Startup de consórcio Klubi fecha Série A de R$ 45 mi com aportes de CVC de B3 e Vivo

Fintech prepara a entrada em consórcios de imóveis e avanço em parcerias com grandes empresas, como Magalu, Itaú Carros e Pic Pay, diz o fundador e CEO, Eduardo Rocha, à Bloomberg Línea

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Bloomberg Línea — Fundado como uma alternativa ao modelo tradicional de consórcios, o Klubi fechou uma rodada Série A de R$ 45 milhões. O investimento anunciado nesta terça-feira (3) é liderado tanto pela L4 Venture Builder, CVC (Corporate Venture Capital) independente criado pela B3, como pelo Vivo Ventures, CVC da Vivo para startups em estágios de crescimento. O Vivo Ventures já estava no captable da startup.

O Klubi opera com a proposta de um novo modelo de consórcio que dispensa a tradicional intermediação desse segmento de mercado, bem como a necessidade de corretores.

No início, a startup negociava consórcio de automóveis, estratégia que avançou este ano para smartphones e eletrônicos, viagens e motocicletas. O próximo item na lista são os imóveis, a partir do ano que vem.

A operação teve início em 2020, quando o Klubi recebeu autorização do Banco Central para operar como administradora de consórcios no país.

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A startup foi estruturada para dialogar com o consumidor final, no tradicional modelo B2C. O B2B2C, porém, agregou uma nova camada para o negócio, com a parceria com grandes empresas.

“A Kavak investia muito em marketing e gerava muito fluxo, mas, na hora do financiamento de automóveis, muitos desses leads [informações que podem gerar vendas] não vingavam porque não tinham crédito”, afirmou Eduardo Rocha, CEO e fundador do Klubi, sobre o começo do modelo.

“Nós montamos uma parceria com eles [a Kavak]. A empresa indicava esses potenciais clientes para o Klubi para que eles começassem a fazer o seu processo de acumulação e, em determinado momento, acessassem o crédito para comprar o veículo”, explicou à Bloomberg Línea.

Antes de empreender, Rocha atuou como CEO da Rodobens entre 2010 e 2018. A companhia conta com um portfólio de produtos financeiros como consórcio, seguros, crédito, leasing e locação.

Essa é a quarta rodada do Klubi, que iniciou a sua jornada e atraiu fundadores da 99 e do iFood como investidores-anjo em 2019.

Ainda em fase pré-operacional, a startup recebeu um Seed de R$ 32,5 milhões em 2021 liderado pela Igah Ventures, com a participação da Parallax Ventures e de sócios da Cyrela. No fim de 2022, adicionou mais R$ 30 milhões, em uma rodada bridge puxada pela Vivo Ventures.

Com os resultados na Kavak, novas empresas fecharam acordos com o Klubi, como 99, Localiza e Itaú Carros. O Klubi cuida da personalização da plataforma e do gerenciamento da carteira. “Toda a parte de tecnologia está conosco. ‘Plugamos os sistemas e eles têm um esforço próximo de zero”, disse Rocha.

No modelo, as comissões são negociadas de acordo com o volume e o resultado líquido da parceria. Segundo o CEO, em alguns casos, o parceiro pode receber 50% de participação. No faturamento da startup, nenhum parceiro gera mais de 20% do negócio, e cerca de 30% são oriundos do B2C.

“Por que é interessante para o parceiro? Ele se torna sócio na prática, ainda que não no papel, sem precisar de uma administradora de consórcio, sem ter que bater na porta do Banco Central, sem ter que quebrar a cabeça pra montar uma administradora de consórcio”, afirmou.

Novas verticais de negócio

Uma estratégia que deu certo foi a “Compra planejada”, estruturada com a Vivo inicialmente, mas disponível em empresas como Picpay, Magalu e a startup Allya. A iniciativa começou com consórcios para smartphones e avançou para games, viagens e motos.

Para fugir do modelo tradicional de consórcio, o formato não conta com lance nem sorteio. A estrutura financeira é montada para que o cliente possa sacar o recurso quando pagar metade do valor do produto. Os créditos oferecidos ficam entre R$ 1 mil e R$ 10 mil.

“Nós vamos fazer R$ 60 milhões com a originação de celular, o que dá R$ 720 milhões no anualizado. Ou seja, a Klubi gera praticamente duas vezes toda a indústria de consórcio nessa categoria de eletroeletrônicos, e isso ativando apenas um item dessa categoria”, afirmou Rocha.

A comparação é com os dados de consórcios do ano passado. Nos 12 meses de 2023, o setor de eletrônicos originou R$ 400 milhões. “O sonho de consumo é a maça, é o iPhone. É quase uma religião.”

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Os novos recursos da rodada Série A chegam para apoiar o crescimento da startup, com a entrada em consórcios de imóveis a partir de janeiro do ano que vem, ou seja, daqui a um mês.

Essa é uma das principais categoria do mercado de consórcios, atrás apenas de automóveis e motos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).

Em outra frente, o investimento também será usado para reforçar o pilar de parcerias. O Klubi negocia novos acordos com um pipeline de mais de 20 empresas. Com a expansão dos novos produtos, entre eletrônicos e serviços, a startup pretende ainda impulsionar um negócio de seguros.

“Nós temos uma corretora de seguros aqui que ainda não foi devidamente ativada. Uma vez que fazemos consórcio de A a Z, oferecer seguros de A a Z é uma demanda muito natural para nós”, afirmou Rocha.

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