Apple negocia parceria com o Google para embarcar IA do Gemini em iPhones

Segundo fontes disseram à Bloomberg News, Apple licenciaria o modelo de IA do Google para alimentar novas funcionalidades que chegarão à próxima versão do iPhone ainda neste ano

Consumidores experimentam o iPhone 15 por ocasião do seu lançamento no ano passado (Foto: David Paul Morris/Bloomberg)
Por Mark Gurman
18 de Março, 2024 | 03:00 PM

Bloomberg — A Apple está em negociações para integrar a ferramenta de inteligência artificial Gemini, do Google, ao iPhone, segundo pessoas familiarizadas com a situação que falaram à Bloomberg News, preparando o terreno para um acordo de grande impacto que abalaria a indústria de IA.

As duas gigantes de tecnologia estão em negociações ativas para permitir que a Apple licencie o Gemini, conjunto de modelos de IA generativa do Google, para alimentar algumas novas funcionalidades que chegarão ao software do iPhone neste ano, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque as deliberações são privadas.

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A Apple também teve recentemente discussões com a OpenAI e considerou usar seu modelo, segundo as pessoas.

Se um acordo entre a Apple (AAPL) e o Google (GOOG) se concretizar, ele terá como base uma parceria de busca entre as duas empresas. Por anos, o Google, da Alphabet, pagou à Apple bilhões de dólares anualmente para tornar seu mecanismo de busca a opção padrão no navegador Safari do iPhone e outros dispositivos.

As duas partes não decidiram os termos ou a marca de um acordo de IA nem finalizaram como ele seria implementado, disseram as pessoas.

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As ações da Alphabet subiram até 7,4% nesta segunda-feira na abertura dos mercados em Nova York, depois da publicação da notícia pela Bloomberg News. Foi o maior ganho intradiário desde 2 de fevereiro de 2023. As ações da Apple, por sua vez, estavam com 2,2% de alta.

Um acordo daria ao Gemini uma vantagem-chave com bilhões de usuários potenciais.

Mas também pode ser um sinal de que a Apple não está tão avançada em seus esforços de IA como alguns poderiam ter esperado - e ameaça atrair mais escrutínio antitruste de ambas as empresas.

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A Apple está preparando novas capacidades como parte do iOS 18 - a próxima versão do sistema operacional do iPhone - com base em seus próprios modelos de IA. Mas essas melhorias serão focadas em recursos que operam em seus dispositivos, em vez daqueles entregues via nuvem.

Portanto, a Apple procura um parceiro para realizar o trabalho pesado da IA generativa, incluindo funções para criar imagens e escrever ensaios com base em prompts simples.

Porta-vozes da Apple e da Google se recusaram a comentar. A OpenAI não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

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Desde o início do ano passado, a Apple vem testando seu próprio grande modelo de linguagem (LLM) - a tecnologia por trás da IA generativa -, de codinome Ajax. Alguns funcionários também têm experimentado um chatbot básico chamado Apple GPT.

Mas a tecnologia da Apple continua sendo inferior às ferramentas do Google e de outros concorrentes, segundo as pessoas, tornando uma parceria uma opção melhor.

Impulso para o Gemini

Um acordo com a Apple seria a parceria de maior destaque do Google para o Gemini até o momento e poderia ser um grande impulso para os esforços de IA da empresa.

A Apple tem mais de 2 bilhões de dispositivos em uso ativo que potencialmente poderiam se tornar o “lar” do Google Gemini ainda neste ano.

Em janeiro, a Samsung lançou novos smartphones com recursos de IA alimentados pelo Gemini.

O que diz a Bloomberg Intelligence

“O uso potencial do Google Gemini pela Apple para inferência de IA generativa reduz ainda mais o risco de qualquer perda de participação de mercado a curto prazo para a Apple em busca. Acreditamos que o acordo atual da Apple com o Google, que paga US$ 20 bilhões em custos de aquisição de tráfego em dispositivos iOS, oferece ao Google uma vantagem incumbente sobre os concorrentes de busca baseados em IA generativa - incluindo a OpenAI - que dependem do Bing para links em tempo real para páginas da web.”

Mandeep Singh, analista sênior da Bloomberg Intelligence.

Sob o alvo de reguladores

Mas uma parceria entre os dois gigantes do Vale do Silício provavelmente atrairia mais ainda a atenção dos reguladores.

O acordo atual da Google com a Apple para busca já é o foco de uma ação judicial do Departamento de Justiça dos EUA. O governo alegou que as empresas operaram como uma única entidade para dominar o mercado de busca em dispositivos móveis.

As empresas justificaram o arranjo dizendo que a Apple acredita que a qualidade de busca do Google é superior à das concorrentes e que é fácil trocar de provedores no iPhone.

O arranjo entre a Apple e o Google também está sob escrutínio na União Europeia, que está forçando a empresa do iPhone a facilitar para os consumidores mudarem seu mecanismo de busca padrão para além do Google.

À medida que a pressão regulatória cresce e a inteligência artificial se torna mais prevalente, o acordo de busca atual poderia ser menos lucrativo para ambas as empresas. É possível que um novo acordo em torno da IA possa ajudar a compensar isso.

O financiamento de bilhões de dólares da Microsoft (MSFT) para a OpenAI também a colocou sob escrutínio regulatório, com a Comissão Federal de Comércio dos EUA examinando se o acordo pode violar as leis antitruste.

Embora as negociações entre a Apple e o Google permaneçam ativas, é improvável que qualquer acordo seja anunciado até junho, quando a fabricante do iPhone planeja realizar sua tradicional conferência mundial para desenvolvedores.

Leia mais: Com Gemini, Google tem novo concorrente do ChatGPT que vai além da geração de texto

É possível que as empresas não cheguem a um acordo ou que a Apple escolha eventualmente outra provedora de IA generativa, como a OpenAI. Ou a Apple poderia teoricamente se associar a vários parceiros, como faz com a busca em seu navegador web.

Outros provedores de IA generativa incluem a Anthropic, que oferece um chatbot chamado Claude.

O Gemini capturou a imaginação de consumidores e empresas, mas não tem sido sem controvérsias. No mês passado, usuários descobriram que o sistema às vezes manipulava de forma imprecisa a raça das pessoas retratadas em imagens geradas por IA.

Sundar Pichai, CEO da Google, chamou o problema de “completamente inaceitável”, e a geração de imagens foi pausada.

‘Grande anúncio’

Tim Cook, CEO da Apple, prometeu um grande anúncio de IA neste ano. Ele disse aos investidores que a empresa lançaria recursos transformadores que “quebram novos paradigmas”.

O plano é especialmente importante, pois investidores buscam novas fontes de crescimento na fabricante do iPhone, que cancelou um projeto para desenvolver um carro autônomo no início deste ano. Alguns engenheiros desse projeto foram realocados para a divisão de inteligência artificial.

No ano passado, Cook disse que usa pessoalmente o ChatGPT da OpenAI, mas indicou que há “uma série de questões que precisam ser resolvidas”. Ele prometeu que novos recursos de IA chegariam às plataformas da Apple de forma “muito ponderada”.

Ao terceirizar os recursos de IA generativa para outra empresa, Cook também está potencialmente reduzindo a responsabilidade de sua plataforma. Os recursos de IA generativa em discussão seriam teoricamente incorporados à Siri e a outros aplicativos.

Novas capacidades de IA baseadas nos modelos internos da Apple, enquanto isso, ainda seriam integradas ao sistema operacional. Elas se concentrarão em fornecer proativamente informações aos usuários e realizar tarefas em seu nome em segundo plano, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

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