Bloomberg Línea — Diante de um cenário econômico desafiador, com juros mais altos e renda que não segue a inflação, o Airbnb (ABNB) tem adotado ações para sustentar a demanda de seu público.
“Sabemos que nossos hóspedes são sensíveis aos preços”, disse Catherine Powell, Head Global de Acomodações da Airbnb, em entrevista recente à Bloomberg Línea durante o Web Summit Rio.
A executiva disse que a empresa tem buscado mitigar os desafios impostos pela inflação e pelos custos crescentes em diferentes regiões do mundo.
Powell disse que o Airbnb introduziu a categoria “quartos privados” dentro da plataforma de forma destacada. Esse tipo de acomodação, que já estava disponível anteriormente, apresenta um preço que, em 80% dos casos, fica abaixo de US$ 100 globalmente, segundo ela.
O Airbnb tem abordado essas preocupações tanto para os hóspedes quanto para os anfitriões, apresentando preços com todos os custos inclusos. Isso permite que os hóspedes vejam o valor total antecipadamente e evitem serem surpreendidos, uma demanda antiga dos usuários.
A plataforma também está oferecendo descontos para estadias mais longas. E fornece ferramentas para que os anfitriões entendam e comparem suas estratégias de preços, algo que pode fazer a diferença entre conseguir um hóspede mais rapidamente ou ficar mais tempo com desocupação.
Do ponto de vista geográfico, a executiva global do Airbnb disse que a América Latina tem sido um motor de crescimento importante.
O aumento do número de anfitriões, das reservas e da demanda durante o primeiro trimestre de 2023 indicam a resiliência da região para o público que viaja, de acordo com Powell. O mais recente resultado trimestral da empresa de São Francisco mostrou que a oferta de acomodações cresceu 18% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Esse crescimento foi observado em todas as regiões e mercados, com a América Latina e a América do Norte apresentando a expansão mais rápida. Segundo o Airbnb, tanto as propriedades urbanas quanto não urbanas registraram um aumento de 18% em relação ao ano anterior.
O desempenho da América Latina foi destacado pelo aumento de 22% em noites e experiências reservadas na base anual. Certos países da região, como México e Brasil, exibiram resiliência e contribuíram significativamente para a tendência geral positiva.
A executiva destacou o crescimento que a empresa experimentou nesses dois países no último ano.
“Temos um crescimento saudável no número de visitantes para a região”, disse Powell. Ainda mais relevante é a comparação com o período pré-pandêmico no primeiro trimestre de 2019. A América Latina superou outras regiões e se estabeleceu como a área de crescimento mais rápido para o Airbnb, com um aumento de mais que o dobro nas reservas desde então.
A plataforma de estadias também registrou um aumento geral na oferta em todas as regiões durante os primeiros três meses de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022.
No ano passado, os hóspedes que usaram a plataforma gastaram US$ 5,2 bilhões no Brasil em despesas diretas de turismo, além dos pagamento na plataforma, segundo um estudo de impacto econômico da Oxford a pedido do Airbnb. No Rio de Janeiro, os hóspedes contribuíram com US$ 1,3 bilhão para a economia local e apoiaram a criação de 10.000 empregos, segundo o estudo.
Para cada US$ 10 gastos em acomodação, os hóspedes gastaram US$ 50 adicionais em atividades relacionadas ao turismo nas comunidades locais, incluindo refeições, transporte, cafés, restaurantes e entretenimento.
Embora os números absolutos de receita da plataforma para a região não tenham sido divulgados, Powell afirmou que em 2022 o Airbnb registrou crescimento tanto nesse indicador como nas chegadas de hóspedes, com um aumento de 30% nos gastos em comparação com 2021.
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