Bloomberg Línea — O executivo argentino Julian Colombo trabalhou por duas décadas no Santander, período em ocupou posições de liderança em diferentes países da América Latina e na matriz, na Espanha. Foi responsável por áreas diversas, de produtos ao atendimento de clientes corporativos e CRM e BI.
Com a experiência, ele deixou a instituição em 2017, mesmo ano em que criou a N5, startup especializada em conectar as pontas entre as várias áreas das instituições financeiras.
O serviço da N5 funciona hoje com um conjunto de 34 funcionalidades para ajudar na digitalização dos processos. Os módulos se dividem em cinco famílias de negócios: clientes e prospects, funcionários, canais de comunicação, produtos (reclamações e processos) e gestão de dados.
A fintech acaba de anunciar a extensão da rodada Série A vem para potencializar seu novo momento e para acelerar a entrega de modelos de IA. Somadas, a Série A anunciada em setembro de 2023 e extensão agora somam US$ 20 milhões. Os novos investidores são a Alexia Ventures, fundo brasileiro com foco em inteligência artificial, e a Scale-Up Ventures, venture capital da Endeavor.
A depender da demanda do cliente, a startup pluga o serviço, como CRMs, BPMs (Gerenciamento de Processos de Negócio), incentivos e omnichannel. Entre os clientes estão nomes como o próprio Santander, Mastercard, Itaú, C6Bank, o Interbank, do Peru, e o BCP, de Portugal.
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Em 2024, a operação chegou a 18 países, como Peru, Chile, México e República Dominicana.
“A receita recorrente com esses produtos que estão inseridos na nossa plataforma cresceu 221% em 2024″, afirmou Colombo. “Neste ano, nós devemos dobrar a receita e o número de clientes, além de estabelecer contratos de longo prazo a partir dos nossos parceiros.” A startup não abre os valores.
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Outros investidores no cap table incluem a Illuminate Financial, gestora de VC que tem como Limited Partners (investidores) instituições como J.P. Morgan e Citi; a Exor Ventures, braço de investimento de risco da Exor, sociedade gestora de participações controlada pela família Agnelli e acionista de Ferrari e Stellantis; Madrone Capital Partners, da família Walton, do Walmart; e Overboost, uma empresa de venture builder.
Completam a lista ainda a LTS Investments, holding de investimentos das famílias de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira; e a Arpex Capital, empresa de investimentos de André Street e Eduardo Pontes, co-fundadores da Stone (STNE).
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Aposta em agentes de IA
No ano passado, a N5 fez uma virada de chave e investiu na construção de parcerias como um caminho para crescer em receita e manter o foco na plataforma proprietária. Fechou acordos com nomes como Capgemini, positiveIT, AWS, EY e Mambu, que passam a ofertar os serviços e cuidar das integrações com os novos clientes.
“Grande parte do investimento também vai na direção de dar mais ênfase a esse universo”, disse Colombo, referindo-se ao treinamento dos times dos novos parceiros, eventos e estratégias de marketing. Um “braço” do negócio em que a N5 prestava consultoria para potenciais clientes também está sendo deslocado para esses parceiros.
Dentro de casa, o que brilha os olhos do empreendedor argentino são os agentes de IA que a N5 tem colocado em operação desde o ano passado.
A startup lançou o Alfred, espécie de mordomo que roda internamente em cada cliente e que captura e estrutura as informações que circulam pelos bancos para facilitar o acesso a dados, leitura de e-mails e o acompanhamento da jornada dos clientes.
“É o primeiro produto que nós fazemos que não é exclusivo da indústria financeira. Têm chegado clientes de setores como varejo e saúde”, contou o CEO.
O segundo é o Pep, que funciona como um técnico, replicando o comportamento de profissionais que são tidos como o melhor 1% em suas áreas e que pode auxiliar em processos diversos (uma referência ao espanhol Pep Guardiola, considerado um dos melhores técnicos de futebol do mundo).
“O Pep é a IA que sabe copiar o melhor 1%, com conhecimento sobre vendas, cobranças etc. E o Alfred pode fazer 50 emails em um segundo, por exemplo. Combinando os dois, por que as empresas precisarão de um humano no meio? Não precisam. O humano pode ser elevado à posição de comandante da inteligência artificial”, afirma Colombo.
O resultado da fusão entre os dois agentes deve ser visto quando a N5 lançar a Singular, agente prevista ainda para este ano.
De acordo com o argentino, os agentes vão ajudar a N5 a se posicionar como uma das empresas “vencedoras” na corrida por inovação e inteligência artificial. Em um duelo de bilhões de dólares de investimentos em hardware e outros tantos para treinamento de algoritmos, a startup mira um terceiro elemento fundamental para decidir que sobreviverá ou não.
“A terceira forma de vencer nesta corrida e que nós temos - e é o mais difícil de ter - são dados confidenciais. Eles nunca saem do banco. E o que nós fazemos? Pegamos a nossa máquina, colocamos dentro do cliente, que processa e toma as decisões. Esse é o nosso diferencial”, disse Colombo.
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