A estratégia do Google para crescer o mercado de IA e os casos de uso em LatAm

Em entrevista à Bloomberg Línea, o presidente do Google Cloud para a região, Eduardo López, contou que a big tech tem ampliado as parcerias com clientes de áreas tão distintas como saúde e mídia

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Bloomberg Línea — À medida que a Inteligência Artificial (IA) generativa se torna cada vez mais fundamental na transformação digital das empresas, em setores que vão do varejo à saúde, o Google Cloud tem intensificado seus esforços na América Latina para crescer o mercado, com a expansão de sua infraestrutura e novas parcerias.

“Nós preparamos a equipe da América Latina para que, junto com os clientes, possamos encontrar diferentes casos de uso de IA generativa para cada indústria”, disse Eduardo López, presidente do Google Cloud para a América Latina, em entrevista recente à Bloomberg Línea.

Segundo o executivo, a big tech tem feito a capacitação de clientes em um número amplo de setores, do setor de mídia e entretenimento ao transporte aéreo, para maximizar os benefícios da tecnologia para além do Gemini, a sua ferramenta de IA generativa. “Temos, por exemplo, trabalhado com a Globo e encontrado soluções que não eram óbvias, como o seu uso para a busca de imagens”, disse o executivo.

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Das empresas da América Latina que já recorrem à tecnologia da IA generativa, quase dois terços, ou 63%, o fazem com foco no desenvolvimento de novos produtos, apontou um estudo global recém-divulgado conduzido pelo Google Cloud e pelo National Research Group com mais de 2.500 líderes de empresas.

Segundo o estudo, duas em cada cinco empresas da região disseram esperar obter retorno sobre investimento (ROI) a partir de 2025 com uso de IA generativa nessa área de novos produtos.

De acordo com López, o crescimento exponencial da demanda por IA generativa reflete uma mudança significativa nas estratégias empresariais da região.

“No ano passado, a IA generativa foi preparação, com as empresas fazendo testes. Em 2024, as empresas começaram a usá-la para resolver problemas de negócios”, disse.

“Aqueles que estão mais avançados com o uso de IA generativa são os que têm mais contato com os clientes [...] Não estamos apenas oferecendo tecnologia; estamos colaborando com nossos clientes para criar soluções personalizadas que resolvam seus desafios específicos”, disse.

Os clientes no Brasil utilizam os serviços do Google Cloud (GOOG) de diversas formas, segundo ele.

No setor financeiro, bancos como Bradesco (BBDC4) e BV empregam inteligência artificial para detectar atividades suspeitas e gerir as finanças, enquanto empresas de bens de consumo e varejo, como Boticário e Casas Bahia (BHIA3), respectivamente, utilizam IA para prevenir fraudes e melhorar a experiência do cliente.

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Na área da saúde, de empresas que estão entre as maiores do setor, como a Dasa (DASA3), até startups, como a Sami, implementam a IA generativa para personalizar atendimentos e agilizar processos.

No setor de mobilidade, empresas como Movida (MOVI3) e Latam migram suas infraestruturas para a nuvem do Google Cloud.

Em mídia e entretenimento, além do caso acima citado da Globo, empresas nativas digitais como Trakto e JusBrasil aproveitam a tecnologia para automatizar e escalar suas operações.

Em outro exemplo, no setor público, o Google Cloud tem auxiliado governos e instituições na gestão de dados e na eficiência operacional em áreas como educação e meio ambiente.

Parcerias estratégicas e investimentos

A demanda crescente levou o Google Cloud a reforçar sua infraestrutura na América Latina, o que inclui a expansão de suas regiões de cloud em São Paulo e Santiago, no Chile, além da construção de uma nova região de nuvem no México, prevista ser entregue até o fim deste ano.

Além das parcerias com empresas locais, o Google também firmou um acordo estratégico com a Samsung para integrar a IA generativa aos novos modelos de smartphones da linha Galaxy S24. “Essa parceria é uma maneira de levar nossa arquitetura de IA diretamente ao consumidor final”, disse.

Apesar dos avanços, López reconhece que a adoção da IA generativa na América Latina ainda enfrenta desafios, especialmente relacionados à formação de talentos e ao desenvolvimento de casos de uso específicos. Diante desse quadro, López disse que o Google Cloud lançou iniciativas de treinamento em colaboração com universidades, capacitando mais de 45.000 profissionais no Brasil desde o ano passado.

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Desde 2017, o Google investiu R$ 1,6 bilhão em infraestrutura técnica no Brasil, o que envolve a região de cloud de São Paulo, inaugurada no mesmo ano, e os cabos submarinos com passagens pelo Brasil: Júnior, Tannat e Monet.

“Falar de IA é falar de processamento de dados, informação. Se a plataforma de nuvem não tivesse evoluído nos últimos anos para ser mais forte em processamento, seria muito difícil.”

Segundo López, a rede interconectada do Google Cloud ajuda a reduzir a latência entre as geografias. “Temos uma solução para áreas remotas, em que é colocada parte da nuvem e do processamento no cliente, para que não haja problema de latência. E esse equipamento está conectado em nossa rede”, disse.

No segundo trimestre de 2024, a receita trimestral do Google Cloud ultrapassou a marca de US$ 10 bilhões pela primeira vez, além de ter ultrapassado a marca de US$ 1 bilhão em lucro operacional trimestral. Em comparação, um ano antes, no segundo trimestre de 2023, a receita global do Google Cloud havia sido de US$ 8 bilhões, com um lucro operacional de US$ 395 milhões globalmente.

“Nós estamos investindo como companhia com muito dinheiro em IA há sete, oito anos. Nós temos IA dentro dos produtos. Se eu tenho banco de dados e tenho inteligência dentro dessas ferramentas, o cliente vai ser mais produtivo”, complementou.

“Vemos a IA como parte integrante dos nossos produtos, não somente o Gemini. E está claro que o mercado vai ser assim. Vai sair uma coisa nossa, uma da concorrência, uma nossa, uma da concorrência. Nos resultados globais, o nível de crescimento do negócio Cloud é de 29%”, disse López.

Atualmente, segundo o executivo, são clientes do Google Cloud mais de 60% das mil maiores empresas do mundo, e cerca de 90% dos unicórnios de IA generativa - startups com valuation igual ou acima de US$ 1 bilhão.

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