Bloomberg Línea — Na semana que passou, a startup argentina Nuqlea e a brasileira Cogtive receberam investimentos de venture capital, em meio a um cenário mais positivo para captações na América Latina em comparação ao fim do ano passado.
Em janeiro, foram realizadas 52 rodadas de investimento em startups na região, somando US$ 438 milhões, segundo relatório da plataforma de dados Sling Hub. Do total, 30 rodadas foram acertadas por startups do Brasil (US$ 305 milhões), um aumento de 321% no volume de investimento no país frente ao mês de dezembro e de 40% sobre janeiro do ano passado.
O Brasil representou 70% do volume de investimentos na América Latina e 58% do número de rodadas. Argentina e do Chile também foram os países que se destacaram, segundo o Sling Hub.
Para janeiro, o Sling Hub destacou o crescimento das captações de startups dos setores de telecom e healthtech, que dividem o pódio com as fintechs.
As startups de serviços financeiros, que costumam liderar os investimentos, viram o volume cair 48%, de US$ 272 milhões em janeiro de 2023 para US$ 124 milhões em 2024.
O mês passado também foi mais fraco em M&As (fusões e aquisições), com 11 aquisições e nenhuma fusão. Das 11, sete negócios foram exclusivamente entre startups.
A semana também foi marcada por uma operação de R$ 45 milhões de venda de uma fatia na G.A. Educação pelos empreendedores Marcus Marques, CEO da holding detentora do Grupo Acelerador, Aline Marques e Eugenio Pachelle, a um grupo composto por 30 empresários. O negócio aconteceu, portanto, no mercado secundário (veja mais abaixo).
Conheça mais das empresas que levantaram fundos nos últimos dias:
Cogtive
A brasileira Cogtive, startup de ferramentas para aumentar a produtividade na indústria, recebeu R$ 10 milhões (US$ 2 milhões) da Indicator Capital, gestora early stage de venture capital da América Latina especializada em Internet das Coisas (IoT).
Foi o nono aporte do fundo Indicator 2 IoT. A maior parte do investimento Seed irá para área de produto e expansão comercial, conforme comunicado pela empresa.
Fundada pelo CEO Reginaldo Ribeiro, a Cogtive diz que sua tecnologia maximiza a capacidade de gestão das equipes de produção e excelência operacional no setor de manufatura.
“Queremos ampliar ainda mais nossas fronteiras no exterior, principalmente no mercado latino-americano”, disse Ribeiro em comunicado à imprensa.
Nuqlea
A Nuqlea, uma plataforma argentina para negócios de construção, levantou uma extensão de US$ 750 mil em sua rodada inicial liderada pela Foundamental, fundo global de VC focado em construção. O dinheiro eleva o total arrecadado pela Nuqlea para US$ 4 milhões.
Os fundos serão usados para expandir as operações na Argentina, enquanto estabelece as bases para a expansão internacional. A Foundamental se junta aos investidores anteriores Newtopia VC, o ex-jogador da NBA Emanuel Ginobili, Matías Woloski, co-fundador da Auth0,
Fundada pelo CEO Gaston Remy, com Pablo Silveri (CFO) e Ines Cura (COO), a Nuqlea diz ter a missão de “tornar o setor fragmentado e linear da construção mais transparente, eficiente e circular”.
Antes da Nuqlea, Remy havia cofundado a empresa de petróleo e gás argentina Vista, levando-a a abrir capital na Bolsa de Valores de Nova York em 2019. Silveri é ex-diretor financeiro da empresa Dow, enquanto Cura trabalhou na IBM por quase 30 anos, tendo como último cargo o de COO para Argentina, Uruguai e Paraguai.
A plataforma une incorporadoras, entidades financeiras, empresas de logística e outros - e cada estágio de um projeto de construção pode ser gerenciado colaborativa e eficientemente por meio da plataforma Nuqlea Studio.
Com uso de inteligência artificial, a plataforma da Nuqlea analisa dados do projeto para prever as necessidades de materiais e correspondê-las a produtos e preços. A tese é que os construtores possam tomar decisões de compra mais informadas e adquirir materiais de comerciantes locais e que os fabricantes possam gerenciar melhor os níveis de estoque.
Lançada em 2021, a empresa diz ter 50 empresas e cooperativas de construção na plataforma, cresce 30% ao mês e transaciona mais de US$ 172 milhões.
Conheça mais da empresa que realizou uma venda no mercado secundário:
Um grupo de 30 empresários adquiriu uma fatia na holding G.A Educação, que estava nas mãos de Marcus Marques, Aline Marques e Eugenio Pachelle, pelo valor de R$ 45 milhões. Marcus e Aline são os fundadores e os principais acionistas da holding e seguem como sócios, assim como Pachelle.
Os novos sócios investidores são membros do Giants, empresa que pertence à holding e que oferece um programa de desenvolvimento empresarial individualizado. É um dos dois principais negócios da holding: o outro é o o Grupo Acelerador Educação, que oferece programas de capacitação para pequenas e médias empresas.
Segundo Marcus, trata-se de uma captação secundária de cash out, direcionada aos acionistas, e não ao caixa da empresa.
Em três anos, a G.A. Educação passou de um faturamento de R$ 4 milhões em 2020, o primeiro ano de operação, para R$ 126 milhões em 2023.
“A companhia é geradora de caixa e possui capital suficiente para expansão. Nosso faturamento cresceu 62% no último ano, com Ebitda de R$ 60 milhões - o maior do segmento. Agora, com novos sócios, estamos ainda mais firmes rumo ao nosso objetivo de impulsionar empresários e empresárias brasileiras e isso resultará na visão de alcançar R$ 1 bilhão de valuation”, afirma Marcus Marques, que é o CEO da holding.
Na rodada anterior, no início de 2022, o valuation da holding foi estimado em R$150 milhões.
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