Bloomberg Línea — Meditação, terapia holística e leituras de tarô e mapa astral com uso de Inteligência Artificial (IA): é esse o modelo da startup AuraPura, que levantou R$ 3 milhões em uma rodada pré-Seed.
Lançada em maio pelas empreendedoras chinesas Estrella Ouyang e e Marta Cheng, a companhia diz que pretende conciliar uma abordagem holística de tratamento - física, mental, espiritual e emocional - com tecnologia e se tornar a “maior comunidade de mindfulness no Brasil” em um período de cinco anos.
“Vejo muitos aplicativos disponíveis por aqui, mas eles não são construídos para o Brasil. Todos eles vêm de fora. Estamos aqui para começar do zero, focados no mercado brasileiro”, disse Estrella Ouyang, que anteriormente trabalhou na Microsoft e no Alibaba.
Segundo as cofundadoras, os recursos do aporte serão utilizados para expandir a equipe, “otimizar a experiência dos usuários [UX] e impulsionar o crescimento da plataforma”. Desde maio, são mais de 100 mil usuários registrados.
A aposta em um app focado em terapia holística vem em um momento em que o mercado de aplicativos de saúde mental acelera o crescimento.
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O tamanho desse mercado no mundo foi estimado em US$ 6,10 bilhões em 2023, com expectativas de atingir US$ 22,3 bilhões até 2032, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 15,5% de 2024 a 2032, segundo cálculos da SNS Insider, uma empresa de pesquisa de mercado.
Marta Cheng, a outra cofundadora da AuraPura, mora no país há seis anos e passou por empresas como o TikTok antes de fundar a startup - em que disse ter se dado conta do potencial de crescimento tecnológico do país. Além disso, a empresa surgiu de uma reflexão feita na época da pandemia de covid.
“Durante a pandemia, tive um burnout, e o mundo passava por dificuldades. Alguns amigos tiveram problemas sérios, como depressão e ansiedade, e eu comecei a estudar psicologia”, contou Cheng.
“Primeiro, fiz terapia e percebi que algo muito sério estava acontecendo na sociedade. Ansiedade e depressão se tornaram comuns. E eu queria ajudar as pessoas. Pensei que poderia usar essas informações básicas com Inteligência Artificial, de forma acessível, para esse objetivo.”
Para capturar o potencial que enxergam do mercado, Ouyang e Cheng têm como público-alvo millennials focados em mindfulness, membros da Geração Z que buscam práticas de bem-estar e outras pessoas que buscam conteúdos de espiritualidade e autocuidado.
“O Brasil é o terceiro país no mundo com os maiores níveis de ansiedade e estresse. Mas é difícil para quem busca serviços de bem-estar encontrar profissionais confiáveis”, disse Ouyang.
A IA usada pela startup pode, por exemplo, realizar leituras de tarô. O usuário faz perguntas e a tecnologia seleciona e interpreta as cartas do baralho digital.
A plataforma também possui um marketplace que conecta profissionais holísticos independentes a usuários finais interessados em terapias alternativas.
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“A maioria desses profissionais são empreendedores individuais que não possuem as habilidades de marketing necessárias para promover e escalar seus serviços”, disse Cheng. Com a AuraPura, todo o processo - da contratação até o pagamento e a avaliação pós-serviço - acontece dentro do aplicativo.
Embora a AuraPura mal tenha começado no Brasil, as fundadoras já planejam a expansão para outros países da América Latina, com o lançamento de uma versão do aplicativo em espanhol.
Para aumentar sua base de usuários, a startup já acertou parcerias estratégicas com veículos especializados como Astral TV, Vibe Mundial e Paranormal Plus.
As empreendedoras também pretendem ampliar o marketplace para oferecer produtos de bem-estar, como velas aromáticas, óleos essenciais e baralhos de tarô.
“Queremos mostrar que há outras possibilidades além do capitalismo”, afirmou Cheng.
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