Bloomberg Línea — Pouco menos de um ano após ser incorporada pelo iFood, a Zoop anuncia um novo CEO. O escolhido foi Cesario Martins, um dos fundadores da ClickBus, plataforma de venda de passagens rodoviárias, e da Loopi, uma fintech de securitização e tokenização para antecipação de crédito.
O executivo substitui Fabiano Cruz, co-fundador que liderou a operação desde o começo em 2013. A incorporação da startup teve início em 2018, em uma movimentação liderada pela Prosus, controladora do iFood. No momento do anúncio do capítulo final, o iFood já detinha mais de 80% da empresa.
Cruz deixa o negócio após o período de earn-out. Procurado pela Bloomberg Línea, ele não retornou os contatos.
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A Zoop é uma Instituição de Pagamentos (IP) dentro da regulação do Banco Central e opera no segmento de Fintech as service: oferece uma plataforma white label para que empresas como bancos e fintechs e também não financeiras, como varejistas e marketplaces, possam contar com seus braços financeiros, com a oferta de produtos como cartões, contas digitais e serviços de pagamentos.
O modelo fortalece o relacionamento das marcas com os clientes e agrega novas fontes de receita. Todo o processo burocrático de buscar eventuais licenças do Banco Central fica com a Zoop.
A startup conta com mais de 500 clientes (pessoa jurídica), com perfil que parte de um faturamento mínimo mensal de R$ 3 milhões. Cem companhias entram no rol de grandes contas, como Nubank, OLX, Itaú, Olist e Infracommerce, responsáveis pelas maiores movimentações: 90% da receita tem origem nesse grupo.
“Nós queremos criar um lugar único para empresas consumirem serviços financeiros as a service, sejam pagamentos, banking ou crédito. Essa é a nossa visão e aonde queremos chegar”, disse o novo CEO, que está na empresa há pouco mais de dois meses, em entrevista à Bloomberg Línea.
Ele responderá diretamente a Thomas Barth, VP de pagamentos do iFood.

Colocar essa estratégia em prática depende de quão bem-sucedido Martins será em desassociar a marca Zoop do iFood. Uma analogia usada pelo ex-CEO era que a Zoop funciona para o iFood como a AWS para a Amazon.
Rumo a R$ 1 bilhão
“Dentro de casa”, a startup oferece a infraestrutura para o banco digital iFood Pago, instituição que transacionou em pagamentos R$ 83 bilhões no ano passado, e com o iFood Benefícios, cartão multi-benefícios da plataforma de delivery.
“Uma grande parte do meu papel é capturar tudo o que temos construído dentro do grupo e externalizar para as empresas de fora. A nossa ideia é funcionar como uma máquina de inovação, focada nesse mercado de grandes empresas”, disse Martins.
A startup encerrará o ano fiscal neste fim de março com receita em torno de R$ 500 milhões, uma alta de 70% em relação aos números dos 12 meses anteriores. Para o próximo ano fiscal, a projeção de crescimento é ainda mais agressiva: dobrar a receita e superar R$ 1 bilhão.
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O ritmo acelerado, segundo o CEO, virá do foco da startup em projetos de tap-to-pay, que representa uma demanda crescente no mercado. A tecnologia dispensa a necessidade das maquininhas de cartões, ao permitir o uso de smartphones com NFC para a realização de pagamentos por aproximação.
“Nós temos já uma fila de clientes que implementam a solução e é um ‘estouro’. Temos grandes clientes como o Nubank, a Olist e o ‘Banco dos Restaurantes’ aqui em casa. E o resultado tem sido incrível para os nossos clientes”, afirmou Martins.
Um passo natural para startups que atuam no mercado da Zoop é a obtenção de licenças junto ao Banco Central. Como uma Instituição de Pagamentos (IP), a Zoop tem atuação limitada nos serviços que pode oferecer. Os próximos passos incluem obter autorizações como Sociedade de Crédito Direto (SCD), que permite ofertas de crédito diretamente aos usuários.
O conhecimento de Martins nesse universo, adquirido na Loopi, startup que permite compra e venda de criptomoedas com o uso do Pix, e a proximidade com o Banco Central devem contribuir para acelerar as novas movimentações.
Questionada pela Bloomberg Línea, a empresa não revelou se já iniciou esse processo.
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