Bloomberg Linea — A uruguaia Strike está desembarcando no Brasil após um aporte Série A de US$ 13,5 milhões, o equivalente a R$ 78,20 milhões na cotação atual. Em operação desde 2022, a startup atua no mercado de cibersegurança com um time de hackers “éticos”, aqueles que atuam para encontrar vulnerabilidades em sistemas de grandes empresas.
A rodada foi liderada pelo FinTech Collective, venture capital conhecido por investir em startups de cibersegurança e fintechs, e teve a participação do Galícia Ventures, Greyhound Capital, FJ Labs e Canary.
A Strike está presente em mais de dez países, em regiões como América Latina, Europa e Ásia e Oceania. Com mais de 100 clientes, incluindo nomes como Santander, Mercado Livre, OLX e Delivery Hero, a startup tem a demanda concentrada em instituições financeiras, que representam 70% da carteira.
Desde a fundação, a Strike diz ter crescido a um ritmo de três vezes a cada ano, velocidade que pretende manter ainda em 2025 e 2026. “Crescer duas vezes já seria incrível. Mas pelo menos este ano e no próximo, ainda estamos mantendo esse ritmo mais acelerado”, afirma Santiago Rosenblatt, CEO e fundador da Strike.
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O jovem empreendedor de 28 anos se interessou pelo mundo da tecnologia ainda criança, desmontando equipamentos em casa. Quando ganhou um computador da mãe, uma especialista em cibersegurança, descobriu um novo mundo.
Logo estava quebrando protocolos para ter acesso a games ou hackeando sistemas como de marketplaces para comprar produtos por preços mais baratos.
“Foi nesse momento que tive um clique e percebi que era melhor ajudar as empresas a se defenderem. Fiz a transição para defender algumas empresas na América Latina e na Europa”, disse ele, sobre a mudança ainda na adolescência.
A boa aceitação da startup, de acordo com o CEO, está na agilidade do serviço, que permite aos clientes iniciarem os testes de vulnerabilidade em duas horas, fazer monitoramento em tempo real e gerar relatórios de conformidade.
“O que me fez criar a Strike foi perceber que as empresas estavam gastando milhões de dólares em segurança cibernética, e, mesmo assim, os hackers continuavam explorando as suas vulnerabilidades”, diz. “O modelo era falho, extremamente lento, muito caro e baseado em uma comunicação ineficaz.”
A startup foca nos chamados pentesting, com simulações de ataques por hackers éticos. Com novos lançamentos, como a Strike360, que usa IA para automatizar os processos, o fundador pretende fortalecer a agilidade.
“É um produto que combina IA e os nossos dados para começar a imitar como os especialistas em segurança trabalham, em tempo real, para encontrar essas vulnerabilidades críticas. Ele não se baseia em pegadas digitais, impressões digitais ou padrões típicos conhecidos. Em vez disso, vai entender o contexto e identificar onde pode chegar para encontrar as vulnerabilidades”, diz.
O Brasil na jornada de expansão da startup
A entrada no mercado brasileiro é um passo na estratégia de expansão da startup, que ganhou força no ano passado com a chegada aos Estados Unidos.
“Nós queríamos ter certeza, primeiro, que teríamos um produto adequado para o mercado, uma fórmula que pudesse escalar e que o produto fosse excelente”, afirma Rosenblatt.
De acordo com o empreendedor, cerca de 50% da demanda da América Latina deve ser originada no Brasil.
Para a entrada no País, a Strike estabeleceu um escritório em São Paulo, e conduziu um dos seus primeiros funcionários para liderar a operação, o argentino Tomás Degregori. O espaço foi aberto há pouco mais de um mês e a startup está no período de contratação de profissionais.
Do valor levantado, a estimativa inicial é de que a unidade brasileira ficará com cerca de US$ 2 milhões (cerca de R$ 11,5 milhões).
“Fizemos uma POC (Prova de Conceito) com um cliente enorme que iniciamos há um mês. Finalizamos e foi extremamente bem-sucedido, encontramos muitas ideias de alto impacto e eles querem seguir adiante. Se percebermos que esse é o caso, é claro que vamos continuar investindo mais”, diz o CEO.
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