atrapalharam as cadeias de abastecimento em 2022, disse a consultoria.
A fabricante de iPhones sediada em Cupertino, na Califórnia, tem enfrentado dificuldades para sustentar as vendas na China desde o lançamento do seu último modelo em setembro.
O ressurgimento de concorrentes como a Huawei Technologies e a Xiaomi, além de uma proibição imposta por Pequim a dispositivos estrangeiros em local de trabalho, pesaram nas vendas.
Os dados da IDC fornecem a primeira visão geral do desempenho global do produto mais importante da Apple antes da divulgação de resultados financeiros, em 2 de maio.
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A queda nos embarques de iPhones é significativa considerando que o mercado de smartphones registrou seu melhor crescimento em anos. Os fabricantes enviaram 289,4 milhões de aparelhos no período, marcando um aumento de 7,8% em relação ao ponto mais baixo de um ano atrás, quando muitos estavam lidando com um excesso de aparelhos não vendidos.
A Samsung Electronics recuperou o primeiro lugar no trimestre encerrado em março, enquanto a Transsion, focada em aparelhos de baixo custo, aumentou os embarques em 85% e a Xiaomi se recuperou para reduzir a diferença em relação à Apple, a segunda colocada.
“O mercado de smartphones está emergindo da turbulência dos últimos dois anos mais forte e mudado”, disse Nabila Popal, diretora de pesquisa da IDC. “Embora a Apple tenha sido super resiliente e visto muito crescimento nos embarques e participação nos últimos anos, será um desafio para ela manter o ritmo de crescimento e a participação máxima que viu em 2023. À medida que o mercado se recupera ainda mais em 2024, a IDC espera que o Android cresça muito mais rápido do que a Apple.”
As ações de fornecedores proeminentes da Apple, como Hon Hai Precision Industry, Murata Manufacturing e LG Innotek, caíram nas negociações da Ásia na segunda-feira, em meio a uma venda mais ampla por temores de um conflito crescente no Oriente Médio.
O que diz a Bloomberg Intelligence:
“Os embarques de smartphones da Xiaomi no 1T, de acordo com a IDC, saltaram 33,8% em relação ao ano anterior, enquanto tanto a Apple quanto a Samsung diminuíram. Suas fortes vendas de smartphones provavelmente foram impulsionadas por uma recuperação em seu mercado internacional e podem levar a um crescimento de vendas de dois dígitos altos no primeiro trimestre.”
- Steven Tseng e Sean Chen, analistas
Durante a pandemia, o iPhone mostrou a maior resistência, enquanto os consumidores reduziram as compras de smartphones da maioria de seus concorrentes com Android.
Esse acúmulo de estoque levou a uma precificação agressiva por parte de concorrentes chineses como a Xiaomi, que levou meses para esgotar os estoques e agora está começando a aumentar os embarques novamente.
O retorno da Huawei à posição de lideranã no ano passado - com seu próprio chip feito na China e sistema operacional HarmonyOS na série Mate 60 - vem corroendo a participação da Apple no mercado premium da China desde agosto.
“Aumento da concorrência na China é uma grande parte da queda da Apple no 1T”, disse Popal. Em outros lugares, várias regiões começaram o ano com excesso de estoque de iPhones após embarques pesados nos últimos meses de 2023, acrescentou ela.
Os preços médios de venda de celulares estão subindo, à medida que os consumidores optam cada vez mais por modelos premium que pretendem manter por mais tempo, apontaram os pesquisadores da IDC.
A Apple, que mantém consistentemente o preço médio mais alto do setor, liderou o caminho, com os consumidores mostrando uma preferência por seus modelos high-end.
Ainda assim, a empresa recorreu este ano a descontos incomuns para estimular as vendas. Alguns parceiros de varejo na China ofereceram até US$ 180 de desconto sobre o preço regular.
Em março, a Apple inaugurou uma nova loja grande no centro do centro financeiro de Xangai, que teve a presença do CEO Tim Cook. A China abriga a maior rede de varejo da empresa fora dos EUA e responde por cerca de um quinto das vendas, em grande parte impulsionadas pelo iPhone.
Muitos dos presentes que falaram com a Bloomberg no evento de Xangai haviam adquirido seus iPhones há mais de dois anos. E embora esses fãs da Apple tenham dito que pretendem permanecer no ecossistema da empresa, alguns disseram que também considerariam o sucessor do Mate 60 da Huawei ou opções de dispositivos dobráveis de concorrentes.
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