Unicórnio Olist agora aposta em serviços financeiros para o e-commerce, diz CEO

Startup que ajuda empresas a comercializar produtos em marketplaces busca facilitar negócios para vendedores e gerar novas fontes de receitas, diz Tiago Dalvi à Bloomberg News

Região da Faria Lima, em São Paulo, setembro de 2022. Foto: Victor Moriyama/Bloomberg
Por Daniel Cancel - Giovanna Belotti Azevedo
29 de Maio, 2024 | 03:42 PM

Bloomberg — A Olist, startup brasileira que tem como modelo de negócios ajudar empresas a vender seus produtos em grandes plataformas online, decidiu expandir sua área de atuação para serviços financeiros para gerar mais eficiência para os clientes e, ao mesmo tempo, criar um novo fluxo de receita para o negócio.

A empresa, que foi avaliada em US$ 1,5 bilhão em uma rodada de financiamento em 2021 e conta com investidores como Goldman Sachs (GS), SoftBank e Wellington Management, espera processar quase 15% de suas transações anuais por meio de seu serviço financeiro próprio até o final do ano, disse o fundador e CEO Tiago Dalvi, de 38 anos, em entrevista à Bloomberg News.

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“A maior dor para nossos clientes é vender. A segunda maior dor é acesso a serviços financeiros”, disse Dalvi. “Se ele [o cliente] não tem acesso a serviços financeiros, ele não consegue crescer o negócio. Varejo e banco não se falam. É uma coisa totalmente desconectada.”

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Os cerca de 40.000 clientes da Olist são, em sua maioria, empresas de pequeno e médio porte, com a maior parte das vendas ainda realizadas de forma convencional.

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Embora a pandemia tenha ajudado a desencadear um rápido crescimento do comércio eletrônico no Brasil, as transações online ainda representam cerca de 12% do total de vendas.

A Olist pretende processar pagamentos e faturas e está implementando o recurso conhecido como tap-to-pay, que permite o pagamento com celular por meio de aproximação.

O varejo brasileiro foi abalado pelas altas taxas de juros e pelo aumento da concorrência com sites asiáticos, levando muitas empresas grandes a reestruturações ou consolidação.

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O crédito também ficou apertado para todo o setor após o escândalo contábil da Americanas (AMER3) no começo de 2023. Dalvi disse que a Olist poderá eventualmente oferecer crédito à medida que expande seus serviços, mas não há planos imediatos para fazer isso.

Com sede em Curitiba, a Olist processou R$ 30 bilhões de transações em 2023 e espera processar internamente cerca de R$ 4 bilhões dos pagamentos até o fim de 2024. No fim do ano passado, a empresa lançou serviços financeiros para alguns clientes, e cerca de 1.000 deles já utilizam essa opção.

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Depois de um 2021 bastante movimentado para o segmento de capital de risco, com juros perto de mínimas históricas, 2022 foi um ano difícil para muitas startups, incluindo a Olist. A empresa cortou pessoal e procurou buscar eficiências antes do planejado.

A Olist pode atingir o breakeven ainda neste ano e está “casando” investimentos com crescimento para garantir que não saia dos trilhos, disse Dalvi. A empresa ainda tem em mãos metade dos recursos que captou na última rodada de financiamento, disse ele.

Os investidores que apoiam a Olist também incluem o family office do falecido empresário Abilio Diniz e a Valor Capital,o que dá à startup opções futuras para levantar mais fundos, incluindo uma eventual abertura de capital. O investimento do Goldman foi feito por meio da divisão de gestão de recursos do banco.

“O nosso norte é ter personalidade e ser uma empresa tão saudável que podemos escolher ser financiados de forma privada ou ser financiado com IPO”, disse Dalvi. “Capital não é o que constrange hoje.”

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