Sindria, de Alexandre Dubugras, capta R$ 5 milhões para levar IA a vestibulandos

Startup contou com a participação de 80 investidores-anjo em rodada pré-Seed, incluindo executivos de Olist, Stark Bank, Conta Simples, Remessa Online, Pravaler e Passei Direto

Praça do relógio, no câmpus da USP em São Paulo: edtech conta com mais de 32.000 alunos ativos (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)
Por Marcos Bonfim
30 de Janeiro, 2025 | 11:00 AM

Bloomberg Línea — Uma nova startup pretende ajudar estudantes a entrar em universidades de ponta com o uso de inteligência artificial (IA) generativa e uma base de mais de 4.000 provas de vestibulares pelo país e também as do Enem.

Criada por Alexandre Dubugras, a Sindria acaba de captar R$ 5 milhões em uma rodada pré-seed com a participação de 80 investidores-anjo.

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O aporte contou com a participação de fundadores e executivos de startups como Olist, Stark Bank, Conta Simples, Remessa Online, Pravaler, Passei Direto, Educbank, Medway, além de Brex, unicórnio americano criado por Henrique Dubugras, irmão de Alexandre.

No mercado desde setembro, a edtech conta com mais de 32.000 alunos ativos, que usam a plataforma gratuitamente e têm acesso a perguntas e temas que caem com frequência nos exames. O objetivo é chegar ao fim do ano com mais de 250 mil estudantes na plataforma.

“Estamos 100% focados em criar a melhor experiência do usuário”, disse Alexandre Dubugras. “O que queremos fazer para o produto é o seguinte: o aluno tem que estudar, não tem que se planejar. Nós faremos todo o planejamento pra ele.”

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Marketplace da educação

O modelo da startup está baseado no ensino ativo, incentivando que os candidatos às vagas em universidades que pratiquem os exercícios e façam testes para validar os conhecimentos obtidos, identificando matérias com quais têm maior ou menor aptidão.

Com o uso de IA, a Sindria acompanha o desenvolvimento dos alunos, criando os planos de estudos e evitando que “pulem” aqueles conteúdos com os quais têm menor afinidade.

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Os usuários mais frequentes são candidatos a vagas em Medicina, curso conhecido pela alta concorrência. “É um aluno mais hardcore, que já aprendeu que tem que fazer mais questões. Parte do nosso trabalho é educar também o mercado para cada vez mais os alunos saberem qual é o jeito mais eficiente de estudar”, diz Dubugras.

Alexandre Dubugras, da Sindria: nós queremos ser cada vez mais o sistema operacional do aluno, em que ele é recompensado por estuda

O plano da startup é se transformar ao longo deste ano em um marketplace para estudantes, com novas funcionalidades para facilitar as rotinas.

A Sindria conta com assistente de IA para dúvidas, mas pretende avançar em modelos de gamificação, ao estilo do Duolingo, e na criação de comunidades, com mecânicas para integrar alunos muitas vezes imersos em longas rotinas de estudo.

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“Estamos vendo como estruturamos ferramentas para fazer com que a pessoa se mantenha motivada e veja o seu progresso. E perceba, também, que outras pessoas também passam por dificuldades”, afirma.

A última camada do marketplace é atrair parceiros que queiram se comunicar com os pré-universitários, oferecendo produtos e serviços com desconto.

A ideia é colocar na plataforma desde tênis e vestimentas a programas de mentorias com serviços de outras empresas, caso da Memmed e da Amentoria, duas em processo de integração.

“Com esse modelo, nós queremos ser cada vez mais o sistema operacional do aluno em que ele é recompensado por estudar”, afirma o CEO.

A entrada do aporte abre caminho para os novos movimentos da startup, além do treinamento da IA para aprimorar os recursos.

O novo negócio

Essa é a terceira empreitada de Dubugras no universo das startups, que iniciou a carreira profissional trabalhando no Ebanx.

Sua primeira startup foi a Smartlike, um bot de Instagram para arregimentar seguidores criado em 2018. O negócio chegou ao breakeven em cinco meses, mas acabou em 2019, após a plataforma da Meta mudar APIs e acabar com esse mercado.

No mesmo ano, Dubugras criou a Alude com o sócio Jota Junior, uma proptech que oferece tecnologias para imobiliárias. “Temos mais de 5 mil imobiliárias pagantes, que usam todos os meses. O negócio é lucrativo e fatura dezenas de milhões de reais”, afirma.

O empreendedor deixou o negócio sob o comando do sócio para criar a Sindria, nome que faz referência ao universo de Magi: The Labyrinth of Magic, uma série de mangá e anime criada por Shinobu Ohtaka. Sindria é um reino liderado por Sinbad, o “Rei dos Sete Mares”, personagem que lidera com sabedoria e força.

“Sinbad, basicamente, ficou triste com a corrupção dos governos e a dificuldade das mudanças. Ele foi lá e criou o seu próprio país, buscando um propósito maior. É uma analogia à reinvenção da educação que queremos trazer”, diz o CEO, também adorador da cultura Otaku.

A inspiração para a criação da nova startup parte de experiências ruins que Dubugras teve em escolas por onde passou. Ele conta que sempre teve facilidade para aprender, mas o modelo de sala de aula nunca o agradou. “Tinha dias que eu fazia 5 por 5. Em cinco aulas, eu ia cinco vezes para a diretoria”, conta.

Um provérbio japonês, cantado pelo avô, professor de português que migrou de Sergipe para São Paulo, sobre aprender brincando sempre o acompanhou: Aprenda uma lição por dia. Em um ano terá aprendido 365 lições. “Isso foi uma coisa que sempre me marcou e desde criança eu tinha esse objetivo de mudar a educação”, afirma.

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Marcos Bonfim

Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark