Bloomberg Línea — O ano de 2023 foi novamente desafiador para a indústria de capital de risco, como definiu Flavio Monteiro, managing partner do Kria, plataforma de investimento crowdfunding em startups. Mas, mesmo na última semana do ano, startups de biotecnologia voltadas para o agronegócio, como a Symbiomics e a InEdita Bio, receberam financiamento.
O mercado de bioinsumo deve atingir R$ 17 bilhões até 2030, segundo estimativas realizadas pela CropLife Brasil, em conjunto com a S&P Global.
“Foi um período bem desafiador para o venture capital, principalmente pelo cenário de alta de juros que vivemos no país, com investidores mais cautelosos e menos capital de risco disponível para as empresas. 2023 foi um ano de olhar para dentro”, disse Monteiro.
“Como todo ativo de risco, o VC [venture capital] está sujeito a oscilações e é sensível a fatores macroeconômicos, como taxa de juros, por exemplo. Após um período de muito aprendizado, podemos enxergar um Brasil bem mais preparado para essa modalidade de investimento nos próximos anos”, disse o investidor. Ele disse esperar um mercado mais maduro para 2024.
Conheça algumas empresas que levantaram fundos nos últimos dias:
Symbiomics
A Symbiomics, startup brasileira de biotecnologia para o agronegócio, anunciou nesta semana a chegada de um novo investidor em sua rodada de captação, iniciada neste ano: a The Yield Lab Latam, gestora de capital de risco de tecnologia AgriFood. A empresa não divulgou quanto foi captado.
A startup levantou financiamento de risco da Vesper Ventures em data não revelada. Anteriormente, a empresa captou R$ 10 milhões em financiamento inicial de Baraúna Investimentos, Ecoa Capital e MOV Investimentos em 27 de janeiro de 2023, segundo dados do PitchBook.
“Nosso departamento de P&D trabalha com o que há de mais avançado no mercado em genômica, microbioma e análise de dados, desenvolvendo soluções em nutrição vegetal, biocontrole e bioestimulantes, usadas para aumentar a produtividade agrícola com menor impacto ambiental”, disse o COO e cofundador da Symbiomics, Jader Armanhi, em comunicado à imprensa.
Recentemente, a Symbiomics firmou uma parceria global de desenvolvimento de tecnologias para produtos biológicos com a multinacional Stoller do Brasil, empresa do grupo Corteva Agriscience.
A Symbiomics também faz parte do portfólio da Vesper Ventures, fundo de venture builder com foco em biotecnologia avançada em agricultura e saúde. O novo investimento será aplicado em pesquisa e desenvolvimento.
Os produtos desenvolvidos pela startup contêm microrganismos utilizados para múltiplas aplicações, como nutrição vegetal, biocontrole, sequestro de carbono e bioestimulante.
InEdita Bio
A InEdita Bio, startup de edição genômica de plantas, iniciou captação em rodada Seed. Segundo comunicado da empresa, parte significativa do capital necessário para alavancar seu programa de P&D (pesquisa e desenvolvimento) foi levantada com investimentos da Vesper Ventures e da Ecoa Capital, fundos de investimentos focados em negócios que gerem valor social, ambiental e econômico. A empresa não divulgou quando foi captado.
A startup levantou uma quantia não revelada de financiamento de risco da Ecoa Capital perto de agosto de 2023, segundo dados do PitchBook.
A startup tem laboratórios em Florianópolis que utilizam plataformas proprietárias para a edição genômica de milho, soja e outras culturas agrícolas. O objetivo é uma produção sustentável de alimentos, com redução do impacto socioeconômico e ambiental dos fertilizantes e pesticidas.
A empresa disse que, após os primeiros aportes, segue em negociações com fundos nacionais e internacionais interessados em suas tecnologias.
Fundada em 2022, a InEdita Bio conta com sete cientistas, com previsão de ampliação do quadro para um total de dez pesquisadores.
Leia também
Brasileira QI Tech levanta US$ 200 milhões em uma das maiores Série B da história
Esta startup brasileira fez do torcedor o seu negócio. E agora ‘desafia’ Real e Barça