Rodadas da semana: startups de saúde e de marketplace para comércio recebem aporte

Healthtech Mevo, de prescrições médicas digitais, e Cayena, que vende digitalmente alimentos e outros produtos para estabelecimentos como restaurantes, anunciaram rodadas Série B

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Bloomberg Línea — O perfil médio do capital de risco que investe em startups da América Latina tem uma participação maior de fundos da própria região, com aportes mais concentrados naquelas que estão em early stage e seed do que em late stage. Essas são duas conclusões da mais nova edição do Latin America Digital Transformation Report 2024, preparado pelo Atlantico, liderado por Julio Vasconcellos, e divulgado nesta semana.

As duas mudanças aconteceram a partir de 2022. No primeiro caso, da origem de fundos de venture capital que investem na região, a participação de fundos apenas com investidores da América Latina no número de deals na região passou da marca de 50%: foi de 54% no primeiro semestre de 2024, versus 12% em 2020 e 43% em 2021.

Os dados são da Lavca (Association for Private Capital Investment in Latin America).

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Fundos internacionais ou com composição mista de investidores responderam, portanto, por 46% dos aportes.

No segundo caso, dos estágios das startups da América Latina que recebem recursos de fundos de VC, mais de 50% passou a ser direcionado a aquelas em early stage - que consideram Séries A e B: foi assim para 56% dos casos no primeiro semestre de 2024.

Outros 27% dos deals na América Latina corresponderam a startups em late stage - Série C em diante -, e 17%, para aquelas que receberam seed. Proporções semelhantes foram vistas em 2022 e 2023.

Mas nem sempre foi assim: em 2021, por exemplo, aportes em startups em late stage corresponderam a 63% dos deals, versus 33% em early stage e apenas 4% em seed.

Nesta semana que passou, startups de diferentes setores receberam aportes milionários.

A healthtech Mevo captou R$ 110 milhões em uma rodada de investimentos Série B, liderada pelo venture capital Matrix. A Cayena, que funciona como uma espécie de atacado na forma de marketplace, recebeu US$ 55 milhões em rodada liderada pela Bicycle Capital, gestora de Marcelo Claure.

A encantech Rock, por sua vez, captou R$ 300 milhões do Fundo Hindiana.

Veja a seguir mais informações de startups que captaram nesta semana:

Mevo

A Mevo, healthtech especializada em prescrições médicas digitais, captou R$ 110 milhões em uma rodada de investimentos Série B.

O aporte teve como principal investidor o fundo de venture capital Matrix, com a participação da Jefferson River Capital, family office de Hamilton E. James, ex-presidente da gigante de private equity Blackstone e atual presidente do conselho da Costco, uma das maiores varejistas americanas.

“Esse investimento não é apenas um voto de confiança em nosso modelo de negócios mas também um passo crucial para acelerarmos a adoção da prescrição eletrônica no Brasil”, disse Pedro Dias, fundador e CEO da Mevo.

“Ainda existem muitas instituições de saúde e médicos que não têm acesso a essa tecnologia, e nosso objetivo é desenvolver a melhor solução do mercado para alcançá-los”, afirmou.

Os recursos serão investidos no avanço tecnológico e no desenvolvimento de novos produtos.

Cayena

A Cayena, que atua como um marketplace de alimentos e produtos diversos que vende para o varejo e o setor de serviços, recebeu um aporte de US$ 55 milhões em rodada Série B liderada pela Bicycle Capital.

Participaram também da rodada FEMSA Ventures, Picus Capital, Astella, Globo Ventures, Endeavor Catalyst, Canary, FJ Labs, Clocktower e Norte Ventures.

A empresa foi fundada por Raymond Shayo, Gabriel Sendacz e Pedro Carvalho e as vendas que passam pelo marketplace - uma espécie de GMV - crescem cinco vezes ano a ano desde 2021.

Atingiu a marca de R$ 1 bilhão em vendas anualmente e pretende usar o valor da captação para expandir a atuação geográfica para outros 500 municípios nos próximos dois anos.

Alguns dos grandes clientes da Cayena incluem Heineken, FEMSA, Accor, Coco Bambu, Outback Steakhouse e Fogo de Chão.

Rock

A Rock, startup que oferece soluções para o engajamento de clientes de empresas que atuam na América Latina, captou R$ 300 milhões do Fundo Hindiana. A empresa também adquiriu a Bnex, que oferece serviços de inteligência de dados e tecnologia para o varejo.

A startup planeja atingir uma receita de R$ 100 milhões neste ano e dobrar o valor em 2025. Integram a carteira da Rock empresas como Arezzo, JHSF, Itaú Shop, Assaí, Supermercados BH, Plurix, Pague Menos e Farmácias São João.

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