Além do celular: YouTube quer avançar em todas as telas, diz CEO global

Em entrevista a Emily Chang, da Bloomberg Originals, Neal Mohan diz como pretende ampliar o alcance da plataforma que é uma das principais fontes de receitas da Alphabet com assinaturas

Por

Bloomberg — O CEO do YouTube, Neal Mohan, tem espírito esportivo.

Ele fez uma grande aposta nos Shorts – vídeos com menos de um minuto – e isso significa se submeter a cenas engraçadas com criadores de conteúdo na tentativa de demonstrar o poder do formato de 60 segundos.

Você o verá mordendo a mesma fatia de pizza com o brincalhão do YouTube Eric Decker ou posando como o estagiário ingênuo em uma paródia com a influenciadora Hayley Kalil. E, no episódio desta semana da série “The Circuit with Emily Chang”, da Bloomberg Originals, ele interpreta o executivo tímido no topo de um grande escorregador vermelho dentro da sede do YouTube em San Bruno, na Califórnia.

Leia mais: Criador do Orkut planeja nova rede social para evitar ‘armadilha do engajamento’

Mas não se engane: isso é um negócio sério. Mohan pretende que os Shorts sejam um grande impulsionador do crescimento futuro da plataforma e uma maneira de competir com o onipresente TikTok. Isso faz parte de seu plano maior para o YouTube – e envolve todos os seus dispositivos.

Apesar das brincadeiras, Mohan não é chamativo na vida real. No entanto ele é um dos pioneiros da publicidade na internet.

Um ex-executivo do alto escalão na DoubleClick – o gigante dos anúncios em display que o Google comprou por US$ 3,1 bilhões em 2008 –, Mohan passou a liderar uma parte significativa do enorme negócio de anúncios do gigante das buscas. Em 2015, ele se tornou diretor de produtos do YouTube e assumiu como CEO em 2023 (o YouTube é uma unidade do Google, e ambos estão sob o guarda-chuva da Alphabet).

O YouTube percorreu um longo caminho desde seus primeiros dias, quando era mais conhecido por vídeos de gatos e tutoriais de maquiagem. Agora é o serviço de streaming mais popular na televisão. Segundo os dados mais recentes da Nielsen, ele representa 9,6% do tempo de visualização na TV, seguido pela Netflix com 7,6%. Entre os concorrentes distantes estão Hulu, Amazon Prime Video e Disney+.

As pessoas estão realmente pagando pelo serviço por meio de sua variedade de ofertas, como o YouTube Premium e o YouTube TV (que tem 8 milhões de assinantes), e é a principal alavanca dos US$ 15 bilhões em receita com assinaturas da Alphabet no ano passado.

Leia mais: TikTok Shop cresce nos EUA com fórmula que Amazon e Meta não alcançaram

Se o YouTube fosse desmembrado do Google (GOOG), a analista Laura Martin, da Needham, acredita que ele seria avaliado em US$ 423 bilhões. A questão é: como o YouTube pode ficar ainda maior?

Para Mohan, a resposta está na sua sala de estar e nos criadores aos quais o YouTube pagou US$ 70 bilhões nos últimos três anos. Não querendo mais ser relegado aos dispositivos móveis, o YouTube agora busca estar na sua primeira, na segunda e talvez em todas as suas telas ao mesmo tempo.

“Não somos uma plataforma de mídia social,” disse Mohan. “Não somos mídia tradicional no sentido de que não somos televisão linear. Somos realmente uma espécie de algo próprio. Portanto, isso significa para mim manter o foco no que fazemos de melhor, que é um lugar para criar, compartilhar e assistir vídeos, não importa onde você esteja no mundo, não importa em que tela você esteja.”

Um ávido fã de esportes, Mohan deixou claro que os esportes ao vivo continuarão a ser uma área de investimento, especialmente após concluir a primeira temporada do NFL Sunday Ticket no YouTube, com jogos da liga profissional de futebol americano.

Leia mais: X, antigo Twitter, planeja um aplicativo de TV para competir com o YouTube

Ele disse ver um benefício importante em reunir criadores e conteúdo de esportes ao vivo em um só lugar, especialmente para os jovens.

Mas, à medida que as ambições do YouTube cresceram, alguns de seus players mais caseiros reclamaram que a plataforma não é mais a mesma. Alguns criadores mais famosos desistiram da atividade, citando burnout. Manter um canal no YouTube é um trabalho em tempo integral, e grandes nomes como MrBeast, Rhett & Link e Michelle Khare têm exércitos de pessoas como apoio.

O YouTube é tão grande – e compete com plataformas como Instagram e TikTok – que é difícil imaginar alguém como o rei das caixas de brinquedos Ryan Kaji ou a principal fonte para review de bens de tecnologia Marques Brownlee construindo bases enormes de seguidores do zero hoje.

“Conheço muitos criadores que escolheram fazer uma pausa ou talvez seguir diferentes tipos de atividades,” disse Mohan.

“Alguns se mudaram da frente para trás das câmeras. Alguns se mudaram para desenvolver diferentes tipos de negócios a partir de sua experiência no YouTube. E acho que tudo isso é realmente uma evolução natural, mas na verdade também é muito bom, porque é uma decisão que eles puderam tomar com base no seu sucesso em nossa plataforma.”

Veja mais em Bloomberg.com