Bloomberg Línea — A Swile, startup de benefícios corporativos flexíveis fundada na França e presente no Brasil, acelera a consolidação dos resultados da fusão com a Bimpli, do grupo financeiro BPCE. O acordo, selado há dois anos, trouxe mais fôlego financeiro à startup e isso significa dispor de mais recursos para a competição no mercado brasileiro. Na transação, o BPCE ficou com 22% da Swile.
“Nós já migramos quase 70% das operações da Bimpli para a Swile. Ainda tem um pedaço de transação no papel, mas isso não dura mais do que o ano de 2025″, afirmou Júlio Brito, general manager da Swile no Brasil, em entrevista à Bloomberg Línea.
A integração com a Bimpli contribuiu para acelerar o crescimento da estrutura e os números da Swile, que chegou ao breakeven na operação completa nos últimos meses do ano passado.
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“Criamos um grupo equilibrado que aproveita os pontos fortes complementares de cada organização. Por exemplo, a Swile historicamente teve uma forte presença entre pequenas empresas, enquanto a Bimpli possui um portfólio de grandes contas e organizações do setor público”, disse Loic Soubeyrand, CEO e fundador da Swile, na mesma entrevista.
O faturamento cresceu em torno de 20% no ano passado, para 163 milhões de euros. Em 2024, a startup tem perseguido um ritmo ainda mais acelerado de expansão, que chegou a 25% nos seis primeiros meses. Fechou o semestre com 99 milhões de euros, contra 79 milhões no mesmo período de 2023.
São mais de 85.000 empresas como clientes e 5,5 milhões de trabalhadores atendidos.
“Os resultados positivos são provenientes de uma combinação de crescimento e rentabilidade. Em um intervalo de apenas 18 meses, a Swile conseguiu alcançar um Ebitda de mais de 23 milhões de euros no primeiro semestre de 2024, o que representou um delta de 84 milhões de euros em comparação com o Ebitda negativo de 61 milhões de euros em 2022″, afirmou Soubeyrand.
No Brasil, a Swile faz parte de um movimento mais recente de aumento de concorrência e de novos modelos no setor de benefícios, do qual também participam startups como a Flash e a Caju e unicórnios originalmente de outros segmentos, como o iFood. São em geral empresas nativas digitais que introduzem opções adicionais flexíveis como auxílio saúde, mobilidade, combustível, educação e home office.
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A liderança do mercado nacional continua nas mãos de gigantes como as francesas Sodexo e Ticket Edenred e das brasileiras VR e Alelo, concentradas nos benefícios tradicionais como refeição e alimentação.
A Swile integrada com a Bimpli atende clientes de empresas de todos os portes. Entre as mais conhecidas estão o Carrefour, o Paris Saint-Germain e o Spotify.
Fundada na França em 2017, a startup entrou no mercado brasileiro no fim de 2021. O país é considerado o maior do mundo em termos de benefícios, previsto em lei por meio do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), que movimenta em torno de R$ 150 bilhões por ano, seguido pela França.
Antecipando o breakeven
Não à toa, os dois países são os únicos em que a Swile opera até hoje. Na França, com a fusão com a Bimpli, a startup chegou a cerca de 35% de participação de mercado, de acordo com números internos. No Brasil, sob essa e outras métricas, no entanto, ainda há uma estrada longa a percorrer.
A próxima meta é bater a marca de 1 milhão de usuários - atualmente, são 700 mil. O número atual ilustra, por outro lado, a velocidade com que o negócio cresceu no país. A empresa francesa começou a operar após uma fusão com a Vee em 2021, à época com cerca de 90.000 usuários.
Segundo o general manager para o país, alcançar esse objetivo será importante para antecipar o breakeven da unidade brasileira até o fim de 2025. O prazo inicialmente acordado com o conselho de administração era para que isso acontecesse nos últimos meses de 2026.
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“Nós vamos ultrapassar a barreira de 1 milhão tranquilamente e, além disso, focar muito mais no nosso crescimento aqui. A estratégia é a ampliação do leque de produtos e serviços para que possamos crescer e ter o melhor posicionamento como empresa”, afirmou Brito.
O próximo produto na fila, atualmente em fase de testes, é o Swile Travel, que oferece a empresas a possibilidade de compra de passagens aéreas e hospedagens para os funcionários. A modalidade é empregada na França e foi viabilizada a partir da aquisição da plataforma Okarito em 2022.
A previsão é que o serviço comece a ser disponibilizado no Brasil no primeiro semestre de 2025. Em um segundo momento, outras funcionalidades devem ser incorporadas para facilitar a gestão de gastos corporativos. “Nós queremos abranger tudo que envolva o mundo do trabalho”, disse Brito.
De acordo com o executivo, no entanto, serviços como maquininha de pagamento, tag de pedágios e gestão de mobilidade, em que concorrentes tradicionais já atuam, não estão no radar da startup.
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